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sábado, setembro 25, 2021

Empresa da mulher 02 de Bolsonaro fez 1.185 saques bancários entre 2008 e 2014


Os planos da ex-mulher de Bolsonaro, que promete livro polêmico | VEJA

Ana Cristina fazia o mesmo trabalho de Fabricio Queiroz

Bernardo Mello e Thiago Prado
O Globo

Uma empresa aberta em 2007 por Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher do então deputado federal Jair Bolsonaro, registrou na conta bancária um total de 1.185 saques que somaram R$ 1,15 milhão em espécie. É o que atesta um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) em mãos do Ministério Público do Rio (MP-RJ), que investiga a prática de rachadinha no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro.

Os saques em espécie correspondem à metade do valor retirado da Valle Ana Consultoria e Serviços de Seguros no período analisado, entre 2008 e 2014.

LAVAGEM DE DINHEIRO – Para o Ministério Público do Rio (MP-RJ), as “movimentações financeiras atípicas” de Ana Cristina são indícios de que empresas vinculadas a ela “possam ter sido utilizadas para ocultação de desvio de recursos públicos oriundos do esquema de ‘rachadinha’ na Câmara de Vereadores”.

O maior volume de saques em espécie registrados pela empresa de Ana Cristina ocorreu em 2008, no seu primeiro ano de funcionamento, quando R$ 274 mil deixaram a conta em 215 saques. No ano seguinte, foram 168 saques totalizando R$ 194,2 mil. Até 2011, houve mais 350 saques, em um total de cerca de R$ 352 mil retirados da conta da empresa em dinheiro vivo, de acordo com relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

No total, foram retirados R$ 1.151.730,00 em dinheiro vivo, usado inclusive para compra de imóveis à vista.

QUEBRA DE SIGILO – Por conta da movimentação da empresa, o MP-RJ incluiu na quebra de sigilo contra ex-funcionários do vereador Carlos Bolsonaro, incluindo Ana Cristina, que foi sua chefe de gabinete entre 2001 e 2008, duas pessoas ligadas à Valle Ana Consultoria: Adriana Teixeira Machado, sócia minoritária de Ana Cristina, com 10% da empresa, e Luci Teixeira, sua mãe.

Luci, que mora em Resende, assim como a filha, ficou nomeada como funcionária de Carlos na Câmara do Rio entre outubro de 2005 e 1º de agosto de 2007. A empresa de Ana Cristina e Adriana foi aberta no dia 7 de agosto de 2007, segundo cadastro da Receita Federal.

Além da mãe, o irmão de Adriana, o bombeiro militar Luiz Gustavo Teixeira, ficou nomeado como funcionário do então deputado estadual Flávio Bolsonaro de fevereiro de 2003 até 14 de agosto de 2007.

FUNCIONÁRIOS FANTASMAS – “Tais vínculos, associados à expressiva movimentação de dinheiro em espécie na conta da Valle Ana Consultoria, sugerem a possibilidade de que Ana Cristina Siqueira Valle possa ter indicado parentes de sua sócia para atuarem como ‘funcionários fantasmas’, de modo a viabilizar o desvio de recursos públicos destinados à sua remuneração”, alegaram os promotores ao pedirem a quebra dos sigilos fiscal e bancário de Adriana e de Luci.

Apesar de citado na investigação, Luiz Gustavo, que atuaria como segurança da família Bolsonaro à época, não teve o sigilo quebrado.

Procurada, a defesa de Ana Cristina disse ao GLOBO que não vai se manifestar sobre a investigação.

 

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