O novo secretário de planejamento do Estado da Bahia, Ronald Lobato, em entrevista exclusiva à Tribuna da Bahia revela quais serão as maiores atuações da secretaria. Ele destaca a conexão do transporte ferroviário e do metrô, que terá sua linha ampliada até Cajazeira, como era previsto antes, dando maior densidade no transporte de passageiros. Um outro foco importante será no semi-árido, com o “Projeto Água para Todos”, que pretende beneficiar mais de 1,7 milhão de pessoas da região com água potável. Ele também revela os desafios que vai enfrentar com a decisão de priorizar as áreas sociais como educação, saúde, geração de emprego e renda com o orçamento do Estado. Lobato cita ainda na entrevista à TB assuntos de desenvolvimento estratégico como a questão da infra-estrutura, das malhas rodoviária e ferroviária, entre outros, que serão prioridade para o desenvolvimento do Estado nos próximos anos.(Por Alessandra Nascimento)
ENTREVISTA
Tribuna da Bahia: Como o governo vai fazer para adequar as verbas às reais necessidades do Estado?
Ronald Lobato: O governo Wagner colocou como eixo de desenvolvimento social o foco em educação, saúde, oferta de emprego e distribuição de renda. Significa dizer que temos de fazer esforços de ordem governamental e administrativa para que as verbas sejam distribuídas de acordo com esse programa. Para haver eficiência e eficácia esse eixo tem que estar vinculado às ações. Como é importante ter recursos para se investir nos objetivos estratégicos, também é fundamental evitar o desperdício de dinheiro, por isso precisamos saber através de estudos e análises se a máquina pública está inchada, ou se as despesas estão sendo bem ou mal controladas. A decisão de não preencher 30% dos cargos comis-sionados vai representar sem dúvida nenhuma uma economia aos cofres públicos.
TB: E em relação à saúde pública, qual será a estratégia?
Ronald: Os hospitais públicos do estado passam por grandes problemas. Atualmente não sabemos se a crise da saúde está associada à falta de recursos humanos ou à administração. Por essa razão decidimos não preencher esses cargos e estudar melhor a máquina pública. Se os problemas nos hospitais forem associados a pessoal eventualmente teremos de realizar algumas contratações.
TB: E o semi-árido baiano? Trata-se de uma área, conforme já foi anunciado, de grandes preocupações do novo governo. O que se pretende fazer em relação?
Ronald: O semi-árido é realmente nossa prioridade. Os municípios dessa região possuem os piores índices de desenvolvimento humano. Eles puxam para baixo o IDH do Estado. Para agir territorialmente nesta área vamos voltar nossas atenções para promover melhorias na qualidade de vida dessas pessoas. Não pretendemos abandonar os programas da gestão anterior, mas vamos integrar as ações, trazendo um desenvolvimento auto-sustentável ao homem do campo, interagindo com o meio ambiente. Temos que voltar às atenções aos pequenos e ajudá-los no seu desenvolvimento.
TB: Há um projeto ousado chamado Água para Todos. Como ele será executado?
Ronald: O Água para Todos é destinado a beneficiar 1,7 milhão de pessoas que moram no semi-árido. Ele é ousado porque pretende levar água própria para consumo humano a essas populações. Para que tudo isso aconteça estaremos priorizando o planejamento e a gestão. Precisamos ser eficientes, pensando na territorialidade com integração dos setores e do planejamento, fazendo isso com transparência e absorvendo as críticas e opiniões da sociedade e de entidades. A crítica será um elemento fundamental no governo Wagner.
TB: Qual o recurso que o governo vai contar?
Ronald: O governo do Estado de um modo geral vai ter R$ 1,4 bilhão em orçamento previsto para 2007. Incluindo recursos próprios e capacidade de endividamento. Também vamos buscar empréstimos junto ao Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco do Nordeste, Bird, entre outros.
TB: E a questão da infra-estrutura, como ela será trabalhada?
