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quarta-feira, agosto 03, 2022

Modalidades de traição




Sou exemplo do adultério mental: tive um namoro intenso com Deborah Secco, e nunca nos termos conhecido é mero detalhe. 

Por João Pereira Coutinho (foto)

Para ter sucesso na vida não basta ser estúpido; é preciso também ter boas maneiras. Assim falava Voltaire.

Falava bem. Estúpidos com boas maneiras sempre chegam longe. E, quando aplicam o seu talento a certas áreas —política, economia, livros de autoajuda—, está encontrado o caminho para a fortuna.

Deixemos ficar a política e a economia para outro dia. Como resistir à autoajuda, sobretudo em matéria amorosa?

Eu não resisto. Leio no jornal The Independent que os ditos "especialistas" em relações sentimentais (risadas?) encontraram cinco formas de infidelidade. Todas elas partilham a mesma gramática —secretismo, engano e volatilidade emocional.

Mas nem todas apresentam as mesmas manifestações. A infidelidade física é a mais comum. Você conhece: dois corpos que se encontram, se beijam, se unem —e alguém está enganando alguém.

Ou ambos estão enganando os respectivos parceiros.

Não é a única infidelidade que importa. Em segundo lugar, é preciso ter atenção à infidelidade mental. Repito: mental. Dizem os "especialistas" que fantasiar faz parte da natureza humana (a sério?); mas a infidelidade só acontece quando essas fantasias dominam a sua vida e, no limite, destroem a relação.

Sou o exemplo vivo disso: durante alguns anos, tive um namoro intenso com Deborah Secco. O fato de nunca nos termos conhecido não passava de um detalhe para as minhas namoradas. "Pode ficar com ela!", gritavam na minha cara, antes de baterem a porta.

Em terceiro lugar vem a infidelidade sentimental: é quando você começa a sentir algo pela mulher do vizinho, do amigo, do chefe, sem jamais consumar essa atração.

Em quarto, vem a infidelidade virtual. As redes sociais potenciaram esses dramas: dois usuários encontram-se no ciberespaço e começam a trocar "likes" e emojis com uma paixão insana. Nove meses depois, pode nascer um blog.

Finalmente, vem a infidelidade monetária. Como? Eu explico como: veja seu cartão de crédito e verá que ela, ou ele, já tem outro, ou outra. Os nomes mais comuns do rival costumam oscilar entre Hugo (Boss) e Carolina (Herrera).

Por mais exaustiva que seja essa lista, sinto que ainda faltam algumas modalidades de traição. Com o devido respeito aos "especialistas", sugiro mais essas cinco:

"Infidelidade Frankenstein": atração por um outro corpo, mas não pela totalidade dele. Só por uma das partes —a clavícula, a tíbia, eventualmente as falangetas das mãos ou dos pés.

"Infidelidade Dolly": existe atração, eventualmente consumação, mas com um exemplar ruminante bovídeo da sub-família caprina, ou seja, com uma ovelha. Foi Woody Allen quem diagnosticou o fenômeno em 1972 com "Tudo o que Você Sempre Quis Saber Sobre Sexo Mas Tinha Medo de Perguntar".

"Infidelidade paranormal": a relação é estabelecida com outra pessoa, já morta, mas presente em espírito.

"Infidelidade gastronômica": fique tranquila, ele ama você, mas ama mais a geladeira.

"Infidelidade neurológica": "Querido, isso não é o que você está pensando".

E por falar em traição: o governo espanhol lançou uma campanha para afirmar que "todos os corpos são corpos de praia". Na imagem, vemos cinco mulheres, de todas as formas e feitios, curtindo o sol estival.

A mensagem do governo é clara: preconceitos sobre o corpo feminino não são aceitáveis. A praia é de todo mundo —gordos e magros, novos e velhos.

Infelizmente, esta sábia recomendação não foi observada pela própria campanha do governo, que usou as imagens das mulheres sem pedir autorização a elas.

Pior: usou as imagens e, em certos casos, editou-as. A modelo Sian Green-Lord, que tem uma prótese na perna esquerda, ficou com uma perna nova e funcional; e a atriz Juliet FitzPatrick, que fez uma dupla mastectomia, aparece num outro corpo (e com um seio intacto).

