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sexta-feira, abril 07, 2006

A absolviçao de João Paulo Cunha

Por: Helio Fernandes


Corrupção corrompida


O plenário da Câmara dos Deputados, numa dança macabra para a democracia e a dignidade, foi muito mais longe do que Dona Guadagnin. Só que não havia nenhum deputado de "amarelo cheguei", estavam todos de "preto-luto", acabavam de assassinar e enterrar o sistema representativo e sabiam disso.
A impunidade de João Paulo Cunha foi consagrada por 256 votos-amigos, conforme foi dito na televisão pelo deputado José Mucio, citadíssimo por Roberto Jefferson: "Como presidente da Câmara, João Paulo Cunha AJUDOU a todos nós, não podíamos abandoná-lo". Falta total de constrangimento, de respeito à opinião pública, de lembrança do eleitor que pode fulminá-los em outubro.
(A propósito: o cidadão-contribuinte-eleitor vai revidar e responder ao desafio de agora? Votará contra esses corruptos? Dona Guadagnin será reeleita ou ficará sem o mandato que degradou? E os outros cassados ou absolvidos, voltarão? Muita gente me pergunta isso, só o eleitor pode decidir s-o-b-e-r-a-n-a-m-e-n-t-e).
Existem fatos gravíssimos na absolvição do ex-presidente da Câmara. Dos deputados do "alto escalão", até agora só 2 haviam sido expulsos com quorum alto. Roberto Jefferson, que confessou e começou tudo, dizendo "sei que serei cassado". E o ainda (na época das denúncias) poderoso José Dirceu, que não conseguiu desmentir as acusações. Usou palavras vazias, não escapou. Depois desses dois, vieram 7 ABSOLVIÇÕES, a de João Paulo Cunha foi a oitava. Mas as outras com quorum baixo, uma descoberta que eu chamei de "caminho das Índias".
Mas a de anteontem foi a primeira, depois de mais de 8 meses, decidida com quorum altíssimo, igualando o número dos que cassaram Jefferson e Dirceu. Só que agora foi exatamente o contrário, pela impunidade. Foram várias as reuniões (ninguém percebeu, nem este repórter, só ficamos sabendo depois do resultado CALAMITOSO), decidiram que precisavam DERROTAR O CONSELHO DE ÉTICA QUE NÃO RESPEITAVA NEM OS COLEGAS DE MANDATO.
Tudo combinado e assegurado, foram para o voto. A cassação precisava de 257 votos, obteve apenas 209. E o ex-presidente da Câmara, que já estava salvo com esses 209 contra ele, tripudiou e dançou, em casa, em casa, como se fosse uma Guadagnin masculina, de São Paulo ele é.
E para a surpresa do País inteiro, quase chegava aos 257 votos, que era o que João Paulo Cunha queria. Ficou em 256, apesar da "acomodação" do Globo e desta Tribuna, que na Primeira aumentaram sua votação. O Globo deu a ele exatos 257 votos, enquanto esta Tribuna, mais generosa, registrava 259, mais 3 do que ele realmente conseguiu.
Não há nem como registrar com palavras candentes ou veementes a revolta geral, excluídos naturalmente esses 255 comparsas, já que o voto de número 256 foi do próprio João Paulo. Há quem diga que apesar da "vitória" João Paulo saiu como um "mulambo moral", textual de alguns parlamentares. Não quis nem assistir à apuração, votou e foi pra casa. Como no excelente filme de Julinho Bressane, com o título sugestivo "Matou a família e foi ao cinema", João Paulo pode dizer: "Matou a democracia e correu pra família".
Ninguém esperava essa reviravolta drástica e sem explicação, exatamente no dia em que a CPI dos Correios aprovava integralmente o parecer POSITIVO do relator Osmar Serraglio. E mais: além dos 17 da CPI, ele foi carregado por uma parte enorme da Câmara. Excluídos alguns do PT, agora transformado em PT-PT. Se diziam "REVOLTADOS" com essa aprovação e iam pedir anulação da votação.
