Publicado em 25 de setembro de 2021 por Tribuna da Internet
Bruno Boghossian
Folha
Os deputados que se elegeram de carona com Jair Bolsonaro brigaram com a cúpula do PSL há quase dois anos, mas foram forçados a ficar no partido para não correr o risco de perder o mandato. Agora, a fusão da sigla com o DEM, prevista para outubro, deve abrir uma janela para que eles sejam felizes em outra legenda. O problema é que boa parte dessa turma não sabe para onde ir.
Uma ala dos parlamentares negocia se filiar ao PP, que se tornou um representante institucional do bolsonarismo desde a eleição de Arthur Lira para a presidência da Câmara e a nomeação de Ciro Nogueira para a chefia da Casa Civil. Mas outro grupo faz conversas no varejo com partidos que flertam com o presidente, como PTB, PSC e PRTB.
JUNTO COM BOLSONARO – Esses deputados querem estar na mesma sigla de Bolsonaro na campanha de 2022 para tentar aproveitar a popularidade que ainda resta a ele e descolar alguns votos por tabela. A pouco mais de um ano das eleições, porém, o presidente ainda não tem uma legenda para a disputa.
Assim que saiu do PSL, no fim de 2019, Bolsonaro anunciou a criação de um partido de ultradireita para chamar de seu. Passados dois anos, ele não conseguiu nem 30% das assinaturas necessárias para tirar do papel a Aliança pelo Brasil.
O presidente ainda tentou convencer o nanico Patriota a ceder o controle do partido a seu clã. O senador Flávio Bolsonaro chegou a assinar sua ficha de filiação, mas a ala que defendia a entrada da família foi derrubada do comando da legenda.
PP ERA ALTERNATIVA – O PP já foi o destino quase certo de Bolsonaro. Havia resistências em alguns estados, mas Ciro Nogueira trabalhava para selar a filiação. A oposição interna ao plano cresceu com a insistência do presidente na agenda golpista e a percepção de integrantes da sigla de que as chances de reeleição diminuem com o tempo.
Um presidente com recall nas alturas e o controle da máquina pública não deveria sofrer para encontrar um partido político. A incerteza sugere que pouca gente confia em Bolsonaro e aposta fichas em sua vitória.