O que espanta nessa história não é apenas a gritante contradição entre a teoria e a prática. É verificar, uma vez mais, que nada disso teria acontecido se o governo progressista de Pedro Sánchez não tivesse criado um problema onde ele não existia. Todos os corpos são corpos de praia? Basta frequentar uma para saber que sempre foi assim.

Eis um caso em que a estupidez não veio acompanhada pelas boas maneiras. Deu no que deu.

Folha de São Paulo

EUA vende sistema de defesa antimísseis para Arábia Saudita e Emirados por US$ 5 bilhões




Os Estados Unidos anunciaram, nesta terça-feira (2), a aprovação da venda para a Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos de sistemas de defensa antimísseis Patriot e THAAD por mais de US$ 5 bilhões.

Em comunicado, o Departamento de Estado declarou sua intenção de vender para Riade 300 mísseis Patriot e seu equipamento por US$ 3,05 bilhões.

A venda permitirá que o reino saudita "reabasteça seu estoque esgotado de mísseis Patriot", usados para defender o território de ataques de drones de rebeldes houthis do vizinho Iêmen, diz o texto.

Mergulhado em uma das piores crises humanitárias do mundo, o Iêmen é devastado por um conflito que opõe forças governamentais, apoiadas por uma coalizão militar liderada pela Arábia Saudita desde 2015, contra rebeldes houthis apoiados pelo rival de Riade, o Irã, na região.

Washington também aprovou a venda de dois sistemas antimísseis THAAD (Theater High Altitude Area Defense), com 96 mísseis, para os Emirados Árabes Unidos, parceiro da Arábia Saudita no conflito no Iêmen, por um total de US$ 2,25 bilhões.

Os mísseis Patriot são fabricados pelo grupo norte-americano Raytheon, enquanto os sistemas THAAD são produzidos pela Lockheed Martin.

Estas vendas de armas foram reveladas num momento em que a ONU anunciou a prorrogação de última hora da trégua em vigor no Iêmen, o país mais pobre da Península Arábica, por "mais dois meses" na esperança de "intensificar" a negociações para alcançar uma paz mais "duradoura" neste país devastado por quase oito anos de guerra.

AFP / Estado de Minas

Presidente da Câmara dos Deputados dos EUA chega a Taiwan




Visita de Nancy Pelosi é criticada pela China

Por Patricia Zengerle e Michael Martina 

Taipé - A presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, chegou a Taiwan nesta terça-feira (2), iniciando uma visita que Pequim tinha advertido contrariamente, dizendo que isso prejudicaria as relações sino-americanas.

Pelosi está em uma viagem pela Ásia que inclui visitas anunciadas a Singapura, Malásia, Coréia do Sul e Japão.

Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores disse no início desta semana que qualquer visita de autoridades norte-americanas a Taiwan seria "uma interferência grosseira nos assuntos internos da China" e alertou que "o Exército de Libertação do Povo Chinês nunca ficará de braços cruzados".

Direitos humanos

Há mais de 30 anos, Pelosi irritou o governo da China ao aparecer na Praça da Paz Celestial e mostrar uma faixa em homenagem aos dissidentes mortos nos protestos de 1989.

Nesta terça-feira, a congressista desconsiderou as advertências da China e desembarcou em Taiwan para apoiar seu governo e se reunir com ativistas de direitos humanos.

A viagem de Pelosi é o auge de décadas das principais críticas norte-americanas ao governo chinês, especialmente em questões de direitos, e ressalta a longa história de adoção, pelo Congresso dos EUA, de uma linha mais dura do que a Casa Branca nas negociações com Pequim.

Segunda na linha sucessória à presidência dos EUA, depois da vice-presidente Kamala Harris, Pelosi se tornou a representante política mais importante dos EUA a viajar para Taiwan desde o então presidente da Câmara, Newt Gingrich, em 1997. Ela lidera uma delegação de seis outros membros da Câmara.

Em 1991, dois anos após a sangrenta repressão da China às manifestações pró-democracia, Pelosi e dois outros parlamentares dos EUA apresentaram uma faixa na Praça da Paz Celestial que dizia: "Aos que morreram pela democracia na China". A polícia se aproximou, forçando-os a deixar a praça.

Em 2015, ela levou um grupo de democratas da Câmara ao Tibete, a primeira visita desse tipo desde a agitação generalizada em 2008. Pelosi tem falado regularmente sobre questões de direitos humanos no Tibete e se encontrou com o Dalai Lama, que Pequim considera um separatista violento.

