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segunda-feira, janeiro 03, 2022

PT vai deixar vice de lado e priorizar alianças estaduais no início do ano

 




Fato de liderar todas as pesquisas de intenção de voto dá ao partido de Lula o ''mando de campo'' nas conversas

Por Denise Rothenburg 

O PT vai deixar a polêmica em torno do candidato à vice-presidência na geladeira, nesta largada de 2022. A ordem é tratar, primeiramente, das conversas estaduais e, nesse contexto, a federação de partidos.

Em princípio, o PT não assumirá qualquer compromisso com candidato a vice antes de verificar qual o jogo que melhor lhe convém. E o fato de liderar todas as pesquisas de intenção de voto dá ao partido de Lula o “mando de campo” nas conversas — e o PT não abrirá mão de exercer esse privilégio.

Quanto à federação de partidos, a tendência é de que o desfecho fique para abril ou maio, depois da janela para troca de legenda, que se abrirá em março. Cada agremiação quer ter fechado seu real tamanho para, depois, tratar da federação.

É que a obrigatoriedade de manter o “casamento” por quatro anos e o receio de terminar “engolido” pelo PT levam o PSB, por exemplo, a pensar duas vezes antes de tomar qualquer decisão.

Última chamada

A declaração do presidente do PSD, Gilberto Kassab, sobre buscar outro nome para concorrer ao governo de São Paulo que não Geraldo Alckmin é, na verdade, um aviso. Se o ex-tucano demorar muito para definir seu destino, a cadeira de candidato a governador estará ocupada. E, diante da intenção do PT de só discutir o vice de Lula mais para frente, o risco de Alckmin ficar a ver navios é grande.

Nublado, sujeito a chuvas

A contar pelas projeções que o secretário de Fazenda do governo de São Paulo, Henrique Meirelles, tem feito em encontros com políticos, as probabilidades para 2022, “na melhor das hipóteses”, indicam crescimento zero. Isso porque, com as taxas de juros nas alturas e o jeitinho para o descumprimento do teto de gastos, a percepção do mercado é de descontrole fiscal.

Sarney reforça o coro…

Em seu artigo que abre a temporada de 2022, o ex-presidente José Sarney menciona as vítimas da covid-19 no Brasil em 2021 e diz que “muitos poderiam ter sido salvos se tivéssemos mantido a tradição brasileira de vacinação expedita, como tantas campanhas bem-sucedidas que fizemos no passado quebrando recordes”.

… por obrigatoriedade da vacinação infantil

E diz Sarney: não há nada de inconstitucional em obrigar a vacinação infantil. “Ser obrigatória não é contra os direitos constitucionais, mas resultado deles, pois a vacinação não é um processo individual, mas um instrumento coletivo em defesa do mais básico dos direitos, o direito à vida”, diz o ex-presidente.

Curtidas

    A cobrança de Sarney/ O desejo de ano novo do ex-presidente José Sarney, colocado em seu primeiro artigo de 2022, é a transformação política: “Já de garganta seca insisto que é preciso corrigir alguns pontos da Constituição para fazê-la ‘instrumento de um país moderno, em que o Legislativo legisle, o governo governe e o Judiciário controle’, como escrevi numa virada de ano há um quarto de século”.

    Pregação no deserto I/ Há 25 anos, Sarney se referia às “mazelas orçamentárias, à dispersão legislativa, às agruras do Judiciário, com cada Poder a sofrer percalços e interferências dos outros”.

    Pregação no deserto II/ Se até agora a reforma do Estado defendida por Sarney ficou na gaveta, não será no ano eleitoral que irá caminhar. Os deputados este ano querem é liberar emendas e mostrar serviço direto ao eleitor. Mas reformas, como a que deseja Sarney, só em 2023.

    Eles vão separados/ A mensagem de feliz ano-novo do diretório estadual do PT paulista no Twitter traz uma foto do ex-ministro e ex-prefeito Fernando Haddad. Justamente para deixar claro que o partido não abre mão de concorrer ao governo de São Paulo. O PSB de Márcio França já se conformou e sabe que terá Haddad como adversário.

Correio Braziliense / Estado de Minas

Verdades secretas




Por Carlos Brickmann (foto)

Ontem, 1º de janeiro, foi Dia da Confraternização Universal. No entanto, as incessantes críticas a Bolsonaro não cessaram. O motivo é que, enquanto a Bahia sofre com as enchentes, Sua Excelência fica de férias, com nutrida e feliz comitiva, nas belas praias de São Francisco do Sul, Santa Catarina.