Ronald: A questão da infra-estrutura é muito importante. Posso citar entre a construção da ponte ferroviária entre Cachoeira e São Félix como destaques. Trata-se de um marco da integração entre os governos estadual e federal. Além disso, vamos tentar resolver a questão da BR 324, Salvador - Feira. Vamos dar ênfase na recuperação da malha rodoviária.
TB: Essa questão de infra-estrutura tem sido uma grande queixa dos empresários de um modo geral, principalmente dos exportadores.
Ronald: Exato. Estamos nos preocupando com a questão do deslocamento. Pretendemos fazer a integração da Via Portuária com a BR-324, que não estava previsto no projeto anterior. Ainda destaco a reativação do acesso ferroviário até o porto. Faremos a integração do transporte de passageiros do Subúrbio Ferroviário. Realizaremos ainda a integração das plantas de celulose aos portos baianos, que hoje são exportados pelo Espírito Santo.
TB : E em relação ao metrô, quais as novidades que vêm por aí?
Ronald : Estamos prevendo a conexão do transporte ferroviário e do metrô. No projeto preliminar prevê a Calçada como ponto desta conexão. Vamos efetuar mudanças no projeto do metrô que seria interrompido na primeira linha na altura do Aeroporto. Ele irá até Cajazeiras, como era previsto antes, dando maior densidade. As pesquisas realizadas com usuários de transportes mostram que a maioria das viagens são feitas para trabalho e educação. Elas ainda indicaram o perfil do atual traçado priorizando o morador do Subúrbio Ferroviário, do miolo da cidade e do Centro. Na segunda etapa o metrô contempla mais a Avenida Paralela em direção ao norte da cidade.
TB: E as ferrovias, como serão tratadas?
Ronald: O grande problema do transporte ferroviário está associado ao preço. Ele é muito caro que o metrô se você partir do zero, o que não é o nosso caso. Já temos a infra-estrutura, só precisamos realizar a manutenção. Há ainda a questão do transporte de carga. Os trens serão prioriza-dos porque a linha do governo é voltada para trazer melhor assistência à população de baixa renda.
TB: Em relação à geração de emprego e renda, quais providências serão tomadas já que informações do Diesse dão conta de que na RMS existem cerca de 403 mil desempregados segundo dados de novembro do ano passado ?
Ronald: Quando o governo fala em criação de emprego, ele está falando na importância do apoio das atividades de pequeno porte como as cooperativas, a economia solidária, a agricultura familiar e até as pequenas empresas. Elas têm condições de gerar empregos em maior proporção que as grandes empresas e elas serão foco de nossas atenções. (Por Alessandra Nascimento)
Indefinição ainda marca a eleição para a presidência da Assembléia
A menos de 30 dias da escolha do novo presidente da Assembléia Legislativa, pode-se dizer tudo, menos que alguém tenha a eleição ganha. Embora quase uma dezena de parlamentares tenham colocado seus nomes como alternativas para o cargo, a disputa se afunila em três nomes e muito provavelmente, um deles deve ser o futuro presidente da casa: Edson Pimenta, do PCdoB, Marcelo Nilo e Artur Maia, do PSDB. O primeiro indicativo de que esta é uma eleição atípica vem da ausência de um petista na linha de frente. Como as divergências foram grandes para se chegar a um nome de consenso, o partido achou mais prudente não chegar rachado na disputa, o que poderia significar uma derrota impensável para um governo que mal começa. Concluiu-se então que o nome de consenso deveria sair da base aliada, naturalmente, e a partir daí muitos foram a campo, mas nenhum com chances de ostentar a marca de candidato capaz de se consagrar em 2 de fevereiro com o voto da maioria dos colegas da Casa.