Reação

A China vê as visitas de autoridades dos EUA a Taiwan como um sinal encorajador para o campo pró-independência da ilha. Washington não tem laços diplomáticos oficiais com Taiwan, mas os EUA são legalmente obrigados a fornecer os meios para que a ilha se defenda.

Kharis Templeman, especialista em Taiwan da Hoover Institution da Universidade de Stanford, disse que Pelosi, de 82 anos, estaria procurando cimentar seu legado ao sinalizar apoio a Taiwan contra a pressão de Pequim.

"E que pessoa melhor para enviar esse sinal do que a própria presidente da Câmara? Então ela está em uma posição simbólica muito poderosa para se colocar contra o PCC", afirmou Templeman, referindo-se ao Partido Comunista Chinês.

Pequim considera Taiwan parte de seu território e nunca renunciou ao uso da força para colocar a ilha sob seu controle. Taiwan rejeita as reivindicações de soberania da China e diz que apenas seu povo pode decidir seu futuro.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, disse que uma viagem levaria a "desdobramentos e consequências muito graves".

Analistas disseram que a resposta de Pequim provavelmente será simbólica. "Acredito que a China tentou sinalizar que sua reação deixaria os EUA e Taiwan desconfortáveis, mas não causaria uma guerra", afirmou Scott Kennedy, analista sobre China no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais de Washington.

O Congresso norte-americano há muito adota uma linha mais dura em relação a Taiwan do que a Casa Branca, não importando se estão no comando os democratas, como o presidente Joe Biden e Pelosi, ou os republicanos.

Os republicanos apoiaram a viagem de Pelosi. "Qualquer membro que queira ir, deve ir. Isso mostra dissuasão política ao presidente Xi", disse o deputado Michael McCaul, principal republicano do Comitê de Relações Exteriores da Câmara, à NBC News.

Reuters / Agência Brasil

***

Nancy Pelosi chega a Taiwan sob protestos da China

Presidente da Câmara dos EUA é a mais alta representante americana a visitar a ilha em 25 anos. Regime de Pequim vê gesto como apoio à independência de Taipei e anuncia exercício militar ao redor de Taiwan.

A presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, desembarcou em Taiwan nesta terça-feira (02/08) para uma visita que não fora confirmada até a última hora, e que ocorre apesar de incisivos alertas da China sobre possíveis consequências militares e diplomáticas da iniciativa.

O avião da Força Aérea americana que Pelosi está utilizando em seu giro pela Ásia deixou a capital da Malásia, Kuala Lumpur, e voou por uma rota estendida para chegar a Taipei contornando o Mar do Sul da China. Transmissões ao vivo pela televisão mostraram-na sendo recebida no aeroporto Songshan, em Taipei, pelo ministro das Relações Exteriores de Taiwan, Joseph Wu.

Pouco antes da chegada de Pelosi, a mídia estatal de Pequim noticiou que caças chineses atravessaram o Estreito de Taiwan, que separa a China continental de Taiwan. Não ficou imediatamente claro qual seria a missão deles.

Pelosi é a mais alta autoridade americana a visitar Taiwan em 25 anos. Em um comunicado, a deputada de 82 anos disse que a visita da delegação americana à ilha "honra o compromisso inabalável da América de apoiar a democracia vibrante de Taiwan".

Taiwan é uma ilha autogovernada, com um regime democrático e politicamente próxima de países do Ocidente, e uma importante produtora de chips eletrônicos. A ilha declarou sua independência da China em 1949, mas Pequim a considera parte de seu território.

O presidente americano, Joe Biden, havia indicado que as Forças Armadas dos EUA não consideravam uma boa ideia a visita de Pelosi neste momento, no qual as tensões geopolíticas já estão acirradas pela guerra na Ucrânia.

"Solidariedade" com Taiwan

Pelosi afirmou que as conversas com os líderes de Taiwan se concentrariam na promoção de interesses compartilhados e na promoção de uma região do Indo-Pacífico livre e aberta.

"A solidariedade americana com os 23 milhões de taiwaneses é hoje mais importante do que nunca, enquanto o mundo enfrenta uma escolha entre autocracia e democracia", disse ela. 

O giro de Pelosi pela Ásia incluiu visitas a Cingapura, Malásia, Coreia do Sul e Japão. A mídia taiwanesa havia noticiado na segunda-feira que ela era esperada para uma visita ao Parlamento de Taiwan, mas a viagem não fazia parte de seu itinerário oficial.