Quanta perseguição! Espalha-se nas redes sociais um hashtag ofensivo, o #bolsonarovagabundo, só porque o presidente prefere ficar de férias no Sul a enfrentar, ao vivo e em cores, a tragédia que ocorre no Nordeste. Só que...

*Bolsonaro já esteve na Bahia, em Itamaraju, há pouco menos de um mês. Foi quando sua segurança agrediu repórteres da TV Bahia, lembra-se?

*Ele não está pessoalmente no local da tragédia, mas mostra em atitudes sua solidariedade. Passa boa parte do tempo dentro d`água, ocupando gente e equipamentos da Marinha, que poderiam estar lá, e simbolicamente estão;

*É melhor que fique longe, para não atrapalhar o serviço.

E não é verdade que Sua Excelência tenha se recusado a exercer as sempre exaustivas tarefas que lhe competem para ficar só descansando. Pois fiquem sabendo que o Mito gastará um de seus dias de descanso cansando-se pelo bem da população. Já na próxima quinta-feira, confirma seu assessor especial tenente Mosart Aragão, Bolsonaro participará de um futebolzinho solidário em Buriti Alegre, Goiás, com os cantores Gusttavo Lima, Bruno e Marrone.

E agora, maledicentes, joguem ao mar a hashtag #bolsonaro vagabundo.

Questão de preço

O problema dos críticos do Mito deve ser inveja: só porque vai passear em todo feriado prolongado, com fartas comitivas, amigos, família, e tudo por conta do dinheiro dos impostos, querem controlar suas despesas.

Simples: as do ano passado custaram R$ 2.452.586,11, segundo dados oficiais. Quem não gostaria de ter férias dessas sem ter de pagar por elas?

Hora do Brasil

Em 7 de setembro de 1822, d. Pedro proclamou a Independência do Brasil, até então parte do Reino Unido de Portugal e Algarve. Salvador, na Bahia, foi mantida sob controle por forças portuguesas, comandadas pelo general Madeira de Melo, e só se uniu ao Brasil independente em 2 de julho de 1823, quando os comandantes das forças brasileiras (ambos europeus: o almirante inglês Thomas Cochrane e o general francês Pierre Labatut, trazidos por d. Pedro) receberam a rendição do general Madeira.

Neste ano, o Brasil completa 200 anos de independência. Em São Paulo, será reinaugurado o Museu do Ipiranga, restaurado e modernizado. E no Brasil?

Retomar o caminho

Para o Brasil, uma sugestão do sempre excelente colunista Elio Gaspari (publicada em 29 de dezembro na Folha de S. Paulo e O Globo):

    “Parece pouca coisa, mas será uma oportunidade para se pensar numa terra que resolveu andar para a frente com seus 4,7 milhões de habitantes. A máquina do tempo levará os curiosos de 2022 a um bonito momento. No mínimo, livrará os viajantes da mediocridade presente.

    “Em agosto de 1822, {José} Bonifácio redigiu um manifesto às nações amigas. Parece pouca coisa, mas vê-se o seu tamanho quando se sabe que, passados dois séculos, sem motivo plausível, o Brasil encrencou com China, Estados Unidos, França e Chile, noves fora a má vontade com as vacinas, questão pacificada antes mesmo de 1822 pelo pai de Pedro.

    “D. João 6º criou a Junta Vacínica para conter a varíola. Afinal, ela havia matado o seu irmão. Desde 1817 vacinavam-se crianças no Rio.”

Claro, claro

Tudo bem, cada petista pode pensar o que quiser, desde que faça o que seu ídolo máximo, o ex-presidente Lula, determina que seja feito. Mas vale como curiosidade: José Genoíno é um dos petistas que mais resistem à união entre Lula e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin. Tem prestígio no partido, do qual foi fundador e presidente; quando enfrentou dificuldades enfrentou-as sozinho, não delatou ninguém.

Sem dúvida o partido fará o que Lula quiser. É interessante ler os argumentos de Genoíno (expressos numa live com gente do PSOL) e, mais interessante ainda, entendê-los: "O que está em jogo é se a esquerda socialista será protagonista do enfrentamento do neoliberalismo ou se a esquerda será domesticada, domada para um projeto de melhorismo por dentro de um neoliberalismo com feição progressista”.

Deltan em julgamento

Levou cinco anos, mas a ação de indenização proposta por Lula contra Deltan Dallagnol deve entrar na pauta do Superior Tribunal de Justiça agora em fevereiro. O caso se refere à entrevista coletiva (com PowerPoint) em que o então procurador da Lava Jato colocava Lula no centro de articulações que considerava criminosas. Na opinião de Lula, houve abuso de autoridade.

