Por: Narciso Mendes
Em sendo absolvido, espetacularmente, como de fato foi, o deputado federal João Paulo Cunha, se pretender, e espero que assim seja, deveria processar o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados pelos crimes de calúnia, injúria e difamação, afinal de contas, ele não foi apenas inocentado por alguma manobra de bastidores, algo do tipo falta de quorum. Não. O referido parlamentar foi absolvido pelo plenário da Câmara dos Deputados quando este registrava a presença de 483 parlamentares, ou seja, com a casa lotada. Ironia à parte, até porque João Paulo Cunha ficará perante nossa história como tendo sido o parlamentar que enquanto presidente de um dos mais importantes poderes de nossa República, condição que lhe fazia a terceira maior autoridade constituída dessa mesma República, praticou diversos crimes, alguns deles mais que suficientes, não somente para determinar a cassação do seu mandato, assim como, mais que suficientes, para levá-lo à prisão. João Paulo foi absolvido porque num universo de 513 parlamentares, seriam necessários 257 votos para cassá-lo. Ora, se neste universo, como disse certa vez o hoje presidente Lula, existem 300 picaretas, ainda que os mensaleiros, mais ou menos uns 100, sejam em toda sua integralidade um subconjunto daquele, o dos picaretas, restaria apenas os votos de 213 deputados federais para cassar os não picaretas, e como os números não mentem, a picaretagem continua prevalecendo. José Dirceu, Roberto Jefferson e Pedro Correia, os únicos que foram cassados até agora, certamente foram por outras razões e motivos e não por suas participações no mensalão. Sejamos mais objetivos: os mensaleiros ainda contaram com o prestimoso e oportuníssimo voto secreto, uma verdadeira mina para quem faz política tomando por base a corrupção. Paradoxalmente, enquanto os mensaleiros, um a um, estão sendo absolvidos, o relatório da CPI dos Correios foi aprovado pelo avantajado placar de 17 a 4, cuja aprovação deixou claro e textualmente determinado: "Existiu mensalão, existiu caixa 2, existiu compra de deputados, existiu corrupção, etc". A bem da verdade, diga-se: em todas as votações onde o voto é aberto até os próprios mensaleiros não se atrevem uns aos outros. Só em raras exceções, como foi o caso do senador Sibá Machado, um dos quatro minguados votos contra a aprovação do relatório da CPI dos Correios. Moral desse voto: como Sibá Machado não precisou de votos para virar senador, pouca ou nenhuma preocupação está a dever aos seus eleitores e à opinião pública. . João Paulo Cunha foi absolvido não por falta de crimes, e sim pela fiel e esperada cumplicidades entre os mensaleiros. Crimes ele cometeu aos montes, inclusive o de ter exposto sua mulher, mãe de seus filhos, na fila do mensalão para receber um cheque do valerioduto. Entretanto, como o crime nunca é perfeito, sua desavisada esposa acabou deixando sua assinatura no verso do referido do cheque, produzindo assim uma prova irrefutável de sua participação direta neste que está sendo considerado o maior escândalo de nossa história republicana. Não menos ridículo, foram, em princípio, as esfarrapadas justificativas apresentadas por João Paulo: - Minha mulher foi ao Banco Rural pagar uma conta de nossa TV a cabo. Em valores financeiros, certamente, onde Cunha pintou e bordou foram nos milionários contratos publicitários que a Câmara dos Deputados fez com a SMP&B, o valhacouto, onde o carequinha Marcos Valério brincava com o dinheiro público. Absolvido João Paulo Cunha, escancaram-se as cancelas para a fuga dos demais mensaleiros que estão à espera de seus julgamentos. Eu mesmo, se parlamentar fosse, ou melhor, senão tivesse tido o meu mandato seqüestrado pelo próprio João Paulo Cunha, iria propor a extinção do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, posto que se seus relatórios são insistentemente jogados no lixo. Qual a razão da sua existência? Em tudo isto só não concordo com a falsa afirmação que deputado não cassa deputado. Cassa sim. Prefiro acreditar numa afirmação, esta sim, absolutamente verdadeira: picareta não cassa picareta. Deste episódio fica a triste lição de que a solidariedade entre colegas é sempre bem menor que a cumplicidade entre criminosos. Um aviso a outros como João Paulo: em outubro próximo a palavra será dada pelo povo.
Fonte: O Rio Branco
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