China anuncia exercícios militares

A chegada de Pelosi foi imediatamente criticada por Pequim. O ministério das Relações Exteriores chinês disse que o gestou violou a soberania e a integridade territorial da China e afetou severamente os fundamentos políticos das relações entre Pequim e Washington. O ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, afirmou que os políticos americanos que "brincam com o fogo" na questão de Taiwan "não terminariam bem".

A Xinhua, agência de notícias oficial da China, informou que os militares chineses realizariam treinamentos com munições reais de quinta-feira a domingo nas águas que circundam Taiwan. No início desta semana, Pequim já havia advertido que haveria "desenvolvimentos e consequências muito sérias" se Pelosi visitasse Taiwan.

O presidente chinês, Xi Jinping, considera a "reunificação" com Taiwan um objetivo fundamental, e não descartou o possível uso da força para alcançar isso. Já Taiwan rejeita as reivindicações de soberania da China e diz que somente seu povo pode decidir o futuro da ilha.

Washington segue uma política de "uma só China" e reconhece diplomaticamente apenas Pequim, e não Taipei, o que significa que Taiwan não tem uma relação diplomática oficial com os Estados Unidos. No entanto, os EUA fornecem apoio político e militar considerável a Taiwan.

A China exige que os países escolham entre manter relações formais com Pequim ou com Taipei. Apenas 14 países do mundo mantêm relações diplomáticas oficiais com Taiwan.

Deutsche Welle

Acordos e chantagens




Por Carlos Andreazza (foto)

Os acordos de Brasília. A gente escuta sobre o que tratariam e parece difícil de acreditar. Mas todo o “difícil de acreditar” deve ser relativizado ante a existência — foi notícia — de ministros do STF em peleja pública para que suas influências políticas prevaleçam. No caso, para que o indicado de Jair Bolsonaro ao STJ fosse o afilhado de um em detrimento do de outro.

Fala-se mesmo que um teria ameaçado retirar o apoio ao presidente da República. Refiro-me a um ministro do Supremo; que ameaçava não mais apoiar o chefe de Estado caso o escolhido fosse o desafeto apadrinhado por outro ministro do STF. Temos: ministro de Corte constitucional que apoia presidente da República; e ameaça lhe retirar apoio.

Afinal, levou o que queria.

Não deixa de ser façanha, ainda que alcançada via chantagem. Bolsonaro é um traidor contumaz. Mas precisava — precisa — daquele supremo apoio. Precisa muito mais de confrontos.

Escrevo isso a propósito de uma ideia de acordo ventilada nos últimos dias. A plantação segundo a qual os civis do Planalto, os supostos moderados, trabalhariam para convencer o TSE, a partir da futura presidência de Alexandre de Moraes, a aceitar conjunto de propostas do Ministério da Defesa para as urnas eletrônicas.

É furada. Armadilha. A História ensina. Vide o episódio, movido a boa-fé, por meio do qual o tribunal convidou os militares a participar da tal comissão de transparência. Ofereceu espaço, abriu a casa, e os infiltrados de Bolsonaro, legitimados à mesa, logo subiram na cama, de coturno, desde onde — desde dentro — aumentaram o volume dos ataques à credibilidade do sistema eleitoral.

Não pode haver nenhum acordo. Porque, em termos conceituais, havendo ainda alguma República, juízes não fazem acordos com agentes políticos. E porque, em termos objetivos, havendo Brasília, já existem elementos suficientes para saber que em Bolsonaro não se confia.

Não é de hoje que os que fazem acordo com Bolsonaro servem a um teatro de traição em que — mui bem alimentados — aceitam o papel de traídos. Arthur Lira nunca foi traído. O Congresso rejeitou, soberanamente, o projeto para votação impressa. Naquela ocasião, o presidente garantiu que, derrotada a PEC, desistiria da pregação contra a urna eletrônica. Não desistiu. De lá para cá, acirrou a agressividade. E o que houve? A sociedade entre Bolsonaro e Lira, lavrada na forma do orçamento secreto, só se aperfeiçoou. (Traído foi o Parlamento.)

Não existem moderados a serviço de Bolsonaro. Nem militares nem civis. Ou se é moderado, ou se tem poder.