Brickmann.com.br

Quanta dor

 




Por Dorrit Harazim (foto)

Algumas histórias são eternas. Uma em especial costuma ser relembrada a cada fim de ano graças ao livro de memórias de Bruce Bairnsfather, o capitão britânico na Grande Guerra de 1914-1918 que mais tarde se tornaria um celebrado cartunista europeu. Era seu primeiro Natal naquele conflito mundial que eliminou mais de 21 milhões de vidas, e o narrador tremia de frio numa trincheira enlameada da Bélgica. Ele e seus companheiros do Primeiro Regimento Real passavam dias e noites agachados, num ciclo interminável de insônia e medo, biscoitos azedos e cigarros inutilizados pela chuva. “Lá estávamos, naquela cavidade de argila, a léguas e léguas de casa... sem a menor chance de poder sair dali exceto de ambulância”, descreveu ele. Mais provável que fossem mortos.

Perto das 22h do dia 24, Bairnsfather percebeu um ruído novo no campo de batalha de Ploegsteert, vindo dos boches (como os Aliados chamavam os inimigos alemães). Afinou o ouvido e percebeu, em meio a sombras noturnas, um murmurar de vozes. Seus companheiros também estranharam. Perceberam então tratar-se de cantorias — os temidos soldados do Exército alemão, também entrincheirados e invisíveis, entoavam canções de Natal! Os britânicos decidiram cantar de volta. E subitamente ouviram alguém do lado inimigo gritando algo confuso, em inglês carregado de sotaque germânico. “Venham para cá”, dizia o boche. Um dos sargentos britânicos respondeu: “Nos encontramos a meio do caminho”.

E assim foi. Feito catadores de caranguejos saindo dos manguezais do Delta do Parnaíba, recrutas encharcados dos dois lados começaram a emergir de suas trincheiras e a se olhar como o que eram: apenas homens, homens jovens longe de casa mandados para a guerra. Houve apertos de mão, oferecimento de tabaco e vinho (as provisões dos alemães eram bem melhores que as dos Aliados), e as cantorias bilíngues se estenderam noite adentro. Em troca de cigarros, os ingleses cortavam o cabelo dos alemães. “Naquele dia não disparamos um só tiro, parecia um sonho.”

Também em outros campos de batalha naquele inverno sombrio, pequenos bolsões de soldados franceses, alemães, belgas e britânicos pararam de se matar por um dia no Front Ocidental e voltaram a ser gente. Segundo narrativa de um tenente alemão do 134º Batalhão de Infantaria, Kurt Zehmisch, até mesmo uma bola de futebol murcha se materializou numa unidade britânica, e uma partida improvisada em condições gélidas fez a festa. Entre os muitos relatos daquela trégua espontânea, um soldado irlandês de outra unidade, em carta ao jornal Irish Times, descreveu “uma multidão de oficiais e soldados, ingleses e alemães, agrupados em torno dos muitos soldados mortos que haviam sido recolhidos e alinhados respeitosamente”.

Nos quatro anos seguintes, a Grande Guerra seguiu seu curso de mortandade até então inédita, propiciada pela produção em massa de artefatos bélicos como aviões e armas capazes de fazer 500 disparos por minuto. Nas centenas de conflitos armados posteriores, nunca mais houve espaço para uma trégua como a daquele Natal de 1914.

Em artigo sobre o episódio, para o site do canal History, o escritor A.J. Baime e o historiador Volker Janssen chamam a atenção para um soldado alemão em especial, que desancou seus irmãos de farda por terem aderido à trégua. “Algo assim jamais deveria ocorrer durante uma guerra. Vocês não têm mais nem um pingo de sentimento de honra alemã?”, indagou o recruta. Seu nome: Adolf Hitler.

Essa longa digressão sobre um episódio ocorrido há mais de cem anos tem o propósito de lembrar-nos que já fomos melhores. E que precisamos sair da trincheira do medo não para uma trégua que seria tão pouco duradoura como a de 1914, mas para votar por um Brasil menos indecente em 2022. O espetáculo de Grand Guignol exibido pelo governo Jair Bolsonaro neste fim de ano ofende qualquer norma de civilidade. Pouco tem de humano o espécime que cavalga jet skis da Marinha, visita parque de diversões e joga na Mega-Sena da Virada enquanto uma parte do país pede socorro. O Brasil já teve um leque bastante improvável de chefes de nação — inclusive a galeria militar cujo programa de manutenção no poder incluiu matar seus adversários políticos. Ainda assim, Jair Bolsonaro consegue ser único — seu ostensivo desprezo pelo povo que governa, pela dor do outro, é maníaco. E lugar de maníaco é no manicômio, não na Presidência da República. Que venha 2022.

