Por: Carlos Chagas
BRASÍLIA - Parece um absurdo, e certamente será, imaginar a estatização da General Motors e da Ford, na iminência de falirem. Mas é o que indica o noticiário econômico internacional. Apesar de favorecidos com parcelas dos 700 bilhões de dólares liberados pelo governo dos Estados Unidos, montes de multinacionais estão no vinagre. A GM, por exemplo, precisa receber 14 bilhões de dólares ao mês, para não fechar.
Multiplique-se essa situação por boa parte das megaempresas, exceção por enquanto às petrolíferas, e se terá a receita das proporções da crise mundial. Sem esquecer, é claro, os reflexos aqui nos trópicos, atingindo as sucursais das estrangeiras e muitas empresas nacionais, novamente com a exceção da Petrobras.
Chegou a hora de parar com essa piada de atribuir a crise aos cidadãos americanos que compraram casas a crédito, hipotecadas a bancos e financeiras, agora sem condições de saldar seus débitos e gerando a bola de neve que nos assola. Isso pode ter acontecido, são prováveis, até, que as hipotecas não honradas tenham acendido o rastilho da lambança, mas a verdade é que a crise situa-se muitos anos e patamares acima.
A principal vertente desse horror nasceu da ambição desmesurada de bancos, similares e até de empresas sem objetivos financeiros, de faturar fora de seus objetivos específicos de produzir, comercializar e prestar serviços. Jogaram todos na especulação e no lucro fácil, com base na mentira do fim da História e da prevalência absoluta do capitalismo selvagem. Apostaram no reinado eterno do mercado. Sacaram contra o futuro, dando de ombros para o fato de que aos papéis não correspondia a riqueza.
Em paralelo, através de mentirosa propaganda, valeram-se da ingenuidade do cidadão comum, levado a embarcar no engodo da aquisição de bens muito acima de suas posses e de sua capacidade de honrar os compromissos. Casas, automóveis, eletrodomésticos e quanta coisa a mais eram e são oferecidos pelas telinhas e sucedâneos numa espécie de ciranda do absurdo?
O casamento entre malandros e ingênuos durou algum tempo, desde o fracasso dos regimes socialista-ditatoriais, numa bolha denominada neoliberalismo. Acabou estourando, apesar de ainda assistirmos desesperadas propostas para não deixarmos de trocar de carro ou de comprar apartamentos, tudo a perder de vista. Só que diante dos trouxas ergue-se a sombra da inadimplência e da perda, ampliada com as já iniciadas demissões em massa, responsáveis pela multiplicação da quebra de compromissos e suas conseqüências.
Pois bem, diante da débâcle do modelo volta-se a apelar para a mesma fonte de sempre: o Estado. Cabe a ele, gestor das reservas monetárias da sociedade, acudir os malandros, mesmo sem fazer muito caso dos ingênuos. Porque os tesouros de todos os governos do planeta, quando existem, vêm sendo encaminhados para socorrer multinacionais, bancos e grandes empresas em estado falimentar. São centenas de bilhões e até trilhões mobilizados todas as semanas. Já o comprador que não pode honrar as prestações de casas, automóveis e tudo o mais, esse, coitado, perde os bens antes adquiridos.
Assim funciona a crise atual, com o poder público autorizado a comprar ações das empresas em decomposição, para salvá-las, salvando talvez também parte de seus empregados, mas já diante de outra malandragem: deve ser temporária, restrita a intervenção do Estado. Mesmo que em alguns casos tenham ou venham a ser agora estatizadas determinadas atividades, ao primeiro sinal de melhoria da crise precisará o Estado preparar-se para privatizá-las. Novamente, com dinheiro público, da sociedade, chegando às raias da irresponsabilidade. Vale repetir: tem gente que não aprende nada. Tem gente que esquece tudo...
A propósito
Conta o senador Artur Virgílio, líder do PSDB, uma história capaz de aplicar-se aos parágrafos acima. Um desses potentados, especulador e banqueiro, foi ao interior ver se conseguia faturar um pouco mais à custa da ingenuidade dos outros. Para pagar o mínimo pelo aluguel da canoa que atravessaria o rio começou a denegrir o remador. "Você sabe inglês?" "Não." "Tem curso de computação?" "Não." "Já leu os novos autores da economia moderna?" "Não."
Quando o malandro ia propor remunerar a travessia com apenas um real, a canoa virou no meio do rio. Foi quando o caboclo perguntou: "O senhor sabe nadar?" "Não." "Pois eu sei...".
Fonte: Tribuna da Imprensa
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