Quem faz acordo com Bolsonaro ou é trouxa, e será emboscado, ou é Lira. (Não há trouxas.) Ou trouxa, ou oportunista radical. Já escrevi e repito: oportunistas radicais se adaptam. Sob o bolsonarismo, para o amplo exercício do oportunismo, será preciso radicalizar. Oportunistas radicais se radicalizam. Ciro Nogueira, por exemplo. Seria o amortecedor. Hoje — mais poderoso que nunca — aplaude o presidente chamando ministros do Supremo de “surdos de capa preta” e convocando novo 7 de Setembro. Virou mola de autocrata. Um oportunista radical que se radicalizou em nome dos negócios, sócio de Bolsonaro, gestor do orçamento secreto, senhor da Codevasf e do FNDE.

Não à toa, atenção, a proposta de acordo, que seria negociada por esses moderados com Moraes, vale-se da projeção do 7 de Setembro e tem por corpo a chantagem. O TSE cederia, incorporaria as demandas das Forças Armadas, em troca de os eventos bolsonaristas no Dia da Independência transcorrerem sem novos ataques ao STF e às instituições republicanas.

Chantagem.

Outrora dedicado servidor parlamentar de Dilma Rousseff, a quem chamava de presidenta, o ora radicalizado Fábio Faria, ministro das Comunicações, deu a letra em entrevista ao GLOBO, em 28 de julho. Questionado sobre os ataques de Bolsonaro a ministros do Supremo e ao sistema eleitoral, disse:

— Vai ter uma solução aí no próximo mês.

Referia-se ao acordo. Declarou crer “em uma solução pacífica”, a ser promovida por “discussão entre o presidente do TSE e o presidente da República”. Moraes e Bolsonaro. Que tal?

Mais adiante, questionado sobre o presidente haver convocado apoiadores às ruas pela “última vez”, deu a senha:

— No 7 de Setembro, se tiver tudo solucionado, o que é que tem as pessoas irem às ruas de verde e amarelo?

Se estiver tudo solucionado. Né? O que significará, na gramática populista, estar tudo solucionado? E se não estiver? Sabemos que não estará; ou não existiria bolsonarismo, cuja competitividade depende do conflito. É convite a armadilha.

Faria desenha:

— O presidente se elegeu pela democracia. Ele quer mais transparência. Esse assunto está sendo tratado. Não acredito que vá passar de agosto. Não acredito que a gente vai ter um 7 de Setembro sem isso resolvido.

É convite transparente a armadilha por meio de chantagem. Ofereça a mão — e perca a cabeça.

O Globo

Mudanças climáticas: possibilidade de extinção humana precisa ser estudada, defendem pesquisadores




Os possíveis resultados catastróficos das mudanças climáticas — incluindo até mesmo a possibilidade de extinção dos seres humanos — não estão sendo levados a sério o suficiente pelos cientistas, diz um novo estudo.

Os autores dizem que as consequências de um aquecimento global mais extremo são "perigosamente pouco exploradas".

Os cientistas do estudo argumentam que o mundo precisa começar a se preparar para a possibilidade do que eles chamam de "resultado final" do aquecimento global. Eles também fazem um apelo aos cientistas da ONU para que investiguem o risco de mudanças catastróficas no ambiente.

De acordo com esse novo estudo, as maiores tentativas de abordar como as mudanças climáticas levariam a uma catástrofe global foram feitas por livros de ciência popular, como A Terra Inabitável, de David Wallace-Wells, e não por pesquisa científica convencional.

Nos últimos anos, os cientistas do clima estudaram com mais frequência os impactos do aquecimento de cerca de 1,5°C ou 2°C acima das temperaturas observadas em 1850, antes do início da industrialização global.

Esses estudos mostram que manter as temperaturas próximas a esses níveis neste século sobrecarregará as economias globais, mas não preveem o fim da humanidade.

Os pesquisadores se concentraram nesses cenários de temperatura mais baixa por boas razões.

Quase todos os países do planeta assinaram o acordo climático de Paris, que visa manter o aumento das temperaturas globais "bem abaixo" de 2°C neste século e fazer esforços para mantê-lo abaixo de 1,5°C.

Por isso é natural que os governos peçam a cientistas que mostrem exatamente o que esse tipo de mudança significaria.

Mas o novo estudo diz que não foi dada atenção suficiente aos resultados mais extremos das mudanças climáticas.