O Globo

Bolsonaro começa o ano em guerra com a burocracia




Não é fácil operar uma política de cooptação. Vimos isso no Inep, na Anvisa, no Ibama, na Capes, no Inpe e, agora, na Receita Federal. Servidores ameaçam parar a administração federal

Por Luiz Carlos Azedo (foto)

Falsas ideias sobre a guerra aberta que se instalou no governo entre o presidente Jair Bolsonaro e a alta burocracia federal. Uma é de que estaria prestando um serviço à sociedade ao desmantelar órgãos e instituições que, supostamente, seriam um entrave à economia e à liberdade dos cidadãos, na linha das ideias ultraliberais do “Estado mínimo”; a outra, de que opera uma política para liquidar ou enfraquecer redutos, supostamente, “comunistas”, ao operar a cooptação de setores que seriam vitais para a reprodução de seu projeto de poder. O resultado dessa guerra é um tiro no próprio pé, pois anula, com grande antecipação, a vantagem estratégica que todo governante teria quando disputa a reeleição: a capacidade de implementar políticas públicas bem-sucedidas em razão do controle do governo.

Na teoria, a burocracia tem os seguintes pressupostos: legalidade das normas, comunicação formal, impessoalidade no relacionamento, divisão de trabalho, hierarquia da autoridade, rotinas e procedimentos, competência técnica e mérito, especialização, profissionalismo, previsibilidade. Isso vale para qualquer burocracia, em qualquer lugar do mundo onde existe um Estado organizado e legalmente constituído. Quando isso não acontece, como no governo Bolsonaro, as políticas públicas acabam bloqueadas e a ação do governo não chega a bom termo. Em razão da Constituição de 1988, temos um Estado ampliado, com divisão entre poderes e caráter federativo tripartite, cujo bom funcionamento depende do respeito a esses pressupostos.

Desde o começo do mandato, Bolsonaro revelou má vontade e incapacidade de lidar com a complexidade do Estado brasileiro. Num primeiro momento, atuou para desmantelar as políticas públicas e enfraquecer os órgãos de controle e fiscalização na área ambiental, bem como desorganizar e impor paradigmas reacionários à política cultural e de direitos humanos. A agenda é voltada para sua mais resiliente base eleitoral, como pecuaristas, grileiros, madeireiros e garimpeiros, na área ambiental; setores conservadores da sociedade, sobretudo evangélicos, na área cultural; e o pessoal adepto da truculência e da justiça pelas próprias mãos, quanto aos direitos humanos.

O problema de Bolsonaro, porém, é que essa política pôs abaixo os índices de aprovação do Executivo e sua própria imagem como governante. Voltou-se contra as principais atividades-fim do governo na área social, no caso, a saúde pública e a educação, com resultados desastrosos, em todos os sentidos. Como são áreas que operam num sistema tripartite, ou seja, em grande parte controladas por estados e municípios, além da reação natural desses entes federados, houve forte reação das corporações da área, sobretudo da Saúde, em razão da pandemia da covid 19, com seu saldo de 619 mil mortos até agora.

Greve geral

O controle da burocracia, geralmente, depende de ideologia e cooptação. No primeiro caso, 37 anos após a redemocratização, temos uma burocracia permanente constituída por mérito, por meio de concurso público, e formada nos cânones modernos da administração pública, ou seja, com concepções democráticas, que antipatiza com as ideias reacionárias da maioria dos ministros e de outros integrantes da equipe de Bolsonaro, muitos dos quais despreparados para a ocupação dos respectivos cargos. No segundo, que se caracteriza pela absorção de novos elementos nas esferas de decisão governamentais, as opções de Bolsonaro foram a militarização do governo e a promoção de indivíduos alinhados ideologicamente aos cargos de chefia. Um exemplo é o diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Maiurino. Bolsonaro tenta transformar a Polícia Federal em polícia política (é judiciária).

Entretanto, não é fácil operar uma política de cooptação. Vimos isso no Inep, na Anvisa, no Ibama, na Capes, no Inpe e, agora, na Receita Federal. No caso da Polícia Federal, a saída foi um aumento privilegiado de salários para todos os policiais federais, no Orçamento da União de 2022, porém, sem reajustes às demais categorias, com salários congelados há cinco anos. O resultado é uma rebelião na burocracia federal, que começou com os auditores fiscais e pode se estender às demais carreiras, com uma greve geral.