PS - O mais "revoltado" era o deputado carioca Jorge Bittar. Sempre ausente, aparece apenas para mostrar como o cidadão vota mal. Bittar passa o tempo no alfaiate, escolhendo ternos impecáveis.
PS 2 - Se o Jorge Bittar e outros do PT-PT fossem mais cuidadosos, nem precisariam ir ao alfaiate para se mostrarem impecáveis. Só que o físico, nada a ver com o caráter.
Antonio Palocci
É a primeira vez que aparece aqui, como cidadão comum, perdão, incomum. Hesitei entre ele e Nelson Jobim. Tanto faz.
O ministro Palocci, com ar de que está sofrendo muito, foi depor na polícia, na segunda vez. Na primeira disse que "estava muito doente". Na polícia apareceu com aquele aparelho que mede o batimento cardíaco, nenhuma doença. Hoje no mundo inteiro, multidões usam esses aparelhos, até em corridas ou caminhadas fortes. Depois o cardiologista (se for o craquíssimo Stans Murad, maravilha) examina a fita, faz as recomendações. O simples fato de estar com o aparelho, nenhum impedimento.
Mas se tivesse alguma coisa no coração, nada surpreendente. De uma hora para outra, passar de todo-poderoso "dono" da economia para um cidadão demitido "desonrosamente", como se fosse o inimigo-companheiro José Dirceu, não há coração que agüente.
E se até agora Palocci não teve enfarte, está à beira dele. Será acareado com o ex-presidente da Caixa Econômica, Jorge Mattoso. E o que é inacreditável: NA POLÍCIA. É demais.
Jorge Mattoso pode receber um pedido de pagamento de royalties por causa de sua atuação na questão do caseiro. Quem quer cobrar: o ex-diretor do Banco do Brasil no corrupto governo FHC, que disse "estou no limite da IRRESPONSABILIDADE".
Não há dúvida que o presidente da Caixa Econômica ultrapassou esse limite, e não é de hoje. Só que agiu com uma "rede de proteção", formada por 5 subordinados. E como confessou maldosa e covardemente, entregou o "sigilo quebrado" ao próprio Antonio Palocci.
Conforme revelei no dia seguinte, quem levou o envelope para a revista Época foi o jornalista Marcelo Neto, assessor de Imprensa do ministro da Fazenda. E a revista, apesar de conhecê-lo, confirmou telefonicamente.
Quanto à implicação do jornalista, seu advogado está inteiramente com a razão: "Assessor de Imprensa do ministro, nada mais justo e compreensível que naquele momento estivesse ao lado de Palocci".
O que não pude garantir no dia da revelação e ainda não posso garantir: o jornalista sabia o que estava levando?
De qualquer maneira, não é um iniciante nem ingênuo. Trabalhou com a também ministra da Fazenda Zelia Cardoso, foi presidente da Radiobrás, conhece os bastidores do Poder. Mas não pode ser indiciado.
Numa longa e monótona entrevista coletiva na Argentina, José Dirceu fez acusações duríssimas ao ex-governador Mateus. 1 - "Já gastou para ser candidato 30 milhões de dólares". 2 - "Se for escolhido pelo PMDB, sua campanha terá recursos de 150 milhões de dólares". (300 milhões de reais).
Anthony Mateus, revoltado com tanta injustiça, anunciou imediatamente: "Vou processar o ex-chefe da Casa Civil". Eis um processo interessante.
Não há a menor dúvida: se não fosse a firmeza de Serraglio e Delcidio Amaral, a CPI dos Correios seria uma nova Banestado.
O PT daquela época transformado em PT-PT de agora queria ressuscitar a CPI que combateram. Único lamento: Clesio Andrade ter ficado de fora.
Continua a tolice de mentir para a opinião pública que Itamar Franco seria candidato a presidente. Não aceita nem luta contra Lula.
