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terça-feira, janeiro 30, 2007

Morte anunciada


Empresária Rita de Cássia, 38 anos, foi assassinada pelo marido, na Espanha, após assinar divórcio


Jony Torres
A empresária baiana Rita de Cássia, 38 anos, foi morta pelo marido ontem pela manhã em Sória, Espanha. Ela levou um único tiro de uma escopeta calibre 12 pelas costas, quando saía do escritório de advocacia onde assinaria documentos do processo de divórcio com o empresário e fazendeiro espanhol Joaquim Fernandez Braskez, 48 anos. O acusado, que não aceitava a separação, foi encontrado pela polícia horas depois com um ferimento na boca, em uma suposta tentativa de suicídio. A família da brasileira em Salvador vai pedir ajuda do Itamaraty para conseguir trazer o corpo e obter a guarda da filha do casal de 5 anos de idade.
O disparo atingiu as costas de Rita e foi feito dentro do próprio carro de Joaquim, que a estava esperando estacionado em frente ao escritório, por volta das 10h55 (7h55 de Brasília). A Rua San Juan de Rabanera, uma das principais da cidade, estava lotada e a vítima ainda foi socorrida por paramédicos espanhóis, mas morreu ainda na rua. Segundo a polícia espanhola, não havia registros de denúncias relacionadas com o casal e nenhuma medida judicial determinando afastamento dos cônjugues.
No entanto, a família acredita que Rita já previa uma atitude violenta, pois o marido era muito ciumento e teria afirmado que não admitiria a hipótese da separação. “Ele praticava caça e disse que a mataria da mesma maneira como se mata um animal caso o processo de divórcio tivesse prosseguimento. Ele é um covarde, atirou pelas costas”, desabafou o irmão Josinaldo Santos Alves. O temor de Rita com a própria vida era tanto que ela convidou dois, dos sete irmãos, para morar na Europa. As duas estavam com ela no momento do atentado.
Apesar da tristeza com a notícia da morte da filha, a mãe, dona Maria da Natividade Santos, 59 anos, vai tentar de todas as formas conseguir a guarda da única filha do casal que vive na Espanha. “Ela não tem como ficar lá, pois a mãe do Joaquim tem problemas de saúde graves e os dois tios por parte de pai são deficientes mentais”, declarou, pouco depois de saber que a família de Joaquim já estaria se movimentando para assegurar a permanência da criança com a avó materna. Até a noite de ontem, o corpo não havia sido liberado e não há certeza sobre o local do sepultamento, por causa do alto custo do traslado. O pai da vítima, Antonio da Silva Alves, que mora no município de Presidente Tancredo Neves, a 273km de Salvador, chegou à capital ontem à noite para ficar perto dos filhos.
Rita casou-se com Joaquim em 2001, três anos depois de conhecê-lo durante uma das viagens de férias do espanhol à capital baiana. Durante os primeiros anos, a vida do casal foi de felicidade e realizações. Eles se mudaram para a pequena cidade de Sória, capital da província de mesmo nome, com 35 mil habitantes. Ela abriu uma loja de confecções, não enfrentava problemas financeiros e veio o nascimento da filha. O casal sempre manteve a rotina de uma vez por ano vir para o Brasil visitar a família.
A última vez que a mãe viu a filha foi no final do ano, quando todos passaram o Reveillon em Guarajuba. Rita não contou nada para a mãe sobre o divórcio que dera entrada desde o início de dezembro, mas todos perceberam o desgaste no relacionamento provocado principalmente pelo temperamento ciumento de Joaquim. “Parecia mesmo uma despedida, uma indicação que algo ia acontecer. Eu pedi tanto a ela para que não retornasse com ele”, declarou a mãe, Maria Natividade.
Fonte: Correio da Bahia

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