Correio Braziliense

EUA pedem adiamento no 5G por preocupação com tráfego aéreo

 




Autoridades solicitaram a empresas de telecomunicações que atrasem em duas semanas lançamento, para que sejam levantados mais dados sobre interferência da tecnologia em equipamentos de voo que monitoram altitude.

As autoridades americanas pediram neste sábado (01/01) às principais operadoras de telecomunicações dos Estados Unidos que suspendam por mais duas semanas a implementação da rede móvel de internet 5G, em meio a preocupações com a segurança dos voos.

O secretário de transporte americano, Pete Buttigieg, e o chefe da Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês), Steve Dickson, solicitaram o atraso em carta à AT&T e à Verizon, duas das maiores operadoras do país.

Eles pediram um adiamento "por um curto período adicional de não mais de duas semanas". As duas empresas disseram que estão analisando o pedido.

O lançamento havia sido planejado originalmente para 5 de dezembro, mas foi adiado para 5 de janeiro depois que as gigantes da aviação Airbus e Boeing levantaram preocupações sobre a potencial interferência do 5G nos dispositivos que os aviões usam para medir a altitude. A faixa de frequências usada por ambas as tecnologias é a mesma.

Buttigieg e Dickson basearam a solicitação na ameaça de graves impactos nas viagens aéreas, caso o lançamento do 5G realmente gerasse problemas técnicos. Na carta, as autoridades americanas garantem às empresas que o serviço 5G poderá começar "conforme planejado em janeiro, com algumas exceções em aeroportos prioritários".

Os oficiais dizem que sua prioridade tem sido "proteger a segurança dos voos, garantindo que a implantação do 5G e as operações de aviação possam coexistir".

A AT&T e a Verizon adquiriram a autorização para começar a usar a frequência de 3,7-3,8 GHz - o chamado serviço de banda C - em fevereiro de 2021, após pagar dezenas de bilhões de dólares.

Inicialmente, a data de lançamento da rede de Internet de alta velocidade foi adiada para que a FAA pudesse obter mais informações sobre os efeitos nos instrumentos de altímetro.

Conflitos de interesses econômicos

O lançamento e o atraso representam problemas financeiros para duas indústrias importantes dos EUA.

As operadoras de telecomunicações, que pagaram bilhões por licenças de frequência, estão ansiosas para lançar o uso comercial da tecnologia 5G.

Por outro lado, a indústria da aviação teme problemas potenciais causados ​​por interferências de frequência que podem ter efeitos propagadores generalizados.

Os custos extras de atualização de suas instalações para torná-los compatíveis com 5G também preocupam.

A FAA solicitou mais informações sobre os instrumentos e emitiu diretrizes limitando o uso de altímetros em certas situações, o que gerou temores nas companhias aéreas sobre os custos potenciais.

O conflito entre redes 5G e equipamentos de aeronaves levou as autoridades francesas a recomendar o desligamento dos telefones celulares 5G nos aviões, em fevereiro de 2021. A autoridade de aviação civil da França disse que a interferência de um sinal em uma frequência próxima ao rádio-altímetro pode causar erros "críticos" durante o pouso.

Deutsche Welle

De olho nas urnas, Bolsonaro concede vários benefícios na virada do ano

 




Depois dos policiais federais, rodoviários e integrantes do Depen, presidente abre possibilidade de membros da PCDF terem plano de saúde - extensivo a parentes

Por Ingrid Soares 

O presidente Jair Bolsonaro (PL) promulgou o texto que permite a criação de um plano de saúde para integrantes da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), beneficiando, ainda, parentes e dependentes. A autorização da parte vetada da Lei nº 14.162, de 2 de junho de 2021, foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União (DOU), sexta-feira.

Trata-se de mais um aceno do presidente aos policiais com vistas a obter deles apoio para a campanha à reeleição, em outubro. O texto sobre o plano de saúde dos policiais civis do DF, porém, destaca que a implantação somente poderá ser feita se o Governo do Distrito Federal (GDF) tiver disponibilidade orçamentária.

Bolsonaro vem editando seguidos benefícios aos policiais. No final do ano passado, ele concedeu reajuste salarial aos policiais federais e abriu uma crise com as demais categorias do funcionalismo federal. O presidente também aprovou a reestruturação e reajustes para carreiras de integrantes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) sob o argumento de "corrigir injustiças" e valorização da categoria. Para isso, foram reservados R$ 1,7 bilhão no Orçamento da União deste ano.