"Acho que é uma gestão de risco sensata pensar nos piores cenários possíveis. Se fazemos isso em todas as outras situações, definitivamente devemos fazer quando se trata do destino do planeta e das espécies", diz Luke Kemp, principal autor do estudo, da Universidade de Cambridge.

Os pesquisadores descobriram que as estimativas dos impactos de um aumento de temperatura de 3°C estão sub-representadas em comparação com sua probabilidade.

Usando modelos climáticos, o relatório mostra que — nesse tipo de cenário — em 2070 cerca de 2 bilhões de pessoas vivendo em algumas das áreas politicamente mais frágeis do mundo estariam enfrentando temperaturas médias anuais de 29°C.

"Temperaturas médias anuais de 29°C afetam atualmente cerca de 30 milhões de pessoas no Saara e na Costa do Golfo", diz o coautor do estudo, Chi Xu, da Universidade de Nanjing.

"Até 2070, essas temperaturas e as consequências sociais e políticas afetarão diretamente duas potências nucleares e sete laboratórios de contenção máxima que abrigam os patógenos mais perigosos. Há um sério potencial para efeitos desastrosos em cadeia", disse ele.

'Os impactos futuros das mudanças climáticas extremas não foram totalmente explorados'

O relatório diz que as altas temperaturas não são o único problema. Há também os efeitos indiretos, como crises alimentares e financeiras, conflitos e surtos de doenças.

Os cientistas dizem que deve haver mais atenção na identificação de possíveis pontos de inflexão, onde o aumento do calor desencadeia outro evento natural que aumenta ainda mais as temperaturas — como as emissões de metano do derretimento do permafrost ou das florestas que começam a emitir carbono em vez de absorvê-lo.

Para avaliar adequadamente todos esses riscos, os autores estão solicitando ao Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas que realize um relatório especial sobre mudanças climáticas catastróficas.

Os pesquisadores disseram que estudar a fundo as consequências dos piores cenários é fundamental, mesmo que isso possa assustar as pessoas.

Eles dizem que uma pesquisa assim permitiria aos cientistas considerar alternativas de emergência, como engenharia climática, que podem envolver o bombeamento de gases refrigerantes na atmosfera. Os pesquisadores seriam capazes de realizar uma análise de risco para essas intervenções drásticas. Focar nos piores cenários também pode ajudar a educar as pessoas — e pode até reduzir as probabilidades de alguns desses cenários virarem realidade.

"Entender esses cenários plausíveis, mas sombrios, é algo que pode angariar apoio junto à opinião política e civil", diz Kemp.

"Vimos isso quando se identificou a ideia de um inverno nuclear que ajudou a impulsionar muitos esforços públicos, bem como o movimento de desarmamento ao longo dos anos 1970 e 1980."

"E espero que, se pudermos encontrar mecanismos concretos e claros semelhantes quando se trata de pensar sobre as mudanças climáticas, também tenha um efeito semelhante".

O apelo por um estudo profundo de cenários mais extremos vai agradar a muitos ativistas climáticos mais jovens, que dizem que o tema não é abordado porque poderia assustar as pessoas e levá-las à inação.

"É vital que tenhamos pesquisas em todas as áreas das mudanças climáticas, incluindo a assustadora realidade de eventos catastróficos", diz Laura Young, ativista climática, de 25 anos de idade.

"Isso ocorre porque sem toda a verdade e todos os impactos potenciais, não faremos as escolhas informadas de que precisamos e não estaremos conduzindo a ação climática com pressão suficiente."

O estudo foi publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

A repórter de clima e ciências da BBC, Ella Hambly, colaborou.

BBC Brasil

O plano de Bolsonaro para o 7 de setembro: juntar militares e militantes




Bolsonaro quer misturar seus militantes com os militares, num desfile conjunto de maneira a assombrar a República. 

Por Guilherme Macalossi (foto) 

Jair Bolsonaro tem planos ambiciosos para o próximo 7 de setembro. A celebração da independência será novamente instrumentalizada em nome da marcha do presidente contra as instituições. É típico do populismo premeditadamente confundir valores pátrios com suas próprias bandeiras políticas, dando a falsa impressão de que são as mesmas coisas. Mas ele não se contenta apenas com isso. Agora quer misturar seus militantes com os militares, num desfile conjunto de maneira a assombrar a República.

