Luiz Felipe BarbiériG1 — Brasília
O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, comparou nesta quarta-feira (10) o acordo entre Brasil e EUA para a exploração da base de lançamento de Alcântara, no Maranhão, à hospedagem em um hotel. O ministro participou de uma audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados para apresentar programas e prioridade da pasta.
“As leis que vão ser seguidas em Alcântara serão as leis brasileiras, serão as nossas normas, autorizadas por nós. Pela nossa alfândega. É a mesma coisa no hotel. A gente pega a chave do quarto, mas o hotel não é nosso. Tem o proprietário do hotel, ele entra, limpa, a segurança é dele, a inspeção é dele, eu só uso o hotel”, disse o ministro.
“Isso ai e só resguarda às marcas e patentes, mais nada além disso. Na parte de satélite, 80% dos componentes de satélite são americanos. E precisa entrar nesse acordo como a Rússia fez, a China fez, a Índia fez, para que se pudesse utilizar a base de Alcântara e preservar marcas e patentes. É só esse o acordo. Não é um acordo comercial ainda”, afirmou.
DESENVOLVIMENTO -Em sua fala o ministro citou estimativa de “revistas especializadas” que apontam um mercado de US$ 1 trilhão em 2040, o que permitirá à região de Alcântara se desenvolver. Azevedo e Silva disse que a assinatura do acordo é só o primeiro passo, que agora terá de passar pelo Congresso e por acordos locais para viabilizar as operações, como negociações com quilombolas.
Em março deste ano, representantes dos governos do Brasil e dos Estados Unidos assinaram em Washington (EUA) um acordo de salvaguardas tecnológicas (AST) para permitir o uso comercial do centro de lançamento de Alcântara, no Maranhão.
O acordo permite aos Estados Unidos o lançamento de foguetes e de satélites da base. Pelo acordo, o território onde a base está localizada permanece sob jurisdição do governo brasileiro.
VENEZUELA – Na audiência, Fernando Azevedo e Silva também foi questionado sobre a situação da Venezuela, que enfrenta uma forte crise socioeconômica e política. O ministro disse que o Brasil segue com os canais diplomáticos militares abertos, com a presença de um adido militar no país vizinho. Ele defendeu uma “solução pacífica” para impasse que vive o país. A oposição venezuela e parte da comunidade internacional não reconhecem o governo do presidente Nicolás Maduro.
“[Sobre] A Venezuela, os comandantes de força, ministro da Defesa, comungam aquilo em que sempre o Brasil foi mestre: a solução pacífica dos conflitos. E falo também em nome do nosso presidente. O nosso presidente também é a favor disso. Nós torcemos para que a Venezuela encontre o caminho dela”, disse.
Ele ponderou que “os venezuelanos não precisam continuar sofrendo do jeito que estão”, mas que o governo brasileiro “torce” para que se encontre uma saída pacífica.
BOLA DE CRISTAL – “Torcemos para que tenha uma solução pacífica entre eles. O presidente fala que não tem bola de cristal para ver o futuro – isso eu também não tenho – , mas a gente é a favor de uma solução pacífica, não tenha dúvida disso aí”, frisou.
Em sua exposição inicial, o ministro apresentou slides sobre a história do exército, sua missão, a participação em grandes eventos e acontecimentos (intervenção militar no Rio, operação Acolhida, Olimpíadas de 2016, Brumadinho entre outros). Falou sobre o apoio das Forças Armadas no desenvolvimento nacional, com obras de engenharia, projetos sociais de defesa, entre outros temas.