Redação CORREIO
Apesar de o presidente deposto, Manuel Zelaya, ter se mostrada favorável a proposta de um governo da coalizão para solucionar a crise política em Honduras, o governo de Roberto Micheletti rejeitou de imediato a sugestão.
'Não vamos, por nenhum ponto, realizar nenhum acordo sem respeito a nossas instituições e sem respeito à Constituição da República', afirmou Vilma Morales, ex-presidente da Suprema Corte de Justiça e integrante da comissão de Micheletti no diálogo que acontece na Costa Rica.
Morales disse em conversa com uma emissora local que é preciso 'ir discutindo ponto a ponto' e 'é preciso analisar' tudo o que a proposta de Árias significa. 'Há diversos temas que são parte desse diálogo, como a antecipação das eleições e o retorno do presidente Zelaya', exemplificou.
Segundo ela, algumas reivindicações envolvem instituições do Estado hondurenho e, portanto, precisam de consultas com elas. Vilma Morales esclareceu ainda que segue 'em curso o diálogo' e que 'não há nenhum acordo sobre nenhum dos pontos', ao dizer que, após um recesso, a reunião com Arias e os representantes de Zelaya será retomada ainda neste sábado.
A mulher do líder deposto, Xiomara Castro, e uma filha do casal lideraram neste sábado uma concentração em Tegucigalpa, em que anunciaram que o presidente deposto estará em 'poucas horas' em Honduras, enquanto grupos opositores marcharam em Tocoa, nordeste do país.
'Em poucas horas estará aqui', disse, sem dar maiores detalhes, Xiomara à agência EFE, após ser recebida entre aplausos e palavras de ordem por manifestantes que bloquearam uma estrada do sul da capital hondurenha. Micheletti tem dito que Zelaya sera preso e enfrentará processos se retornar ao país.
PropostasArias propôs a restituição de Zelaya ao poder até o final do período constitucional para o qual foi eleito, no dia 27 de janeiro; a antecipação das eleições de 29 de novembro para o último domingo de outubro e uma anistia para crimes políticos, segundo cópia de um discurso às delegações entregue à imprensa.
A 'renúncia expressa' do líder deposto a instalar uma quarta urna nas eleições de novembro próximo, assim como qualquer consulta popular não autorizada pela Constituição, é outro dos pontos.
A mudança do comando das Forças Armadas hondurenhas do Poder Executivo para o Supremo Tribunal Eleitoral um mês antes das eleições, 'para garantir a transparência e a normalidade', também foi exposto pelo mediador.
A última ideia de Arias é a confirmação de uma comissão de verificação composta por hondurenhos notáveis e membros de organismos internacionais, que vigie o cumprimento dos acordos e supervisione o correto retorno à ordem constitucional no país.
De acordo com Arias se os pontos forem aprovados pelas partes e cumpridos em curto prazo, a Costa Rica 'se compromete a empregar todas as vias diplomáticas para tramitar o retorno imediato de Honduras à Organização dos Estados Americanos (OEA) e o levantamento das sanções impostas por outros Governos e organismos'.
Arias destacou que esta é uma oportunidade histórica para Honduras se transformar no primeiro país do mundo a reverter um golpe de Estado por vontade das próprias partes envolvidas.
MediaçãoO processo de mediação conduzido por Arias começou em 9 de julho, mas foi alvo de críticas de líderes da esquerda latino-americana como os presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e da Nicarágua, Daniel Ortega. Zelaya criou as bases para o encontro deste sábado, que ocorre San José, antecipando que consideraria a mediação um fracasso a menos que Micheletti concordasse em deixar a presidência.
Zelaya disse na sexta-feira (17) do exílio na Nicáragua que retornaria a Honduras 'de um jeito ou de outro', independentemente dos resultados das negociações.
Micheletti, por sua vez, disse que a volta do presidente deposto ao poder é inegociável. Ele admitiu que poderia deixar a presidência, com a condição de que Zelaya não reassuma o posto de presidente.
A despeito do discurso agressivo de ambas as partes, Arias lançou um sinal de esperança nos esforços de mediação. 'Eu acredito que tem havido uma flexibilização em relação às posições iniciais', disse.
GolpeOs militares derrubaram Zelaya acusando-o de violar a constituição do país por tentar estender seu mandato presidencial. Micheletti tem dito que Zelaya será preso e enfrentará processos se retornar ao país.
(com informações de agências internacionais)/Correio da Bahia
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