Ao lado de heróis como Eduardo Cunha, o presidente aproveitou a convenção do Republicanos para anunciar o que pretende fazer: “Às 16 horas do dia 7 de Setembro, pela primeira vez, as nossas Forças Armadas e as nossas irmãs Forças Auxiliares [PM e Corpo de Bombeiros] estarão desfilando na Praia de Copacabana, ao lado de nosso povo. O nosso Rio de Janeiro, cartão postal do Brasil, um estado aliado de todos nós, aliado da economia de São Paulo, vamos mostrar que o nosso povo, mais do que querer, tem o direito e exige paz, democracia, transparência e liberdade".

Ainda repercute a reunião que Bolsonaro promoveu junto aos embaixadores para difamar o sistema de votação brasileiro. Entidades das mais variadas se solidarizaram com o TSE, reforçando a credibilidade de seu trabalho. Ao mesmo tempo, em nota, a embaixada dos Estados Unidos reforçou sua confiança em nossas instituições democráticas e em nosso modelo de votação, considerado exemplar “para as nações do hemisfério e do mundo”.

Parte da sociedade também se mobilizou, daí por meio de um manifesto público em favor da própria democracia. Os subscritos não se restringiram a personalidades identificadas com a oposição, apesar do esforço do Palácio do Planalto de, por seus esbirros, tentar vender essa narrativa simplificadora e mistificadora. Dentre as centenas de milhares de assinaturas também houve a adesão de setores importantes da economia produtiva e do mercado financeiro. Na visão de fanáticos, todos ali não passam de perigosos comunistas. O tom galhofeiro com que Bolsonaro reagiu ao documento só denota o quão preciso foi o teor do texto ao evidenciar o que se passa no país.

Assim como a live em que divulgou o inquérito da invasão hacker ao sistema do TSE serviu para Bolsonaro mobilizar suas bases para o 7 de setembro do ano passado, a sessão de ataques às urnas eletrônicas para uma plateia internacional cumpre o mesmo propósito para o próximo. Apesar de se direcionar a representes de outros países, o que o presidente faz é instar seus apoiadores, que precisam ser permanentemente alimentados para o conflito político. A ideia agora é reforçar a turma com o pessoal da caserna.

Em agosto de 2021, tanques da Marinha desfilaram em Brasília no dia em que o Congresso Nacional votava e rejeitava a PEC do voto impresso. Uma coincidência intimidatória, para dizer o mínimo. Ficou para a história a imagem dos blindados enferrujados a queimar diesel pela esplanada. É inegável que a fumaça escura e a fuligem que eles exalaram combinará com a paleta de mensagens obscurantistas que seus militantes vituperam nas ruas.

Gazeta do Povo (PR)

Pelosi em Taiwan: como a China perdeu a ilha e qual a situação atual da 'Província rebelde'




O governo dos Estados Unidos disse que a China ameaçou realizar "provocações militares" contra Taiwan — como disparo de mísseis perto da ilha — caso a presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, visitasse Taiwan. Apesar das ameaças, Pelosi pousou na ilha no final da manhã desta terça-feira (02/08), no horário de Brasília.

Por David Brown

A China vê Taiwan como uma Província separatista que um dia voltará a estar sob o controle de Pequim.

No entanto, Taiwan se vê como um país independente, com sua própria Constituição e líderes democraticamente eleitos.

O presidente da China, Xi Jinping, diz que a "reunificação" com Taiwan "deve ser cumprida" — e não descartou o possível uso da força para conseguir isso.

Onde fica Taiwan?

Taiwan é uma ilha a cerca de 160 quilômetros da costa sudeste da China.

Ela fica na chamada "primeira cadeia de ilhas", que inclui uma lista de territórios aliados dos EUA que são cruciais para a política externa americana.

Se a China assumir o controle de Taiwan, alguns especialistas ocidentais acreditam que ela projetaria seu poder na região oeste do Pacífico, ameaçando bases militares dos EUA em pontos distantes, como Guam e Havaí.

Mas a China insiste que suas intenções são puramente pacíficas.

Taiwan sempre foi separada da China?

Fontes históricas apontam que a ilha ficou sob controle total chinês pela primeira vez no século 17, quando a dinastia Qing passou a administrá-la. Em 1895, eles entregaram a ilha ao Japão depois de perder a primeira guerra sino-japonesa.

A China tomou a ilha novamente em 1945, depois que o Japão perdeu a Segunda Guerra Mundial.

Mas uma guerra civil eclodiu na China continental entre as forças do governo nacionalista lideradas por Chiang Kai-shek e o Partido Comunista de Mao Tse-tung.

