Andréia Sadi
G1
G1
O presidente Jair Bolsonaro priorizou, nas últimas semanas, os conselhos da chamada ala militar do Palácio do Planalto para evitar agravar a tensão com outros Poderes, principalmente o Judiciário. Em meio ao avanço de inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) e discussões sobre ações que pedem a cassação da chapa Bolsonaro-Mourão, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o presidente foi aconselhado a diminuir o tom: tanto no discurso, como nas ações.
Nesta quinta-feira, dia 25, por exemplo, fez uma live homenageando vítimas da Covid-19, destoando do tom adotado até então. O presidente já deu declarações de que a pandemia é um exagero, uma gripezinha e, perguntado sobre as mortes vítimas da covid, chegou a responder: “e daí?”
NOVO MINISTRO – Nas ações, contrariando o que queria a ala ideológica, ele demitiu Weintraub só após pressão dos militares, e nomeou um novo ministro da Educação patrocinado pela mesma ala militar palaciana.
Carlos Alberto Decotelli teve como principal padrinho o Almirante Rocha, um dos assessores mais próximos de Bolsonaro, que despacha da Secretaria de Assuntos Estratégicos. Ele também teve o aval dos ministros militares palacianos.
RESERVA – Outra sinalização desta semana, essa na direção das Forças Armadas, foi o anúncio de que o general Ramos vai passar para a reserva. O comando do Exército se queixava de militares na ativa despachando do Planalto. Como um gesto, Ramos decidiu passar para a reserva e também deu recado a Bolsonaro de que abre mão da carreira militar por acreditar no futuro do governo.
Apesar dos gestos, os movimentos do Planalto são vistos com desconfiança no STF e no Congresso. Acreditam que a essência de Bolsonaro não mudará, apenas está dando uma “pausa”, nas palavras de um líder da Câmara, até garantir que não haja ameaças à sobrevivência política do governo.
O ambiente político se tornou imprevisível por não se saber, por exemplo, os desdobramentos do caso Queiroz-Wassef, ambos personagens-chave no núcleo da família Bolsonaro.
“CAIU A FICHA” – Nas palavras de um militar que trabalha no governo, “caiu a ficha” de Bolsonaro, pelo menos por ora, de que os “radicais vão arrebentar o seu mandato e inviabilizar um segundo mandato”.
Perguntado se, num segundo mandato, esse assessor acredita que Bolsonaro fará esse tipo de concessão à sua própria personalidade, o auxiliar do presidente respondeu: “Vai estar muito empoderado. Duas vezes avalizado pelo povo, se sentira livre para fazer o que quer. E não vai ter sem compromisso com a reeleição, fora os dois novos ministros do STF para indicar”.