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quarta-feira, junho 03, 2020

Recado ao general Eduardo Ramos: “Para ser respeitado, Bolsonaro precisa se dar ao respeito”

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Aqui é um serpentário, e quem está próximo de Bolsonaro vira alvo ...
Se o general quer dar pitaco em política, deveria ir para a reserva
Carlos Newton 
O ministro Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, que não é porta-voz do governo nem tem maior importância no ranking ministerial, saiu de seus cuidados para imitar o general Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, e divulgou uma nota à nação, nesta segunda-feira, para rebater um comentário do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, que no domingo comparou a situação do Brasil, “guardadas as devidas proporções”, com o que ocorreu na Alemanha nazista com Adolf Hitler.
“Comparar o nosso amado Brasil à ‘Alemanha de Hitler’ nazista é algo, no mínimo, inoportuno e infeliz. A Democracia Brasileira não merece isso. Por favor, respeite o Presidente Bolsonaro e tenha mais amor à nossa Pátria!”, disse Ramos, em postagem no Twitter.
GENERAL INDEMISSÍVEL – Celso de Mello nem se preocupou em responder ao ministro, que é figura inexpressiva e não se saiu bem no governo, tendo fracassado na articulação política, principal tarefa de sua pasta, que fica sendo adequadamente por seu antecessor, o general Santos Cruz, que soube como se aproximar e relacionar com os parlamentares.  
Eduardo Ramos fracassou na Secretaria de Governo, mas é indemissível, por ser general da ativa e membro licenciado do Estado-Maior do Exército. Ou seja, Bolsonaro precisa desesperadamente do apoio dele.
No meu entender, seu fracasso maior foi faltar com a verdade ao depor perante a Polícia Federal no caso Moro, ao dizer que Bolsonaro, na reunião ministerial, se referia ao ministro Augusto Heleno e até olhara para ele, ao terminar a fala, quando na verdade ocorreu exatamente o contrário e o presidente mirara claramente o ministro da Justiça. Além disso, Ramos retificou outros dois pontos do depoimento, e para mim isso basta. Não suporto general amoldável.   
SAIA DA ATIVA – Compreendo a situação do comandante do Exército, general Edson Pujol, que não pode repreender Ramos por se intrometer em política, porque ele está como ministro. Mas é preciso lembrar que está na ativa. Se quer trabalhar em política e até repreender um ministro do Supremo a propósito de defender um presidente indefensável, é obrigatório que passe para a reserva, deponha as armas e venha esgrimir as palavras.
Celso de Mello não tem satisfações a dar a esse general. O ministro do Supremo está lutando o bom combate, ao defender a democracia, enquanto o presidente Bolsonaro não se dá ao respeito, faz o possível e o impossível para provocar um golpe militar, julgando que será eleito ditador pelo Alto Comando, com o voto de áulicos como Eduardo Ramos.
Mas isso não vai acontecer. Ainda há generais no Forte Apache, que seguem o exemplo de Cândido Rondon e Teixeira Lott. Com toda certeza, não pretendem manchar suas biografias ao se subordinarem a um capitão que o Exército deveria ter expulsado, mas não o fez.   
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG 
– Ao escolher a foto para ilustrar o artigo, reparei que o semblante de Eduardo Ramos lembra claramente o ditador italiano Benito Mussolini, que parece ter voltado à moda no Brasil, ultimamente. (C.N.)

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