Os comunistas venceram em 1949 e assumiram o controle em Pequim.

Chiang Kai-shek e o que restou do partido nacionalista — conhecido como Kuomintang — fugiram para Taiwan, onde governaram pelas próximas décadas.

A China cita essa parte da história para dizer que Taiwan é na sua origem uma Província chinesa. Mas os taiwaneses citam a mesma história para argumentar que nunca fizeram parte do Estado chinês moderno, que foi formado após a revolução em 1911 — ou da República Popular da China que foi estabelecida sob Mao em 1949.

'Chiang Kai-shek e o Kuomintang fugiram para Taiwan'

O Kuomintang tem sido um dos partidos políticos mais proeminentes de Taiwan desde então — governando a ilha por uma parte significativa de sua história.

Atualmente, apenas 13 países (além do Vaticano) reconhecem Taiwan como um país soberano.

A China exerce uma pressão diplomática considerável sobre outros países para que não reconheçam Taiwan ou façam qualquer coisa que implique reconhecimento.

O ministro da Defesa de Taiwan disse que as relações com a China estão na sua pior fase em 40 anos.

Taiwan pode se defender?

A China poderia tentar fazer a "reunificação" por meios não militares, como o fortalecimento dos laços econômicos.

Em caso de confronto militar, as Forças Armadas da China superariam em muito às de Taiwan.

A China gasta mais do que qualquer outro país em defesa, tirando os EUA. O país conta com uma enorme variedade de capacidades, desde poder naval até tecnologia de mísseis, aeronaves e ataques cibernéticos.

Em um conflito aberto, alguns especialistas ocidentais preveem que Taiwan poderia, na melhor das hipóteses, tentar retardar um ataque chinês, impedir um desembarque em terra por forças anfíbias chinesas e realizar ataques de guerrilha enquanto espera por ajuda externa.

Essa ajuda pode vir dos EUA, que vendem armas para Taiwan.

A política de "ambiguidade estratégica" de Washington tem como objetivo não esclarecer sobre se ou como defenderiam Taiwan no caso de um ataque.

Diplomaticamente, os EUA aderem à política de "Uma Só China", que reconhece apenas um governo chinês — em Pequim — e possuem laços formais com a China, e não com Taiwan.

Mas em maio, o presidente dos EUA, Joe Biden, pareceu endurecer a posição de Washington. Questionado se os EUA defenderiam Taiwan militarmente, Biden respondeu que sim.

A Casa Branca insiste que Washington não mudou sua posição.

A situação está piorando?

Em 2021, a China pareceu aumentar a pressão enviando aeronaves militares para a Zona de Defesa Aérea de Taiwan, uma área onde aeronaves estrangeiras são identificadas, monitoradas e controladas "por interesse da segurança nacional".

Taiwan tornou públicos os dados sobre incursões de aviões em 2020.

O número de aeronaves relatadas atingiu o pico em outubro de 2021, com 56 incursões em um único dia.

Por que Taiwan é importante para o resto do mundo?

A economia de Taiwan é extremamente importante.

Grande parte dos equipamentos eletrônicos do dia a dia do mundo — de telefones a laptops, relógios e consoles de jogos — usa chips de computador fabricados em Taiwan.

Uma única empresa de Taiwan — a Taiwan Semiconductor Manufacturing Company ou TSMC — domina mais da metade do mercado mundial.

A TSMC é a chamada "fundição" — uma empresa que fabrica chips projetados por outros clientes, até mesmo militares. É uma indústria que valia quase US$ 100 bilhões em 2021.

O povo taiwanês está preocupado?

Apesar das recentes tensões entre China e Taiwan, pesquisas indicam que muitos taiwaneses estão relativamente tranquilos.

Em outubro de 2021, a Fundação de Opinião Pública de Taiwan perguntou às pessoas se elas achavam que haveria uma guerra com a China algum dia.

Quase dois terços (64,3%) responderam que não.

Diferentes pesquisas indicam que a maioria das pessoas em Taiwan se identifica como taiwanesa.

Pesquisas realizadas pela Universidade Nacional de Chengchi desde o início da década de 1990 indicam que a proporção de pessoas que se identificam como chinesas (ou chinesas e taiwanesas) caiu, e que a maioria das pessoas se considera hoje taiwanesa.

BBC Brasil

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