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quarta-feira, março 12, 2008

Reposição hormonal exige cuidado

Tara Parker-Pope The New York Times
Uma das muitas perguntas sobre hormônios receitados para a menopausa é se os riscos para a saúde da mulher sofrem alguma alteração depois que ela pára de tomar os remédios. Um novo estudo mostra que, virtualmente, todos os benefícios são interrompidos, mas um leve aumento do risco de câncer de mama e outros tipos permanecem por, pelo menos, três anos depois da interrupção do tratamento. Os dados estão numa pesquisa feita pela Women's Health Initiative, que observou 16 mil mulheres que usavam o Prempro, uma combinação de estrogênio e progestina.
Em declarações ao Journal of the American Medical Association, os pesquisadores pedem calma na interpretação dos resultados, chamando a atenção para o fato de que os riscos para as mulheres, se tratadas como casos individuais, continuam pequenos. O aumento das chances da doença entre ex-usuárias de hormônios significa um acréscimo de 0,3% no risco anual para uma mulher, individualmente, ou três casos a mais de câncer em mil pacientes.
A descoberta não altera as recomendações para o uso de hormônio: mulheres devem considerar o tratamento apenas se apresentarem incidência moderada ou grave de sensação de calor ou outros sintomas, e somente a doses mínimas e pelo menor tempo possível.
- Não há razão para alarme. O risco é de pequenas proporções - diz Gerardo Heiss, principal autor do estudo e professor de Epidemiologia da Universidade da Carolina do Norte, em Chapel Hill.
Um dos maiores benefícios do uso de hormônios - a melhora nas condições dos ossos - quase desapareceu durante os três anos depois de as mulheres terem parado de usar os medicamentos. Riscos como coagulação do sangue, derrame e ataque do coração, encontrados em ex-usuárias dos remédios, rapidamente baixaram a índices normais.
A pesquisa foi suspensa em 2002, pois algumas mulheres com idade mais avançada corriam grande risco de ataques do coração se continuassem a usar hormônios. Os resultados mudaram a visão da comunidade médica com relação à terapia, que já foi usada como tratamento preventivo de doenças crônicas. Hoje, hormônios aplicados durante a menopausa são aconselhados só para tratamento de sintomas classificados entre moderados e graves, e os médicos geralmente prescrevem doses muito mais baixas do que as usadas no estudo.
O relatório se concentra apenas nos três anos depois do fim do estudo, comparando a saúde de mulheres que tomaram hormônios com pacientes que tomaram placebos. Os pesquisadores ainda não analisaram a parte que se refere a mulheres que já passaram por histeroscopia e usavam apenas estrogênio - a progestina é prescrita somente no caso de a mulher ainda ter o útero, para protegê-la do câncer do endométrio. Nesse grupo, os índices de câncer de mama foram mais baixos entre as usuárias de hormônios, mas os dados obtidos não foram considerados significativos do ponto de vista estatístico.
Análises futuras vão pesquisar sobre a tendência de câncer entre as pacientes observadas. Durante os três anos seguintes à suspensão do tratamento hormonal, havia sinais de que o risco de câncer de mama caiu dos índices de pico, mas o risco médio continuou o mesmo. Os dados do câncer de mama não foram considerados significativos do ponto de vista estatístico, indicando que o acaso poderia ter que ser levado em conta. Mas pesquisadores dizem que a tendência é confiável porque é coerente com estudos anteriores.
Outros dados relacionados ao risco de câncer também não foram considerados significativos do ponto de vista estatístico. Por exemplo, havia indicação de que o câncer de pulmão era um pouco mais alto entre as ex-usuárias de hormônios, mas essa tendência também poderia ter a ver com o acaso.
- As descobertas dão subsídios para que não se recomende terapia hormonal para a prevenção de doenças crônicas - explica JoAnn Manson, co-autora do estudo. - Mulheres mais jovens, que acabaram de entrar na menopausa, apresentam índices muito baixos de reações adversas relacionadas à terapia hormonal. Se elas obtêm benefícios que aliviam os sintomas e melhoram sua qualidade de vida, esses benefícios, provavelmente, vão se sobrepor aos riscos.
Fonte: JB Online

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