No último dia 17, durante a cerimônia de encerramento do Curso de Formação Profissional de Agente de PF, em Brasília, Bolsonaro disse que foram os federais que o salvaram da morte depois da facada que recebeu, em 2018, durante a campanha eleitoral, em Juiz de Fora (MG). Na mesma cerimônia, o diretor-geral da PF, Paulo Maiurino, anunciou a criação de um plano de saúde para a categoria.

Alívio na folha

O presidente também sancionou o projeto que prorroga a desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia por dois anos. A sanção foi publicada em edição extra, no último dia 31, no DOU, sem a previsão da medida que compensasse a perda de receita aos cofres públicos, estimada em R$ 9 bilhões. Apesar de vários especialistas reconhecerem a necessidade de um pacote de bondades como esse para ajudar na retomada econômica, houve quem enxergasse viés populista pela forma como foi baixado.

O projeto que autorizou a prorrogação foi aprovado no começo de dezembro pelo Senado. Segundo o Ministério da Economia, não será necessária nova compensação fiscal para bancar a desoneração — a justificativa é de que, conforme o entendimento do Tribunal de Contas da União (TCU), trata-se de benefício fiscal já existente.

Entre os contemplados pela desoneração da folha estão os setores de calçados, call center, comunicação, confecção/vestuário, construção civil, tecnologia da informação e transporte rodoviário coletivo de passageiros. Segundo a medida, as empresas desses segmentos podem substituir as contribuições previdenciárias — atualmente em 20% sobre o salário dos funcionários — por uma alíquota da receita bruta, que varia de 1% a 4,5%.

O pacote de benefícios também prorroga o prazo referente ao acréscimo de alíquota da Contribuição Social devida pelo Importador de Bens Estrangeiros ou Serviços do Exterior (Cofins-Importação).

A presidente da Federação Nacional de Call Center, Instalação e Manutenção de Infraestrutura de Redes de Telecomunicações e de Informática (Feninfra), Vivien Suruagy, afirma que a decisão trará segurança jurídica para as empresas. Além disso, com a desoneração, ela diz que até 970 mil empregos serão gerados no setor. "Pelo menos nos próximos dois anos, as empresas poderão se planejar, o que será ótimo para o ambiente de negócios", explica.

Para André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos, a medida é positiva, mas, por si só, não gera crescimento. "Ajuda a manter os patamares de emprego atual. Não é o jeito certo de fazer a economia crescer, mas traz alívio para os setores", avalia.

Apesar da articulação de congressistas e do governo para a aprovação, Perfeito chama a atenção para o fato de a medida ter sido aprovada de forma repentina, fazendo parecer uma decisão populista. "Acabar com a desoneração seria ignorar a urgência econômica que estamos vivendo, mas me parece descoordenado. Aprovaram tudo na virada do ano sem saber exatamente o que era. Vão perdoar até 90% da dívida do Fies. Não quer dizer que não deve ser feito, mas foi apressadamente, dando a entender que é populismo", analisa.

Correio Braziliense / Estado de Minas

Urnas trarão duelos novos entre populismo e democracia




Embate entre populistas iliberais e democratas vai se repetir em uma série de eleições pelo mundo

Por Rodrigo Turrer 

Se 2021 foi o ano em que a ameaça à democracia se cristalizou em várias partes do mundo, com a invasão do Capitólio por uma turba de radicais, em 6 de janeiro, 2022 será um ano em que os embates entre populismo radical e democracia estarão ainda mais presentes.

“A batalha entre os defensores do autoritarismo e dos modelos iliberais contra a democracia vai crescer em 2022, e não há sinais de diminuição do refluxo democrático que vimos nos últimos anos”, afirmou ao Estadão Arend Lijphart, professor emérito de ciência política na Universidade da Califórnia, autor do livro Modelos de Democracia: desempenho e padrões de Governo em 36 países, e um dos principais estudiosos do assunto no mundo.

Para Lijphart, o avanço do populismo e do nacionalismo tem acontecido de maneira mais intensa em países que eram modelo de democracia, e esse avanço ameaça desintegrar a ordem mundial surgida depois da queda do Muro de Berlim, e os princípios da democracia, do estado de direito e dos direitos humanos.

ELEIÇÕES EM SÉRIE. Um dos melhores exemplos do embate é a eleição de meio de mandato nos EUA, em novembro, que pode derrubar a maioria democrata no Congresso americano. A votação já tem se mostrado uma disputa renhida entre defensores do ex-presidente norte-americano Donald Trump e republicanos mais moderados, além dos próprios democratas.

A América Latina também terá dois campos de batalha ideológicos nas urnas. O sentimento antigoverno, que tem dominado as últimas eleições, deve perdurar. Uma questão central é se a raiva vai dar lugar ao pragmatismo sobre o crescimento econômico e a proteção social.