FHC queria ser candidato ao governo de São Paulo e citava o "efeito Rodrigues Alves", governador depois de ter sido presidente.
Itamar poderia citar o "efeito Nilo Peçanha". Substituiu o presidente em 1909, candidato a presidente em 1922, derrotado.
A Câmara ontem agitadíssima por conta da CPI dos Correios e da absolvição despudorada de João Paulo Cunha. (Ler artigo, página 3).
Descontentamento por todos os motivos. Válido e autêntico, do lado dos que examinavam a impunidade do ex-presidente da Câmara, João Paulo Cunha. Ninguém tinha como ele acusações tão provadas.
Do lado da CPI e das conclusões de Osmar Serraglio, também as duas incompreensões. 1 - Dos que consideravam que "faltava muita gente em Nuremberg", incluindo o próprio Lula. 2 - Os que achavam que a CPI havia sido demasiadamente severa, indiciou gente "indiciável".
Agora, o PT-PT recorre para Renan Calheiros, quer que anule a votação da CPI "por falhas evidentes". Se o Senado fosse presidido, digamos, por Barbosa Lima Sobrinho, Evandro Lins ou Raimundo Faoro (para só lembrar os mortos), o pedido seria recusado na hora.
Sendo Renan Calheiros o jogador político que jamais deixou de ser, é possível que tire o H da última palavra, e diga: "Não resolvo, por ORA". Ficaria bem com ele mesmo, com a oposição e o governo.
Foi carinhosa e altamente comovente a repercussão da morte do Carequinha. Como todos têm que morrer, que pelo menos receba o reconhecimento do País inteiro. E que a palavra que simbolizava e simboliza sua profissão seja exaltada e não aviltada.
Começou menino, foi tido e havido como o maior palhaço do mundo, título altamente merecido e que ele honrou durante os quase 90 anos de vida. Num mundo acostumado a endeusar apenas os poderosos, os que se corrompem e corrompem os outros, a exceção.
A opinião pública (e seja registrada a unanimidade dos órgãos de comunicação) reconheceu em Carequinha um ídolo que será inesquecível.
Ele fica na lembrança e na memória, junto com Gagarin, o homem que primeiro foi ao espaço e disse "a Terra é azul". Os dois são no infinito, concordando: "Não é só a Terra que é azul".
Seria maravilhoso que fosse sempre assim, que as homenagens consagrassem homens como Carequinha, sempre à disposição para suavizar a vida de gerações e não apenas de crianças. Dorme, Carequinha, milhões sentirão tua falta, mas agradecem o fato de você ter existido.
Não se chora a morte de um ídolo. Além do mais, um ídolo e um monumento.
XXX
Luciano do Valle é o único profissional de televisão que transmite de manhã pela Bandeirante e à noite pela Record. Depois da Copa do Mundo de 1982, deixou a TV Globo por vontade própria, fazendo a felicidade de Galvão Bueno.
Marcelo Barreto, Luiz Carlos Junior, Paulo Cesar Vasconcellos e Milton Leite aparecem no Esportv, de manhã, à tarde e à noite.
Mas ninguém iguala Paulo Vinicus Coelho na ESPN-Brasil: trabalha 24 horas por dia e ainda faz hora extra.
Os "televisistas" (alguns acreditam que são jornalistas) exibem muita "tecnicalidade". Exemplos principais: Dacio Campos no tênis e Tostão. Conhecem profundamente suas especialidades, mas se fecham (ou se enclausuram?) num círculo de fogo que incendeia a paciência do telespectador, às vezes leitor.
Dacio irrita pelo excesso de "explicação", atrapalhando quem quer ver o jogo.
Tostão, que está escrevendo admiravelmente, precisa sair do meio do campo, fugir daquela "racionalidade" monótona.

Fonte: Tribuna da Imprensa

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