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sexta-feira, janeiro 05, 2007

Um Monstro Bem Alimentado

Por:Marques Milano

O Monstro nasceu pequeno, mas já naquela época dava mostras do que seria capaz. Lembro-me bem de sua face no ano de 1989. Manteve o empresário Abílio Diniz durante três meses num cativeiro, praticamente enterrado num buraco, e respirando apenas através de um tubo. O monstro tinha tomado a aparência de seqüestradores canadenses, argentinos e chilenos, e quando a polícia os encontrou, pensamos que aquele seria o fim prematuro de uma criatura que fora gerada para se tornar um verdadeiro flagelo. Doce ilusão... Afinal de contas, aqueles não eram simples seqüestradores, não eram meros criminosos. Não, aqueles homens eram revolucionários, eram guerrilheiros, eram comunistas, e por isso não mereciam ser condenados por atos que visavam uma futura revolução. Se Abílio Diniz havia sido torturado psicologicamente, se havia sofrido todas as humilhações possíveis e imagináveis, isso se justificava pelo bem comum que a revolução socialista traria. Pelo menos essa era a opinião do senador Eduardo Suplicy, do deputado Eduardo Greenhalgh e do então Vice-prefeito Hélio Bicudo. Os três não mediram esforços para libertar seus “camaradas”, e quando conseguiram, libertaram também o Monstro.
– Agora o Monstro irá se recolher por um tempo. Recuperar suas forças antes de atacar de novo – sinceramente imaginamos.
Mas a criatura era uma dessas que não economizava no descaramento. Sendo assim, um ano depois – mais especificamente em 1990 – mostrou outra vez sua face terrível. Havia recebido um nome, Foro de São Paulo, e reunia sob seu corpo, repleto de pústulas, uma estranha ninhada: PT, Farc’s colombianas, MIR chileno, e muitos outros partidos ou grupos comunistas que se alinhavam com o intuito de colaborar com o Monstro. Não, ao presidente do Foro – então Luís Inácio Lula da Silva – e aos homens da esquerda nacional pouco importava se os integrantes das Farc’s produziam e distribuíam cocaína a todo o continente. Pouco importava se o MIR chileno estava por trás de muitos seqüestros de cidadãos brasileiros. A única coisa realmente importante era organizar uma revolução comunista sul-americana, ainda que a vida de milhões de pessoas fosse destruída pelas drogas e pela desestabilização social que isso acabaria produzindo.
A partir desse momento, o Monstro passou a fazer aparições esporádicas. Certamente se encontrava disfarçado em meio à manifestação “popular” que culminou no processo de impeachment do ex-presidente Collor. Decerto não se encontrava ausente nas primeiras invasões de terra do MST. Mas nisso tudo agia subterraneamente, como convém a toda conspiração revolucionária. E escondida de nossos olhos, a criatura ganhava dimensões assustadoras. Engordava, alimentada pelo sangue das vidas que eram ceifadas na guerra do tráfico de drogas que ela mesma estimulara. Enfim, o Monstro lançava seus tentáculos, aumentava seu poder, e se preparava para deixar o esconderijo.
Recordo-me hoje de tê-lo flagrado no ano de 2001, na cidade de Porto Alegre. Sim, ocorria então o chamado Fórum Social Mundial, e inúmeros grupos de esquerda reuniam-se ali para “debater idéias”. O governador do Estado do Rio Grande do Sul era Olívio Dutra do PT, que como bom anfitrião, não economizou nos gastos a fim de receber muito bem a criatura. Naquela ocasião, ela se manifestara sob a forma de narcoguerrilheiros colombianos, recepcionados em Porto Alegre com honras de estadistas. É verdade que a polícia federal não permitiu que Olivério Medina – acusado pelo governo da Colômbia por exercer atividades terroristas – palestrasse no Fórum. Isso, porém, não o impediu de participar das demais atividades, ainda que fosse considerado um criminoso internacional.
Aliás, a vergonha deixou também de impedir qualquer ação daqueles que trabalhavam a serviço da criatura. Não tiveram vergonha, por exemplo, o ex-presidente da Câmara Federal, João Paulo, o então deputado Vicentinho, e novamente Luiz Eduardo Greenhalgh quando, em maio de 2004, visitaram na cadeia o líder dos Sem-Teto, preso por co-autoria num homicídio. Não teve vergonha o senador Eduardo Suplicy, quando afirmava a intenção de “resguardar a integridade física dos presos”, sempre que os detentos se rebelavam na penitenciária do Carandiru e destruíam com isso as instalações. Não, o Monstro realmente não tinha mais vergonha...
Decerto, se não tinha mais vergonha, medo também não haveria de ter. Por isso, quando a criatura revelou sua face mais violenta, foi a população que se sentiu aterrorizada. PCC, Comando Vermelho, Fernandinho Beira-Mar, Marcola, todos ligados às chamadas Farc’s colombianas, cuja relação com a esquerda não é necessário recordar. Delegacias atacadas, agências bancárias alvejadas, ônibus incendiados, policiais assassinados, civis assassinados. Durante quase vinte anos a violência havia sido gerada no ventre desse Monstro, e com essa mesma violência ele se alimentara. Durante quase vinte anos a esquerda brasileira dera guarida a bandidos, a terroristas estrangeiros, a traficantes – tudo absolutamente documentado.
– É preciso combater o terrorismo! – disse o presidente Lula na posse para seu segundo mandato.
Bobagem, presidente. Todo mundo sabe: por mais feio que seja o rebento, ninguém mata o filho gerado pelas próprias entranhas.

Marques Milano
Publicado no Recanto das Letras em 05/01/2007
Código do texto: T337186

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