Na Colômbia, o líder nas pesquisas e favorito na eleição presidencial de maio é o populista de esquerda Gustavo Petro, um admirador de Hugo Chávez e ex-guerrilheiro do M-19, guerrilha urbana que atuou de 1970 a 1990 e virou um popular partido (Aliança Democrática). Ele defende uma agenda de aumento de impostos sobre imóveis e empresas, além da redução da importância de petróleo e carvão na economia colombiana.

No Chile, o presidente eleito, o esquerdista Gabriel Boric, terá de lidar com a nova Constituição que está sendo redigida por constituintes eleitos em 2020, após a explosão social no fim de 2019, que colocou em xeque a economia de livre mercado tocada pelo país.

A convenção constituinte tem até julho para chegar a um acordo sobre um novo projeto constitucional, que será submetido a referendo. Com a esquerda sendo maioria, a nova Carta pode trazer restrições à mineração, além de mais gastos do Estado com saúde e aposentadorias.

A Europa também terá eleições decisivas em 2022. Na França, o candidato de extrema direita Éric Zemmour tem 18% das intenções de voto na eleição presidencial, disputando o segundo lugar e ameaçando o presidente do país, Emmanuel Macron.

Sem trajetória política, Zemmour tem ganhado espaço entre os conservadores da França ao defender uma linha ainda mais radical do que Marine Le Pen, da Frente Nacional, a principal opositora de Macron nas eleições de 2017. Se as eleições fossem hoje, Macron teria entre 24% e 27% dos votos no primeiro turno. Zemmour obteria entre 17% e 18%, à frente de Le Pen (de 15% a 16%).

Portugal terá eleições antecipadas para o Parlamento em 30 de janeiro, com o partido de extrema direita Chega crescendo nas pesquisas depois de ficar em terceiro lugar na eleição presidencial do ano passado. Na Hungria, seis partidos de oposição escolheram um candidato conservador moderado para tentar formar uma coalizão contra o iliberal Viktor Orban.

GUERRA CULTURAL. O embate ideológico, cada vez mais polarizado em várias eleições importantes em 2022, é mais um capítulo no processo de erosão democrática que ocorre em todo o mundo. “As democracias enfrentam um processo de ‘erosão’, estão menos estáveis e menos democráticas, e potências autoritárias como China e Rússia patrocinam seu modelo para países que dependem delas”, afirma Lijphart. “Também vemos uma insatisfação crescente com o modelo democrático, mas o aspecto mais perturbador disso é que o recuo mais significativo ocorre em países considerados plenamente democráticos, em berços da democracia.”

GOLPES. Em 2021, sete tentativas de golpe de Estado ocorreram no mundo, e cinco delas tiveram êxito. O número é o maior das últimas duas décadas, segundo um monitoramento dos professores Jonathan Powell e Clayton Thyne, das universidades Central da Flórida e Kentucky. O balanço leva em conta as tentativas – frustradas ou não – de tirar um líder do poder.

A medição, no entanto, não inclui casos em que o próprio presidente manobra a Constituição numa escalada autoritária, como ocorreu na Tunísia, em 2021, e em países como Nicarágua, Belarus, Rússia e outros ao longo dos últimos anos. Esse tipo de erosão democrática de longo prazo é a mais insidiosa, e a que mais ameaça as democracias.

Segundo o relatório anual Liberdade no Mundo, da Freedom House, instituição americana que se dedica a monitorar a questão, 2020 foi o 15.º ano consecutivo de declínio na liberdade global. Em 2005, a organização identificava 89 países considerados “livres”; hoje, são 82. Os países “não livres” passaram de 45 para 54. Menos de 20% da população mundial vive em um país livre. Hoje, 3 em 4 pessoas moram em nações que experimentaram declínio. A “diferença democrática” – o número de países que melhoraram suas democracias menos o de países que apresentaram declínio democrático – foi a maior da série iniciada em 1995: 45.

A toada segue a mesma em 2021, com países como Hungria, Polônia, Nicarágua, Filipinas e Belarus registrando um aumento da perseguição a opositores do governo e o silenciamento da oposição. “A longa recessão democrática está se aprofundando”, diz a Freedom House.

RAÍZES PROFUNDAS. As causas dessa erosão democrática incluem o descontentamento crescente das populações provocado pelo aumento da desigualdade. Essa raiva levou ao crescimento do populismo, com suas soluções fáceis para problemas complexos, e o

consequente enfraquecimento das normas democráticas, além do acirramento das tensões ideológicas do radicalismo e a expansão das notícias falsas e a fragmentação da mídia. Políticos populistas responderam a esses sentimentos de raiva e frustração insuflando o radicalismo para desse modo tentar mostrar aos eleitores que suas queixas são importantes.

