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segunda-feira, fevereiro 21, 2022

Belarus anuncia que exercícios com a Rússia continuarão




A série de treinamentos concentrados na fronteira entre os dois países começou no dia 10 e terminaria neste domingo, 20 de fevereiro. Mas os presidentes de ambas as nações devem dar continuidade às operações.

Belarus anunciou neste domingo (20/02) a continuação dos treinamentos militares conjuntos com a Rússia que ocorrem na fronteira entre os dois países. Os exercícios, que começaram no dia 10 de fevereiro e deveriam terminar neste final de semana, devem prosseguir, segundo anunciou o ministro da Defesa de Belarus, Viktor Khrenin.

O motivo para a continuação das operações seria a escalada nas tensões e um possível conflito no leste da Ucrânia. Na última semana, Rússia e Belarus haviam se comprometido quanto à retirada de tropas russas, que retornariam para suas bases após o fim do período previsto, ou seja, neste domingo. Mas os líderes de ambos os países teriam decidido "continuar as inspeções de prontidão de combate das forças armadas".

"Em geral, o foco [dos exercícios] permanecerá inalterado. [Os exercícios ocorrem] para garantir uma resposta adequada e também à redução da escalada de preparativos militares mal-intencionados, próximos de nossas fronteiras comuns", declarou Khrenin.

Conforme estimativas dos Estados Unidos, a Rússia enviou cerca de 30 mil soldados para os exercícios em Belarus. O anúncio deste domingo e a acumulação de forças russas nas fronteiras com a Ucrânia - estima-se em torno de 150 mil soldados em diferentes regiões fronteiriças -, além da escalada de violência no leste ucraniano, aumentam a preocupação do Ocidente sobre um possível ataque russo à Ucrânia a qualquer momento.

Desde sexta-feira, separatistas pró-Rússia estão evacuando civis de ônibus rumo a Rostov, no sul do território russo. No sábado, líderes das autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, na Ucrânia, conclamaram alistamento militar de homens na região, o que indicaria uma preparação para um possível ataque.

Moscou nega que esteja preparando uma ofensiva contra a Ucrânia, argumentando que são os Estados Unidos e seus aliados ocidentais que têm escalado as tensões.

Tensão na fronteira leste da Ucrânia

Somente neste sábado (19/02), ocorreram cerca de duas mil violações ao cessar-fogo na região leste da Ucrânia, segundo observadores da Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).

Entre essas violações, um ataque de artilharia chegou perto do ministro de Assuntos Internos da Ucrânia, Denys Monastyrsky, e de autoridades militares ucranianas que faziam uma vistoria na linha de frente do conflito no leste do país. O grupo buscou refúgio em um abrigo antibomba e depois deixou a área.

O governo da Ucrânia informou que dois soldados foram mortos neste sábado por forças separatistas pró-Rússia - as primeiras mortes do tipo registradas em mais de um mês. Outros quatro militares ficaram feridos.

O Protocolo de Minsk, assinado em 2015, determina o cessar-fogo na região, mas os líderes separatistas de dois territórios no leste da Ucrânia, as autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, ordenaram uma mobilização militar neste sábado.

Em uma mensagem de vídeo, o líder da chamada República Popular de Donetsk, Denis Pushilin, disse que pediu "aos compatriotas que estão na reserva que venham aos comissariados militares. Hoje, assinei um decreto de mobilização geral".

Países pedem que cidadãos deixem a Ucrânia

Neste sábado, o Ministério do Exterior da Alemanha pediu que seus cidadãos deixem imediatamente a Ucrânia. O Ministério das Relações Exteriores da França também pediu aos cidadãos franceses que deixem a região. A companhia aérea Air France, por ora, manteve todos seus voos programados para o país.

A embaixada do Brasil na Ucrânia também divulgou um comunicado pedindo que os brasileiros saiam "sem demora" das províncias de Donetsk e Lugansk, e que todos os brasileiros no país fiquem atentos sobre o cancelamento de voos internacionais.

A Otan determinou que seus funcionários em Kiev se mudassem para o oeste da Ucrânia e Bruxelas. O chefe da aliança militar, Jens Stoltenberg, afirmou à emissora pública alemã ARD que todos os indícios sugerem que a Rússia "está planejando um amplo ataque contra a Ucrânia".

Em Munique, seguem as discussões

A Conferência de Segurança de Munique, ocorre anualmente na cidade alemã, os debates tem sido praticamente todos voltados para a questão da crise envolvendo Rússia, Ucrânia e Ocidente. Neste domingo, o presidente do Conselho da União Europeia, Charles Michel, reforçou que os europeus estão focados em apoiar cada vez mais a Ucrânia, reiterando que um pacote de 1,2 bilhões de euros ao país já foi definido.

Para Michel, a Rússia está cometendo um erro de cálculo se acredita que pode enfraquecer o Ocidente e a Ucrânia. Ele advertiu o país para "sanções massivas" em caso de invasão.

Josep Borrell, chefe das relações exteriores da UE, bem como a ministra da Defesa da Alemanha, Christine Lambrecht, e da França, Florence Parly, também enfatizaram a unidade do Ocidente em apoio à Ucrânia.

Lambrecht disse que, ao contrário da anexação russa da península da Crimeia, em 2014, americanos e europeus estão agora mais preparados para ajudar na defesa da Ucrânia.

Deutsche Welle

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