Situação tão curiosa que até o PFL, encolhido desde a derrota do ex-governador Paulo Souto nas urnas em outubro, concluiu que é hora de colocar as manguinhas de fora, num cenário tão confuso e indefinido. Se vai levar adiante a idéia é cedo para afirmar, mas se a base governista não costurar direitinho o nome para representá-la pode acabar acontecendo uma surpresa.
Dos três nomes considerados na dianteira da disputa o deputado Marcelo Nilo fechou a semana com uma aparente dianteira, calçado na tese de que teria as bênçãos do governador Jaques Wagner. Este, aliás, chegou a cogitar reunir a bancada para recomendar prudência na condução do processo, mas está mais inclinado a demonstrar um aparente distancia-mento do pleito, receando ser salpicado por um eventual resultado negativo. E Wagner sabe que embora tenha a caneta na mão, essa é uma eleição onde detalhes de bastidores podem ser decisivos.
Ainda assim, se vai participar de uma forma mais ativa ou não, deve designar um interlocutor capaz de tentar aparar as arestas e costurar o entendimento entre os setores ainda divergentes. O envolvimento direto pode ser negativo em caso de um tropeço, mas a distância exagerada também, pois a falta de sinalização pode acabar levando os contendores até a batalha do voto, o que seria muito ruim para o governo. E perigoso. Sendo assim, os dois outros nomes continuam acalentando o sonho de presidir a Casa e o mais importante: com boas chances. Um dos campeões de voto nessa legislatura, Edson Pimenta, do PCdoB tem costurado alianças importantes e carrega consigo três votos importantes e quem sabe, decisivos nessa disputa. Pimenta está firme, mas já disse, mais de uma vez, que se seu nome não carrear o consenso na base governista admite recuar, mas não apóia o tucano Marcelo Nilo, o que é um grave complicador para o pessedebista.
Já o outro tucano, Artur Maia está certo de que sua candidatura tem tudo para representar o consenso nessa reta final e o faz baseado em alguns indicativos fortes. Neste final de semana, petistas graduados reuniram-se para avaliar o quadro e concluíram que, para evitar sobressaltos, o nome de Artur Maia é um dos mais leves nessa disputa. Bem articulado e costurando acordos nas várias frentes, tem a simpatia de importantes eleitores e votos importantíssimos.
Além de se tornar um interlocutor graduado e presidente de um dos três poderes do Estado, com influência direta nos destinos do Estado, afinal por suas mãos e em suas gavetas dormirão ou terão celeridade extra, projetos de interesse do próprio governo e do Estado como um todo, o novo presidente da Assembléia deverá herdar uma herança pra lá de apetitosa.
Ele vai administrar um orçamento de quase R$ 120 milhões, junto com os demais membros da Mesa, terá uma equipe de assessores técnicos ampliada, mas também terá algumas dores de cabeça pela frente, a maior delas o desgaste do poder Legislativo e de toda classe política, sendo esse um dos principais desafios que terá pela frente.
Carnaval deve ser tema de reunião entre João e Wagner
A realização do Carnaval de Salvador, festa tradicional que atrai milhares de turistas do mundo inteiro, deverá ser um dos assuntos discutidos entre o prefeito João Henrique e o governador Jaques Wagner, agendado para amanhã. Oficialmente, o prefeito fará uma exposição sobre a situação financeira do município, tida como complexa. Deve solicitar apoio do governador, através de suas secretarias e órgãos da administração descentralizada, para a execução de projetos e programas de interesse público. O governo federal, com o qual Wagner tem ligações, também deverá ser lembrado por João Henrique no sentido de manter e ampliar os investimentos na cidade, assegurando, sobretudo, a continuidade de importantes obras. Sobre o Carnaval o prefeito deve pedir colaboração efetiva do Estado, já que a prefeitura sozinha não tem como bancar a megaestrutura exigida pela festa. Nos dois primeiros anos de sua gestão, João recebeu do ex-governador Paulo Souto R$ 5 milhões, o que aliviou os cofres municipais.
Fonte: Tribuna da Bahia
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