Uma pesquisa realizada pelo Pew Research, centro de estudos com sede em Washington, nos EUA, mostrou que 52% da população está insatisfeita com o funcionamento de sua democracia, em comparação com 44% que estão satisfeitos. A pesquisa, feita com 38.426 pessoas em 34 países desenvolvidos e em desenvolvimento, busca subsídios para entender a importância dos valores democráticos.

PESSIMISMO. Para especialistas, é pouco provável que a situação melhore em um futuro próximo. “Estou pessimista, porque a situação atual tem raízes sociais e econômicas muito profundas. Não se trata apenas da vitória de Trump, da AFD (partido de extrema direita da Alemanha) ou de qualquer extremista, mas de uma polarização que se enraizou em nossa estrutura social”, disse ao Estadão o cientista político Adam Przeworski, professor da Universidade de Nova York e autor dos livros Crises da democracia e Por que eleições importam.

“Um estudo recente nos EUA mostrou que os jantares de Ação de Graças, no ano passado, nos quais os participantes viviam em distritos eleitorais governados por partidos diferentes, eram quase 30 minutos mais curtos do que aqueles que vinham do mesmo distrito. Em 1960, 5% das pessoas diziam que ficariam infelizes se seus filhos se casassem com um eleitor de outro partido. Atualmente, isso está na faixa de 50%. A polarização entrou na unidade mais básica da estrutura social – a família.”

Para Przeworski, a melhor maneira de garantir a longevidade da democracia é preservar de todas as maneiras as instituições de controle. Órgãos do Judiciário não podem sofrer influência política nem ser dominados por juízes parciais, partidos políticos devem ser livres e organizações de mídia estabelecidas precisam ser independentes.

Além disso, a mobilização para votar é essencial. “A forma mais eficaz para equilibrar o jogo político é a mobilização das pessoas, com sindicatos e organizações da sociedade civil, para garantir que a democracia funcione”, afirma Przeworski.

O Estado de São Paulo

Jovens políticos velhos




Por Ascânio Seleme (foto)

Muito provavelmente o Brasil será governado a partir de janeiro de 2023 por um político de 77 anos, um veterano que àquela altura terá participado diretamente de seis campanhas presidenciais e indiretamente de outras três. Um homem de seu tempo, que amadureceu e se renovou ao longo dos anos, mas ainda assim um fruto da guerra fria, do bem contra o mal. Do vermelho contra o azul. Um ser binário. Quando tomar posse, Lula terá 41 anos a mais do que o chileno Gabriel Boric, presidente eleito do Chile, com quem se reunirá em cúpulas e encontros bilaterais. Ambos são de esquerda e guardam outras muitas semelhanças a despeito do abismo etário que os separa.

Aos 35 anos, não se pode dizer que Boric seja o mais moderno dos políticos. Não é. Trata-se de um jovem da sua época com sinais externos visíveis. Me refiro às tatuagens do novo presidente. Apesar de não ser necessariamente uma novidade, a tatuagem remonta três mil anos de história, ela representa rebeldia e transgressão. Pode ainda significar coragem. Mas também pode não ser nada disso. O fato é que a tatuagem hoje está cada vez mais marcada na pele dos jovens. Desafio um leitor a me dizer que não tem pelo menos um parente muito próximo tatuado. Ele tem, e é jovem.

Mas, para lá da tatuagem, as novas gerações que aos poucos vão tomando o poder têm tudo para mudar velhos paradigmas. Talvez em razão da revolução tecnológica e das comunicações, o fato é que a distância que hoje separa os avós de seus netos nunca foi tão grande. Na política, contudo, o que vemos sempre é mais do mesmo. Vamos aos exemplos clássicos. Qual a diferença entre Tancredo Neves e seu neto Aécio Neves, fora o fato do segundo ter colocado a mão na botija? Nenhuma. O neto fez e faz política como seu avô fazia, sem obviamente a habilidade do ancestral. Aécio é um político tão velho quanto Tancredo. Há outros exemplos, como o de ACM e Neto, ou os filhos e netos de tantos outros políticos pelo país adentro.

Ex-líder estudantil, Gabriel Boric representa a juventude no poder. Teoricamente, seria um revolucionário na pauta política. Mas, antes mesmo de assumir, o presidente eleito já deu sinais que governará com diálogo e com todos os chilenos. Uma excelente avant-première, afinal o que um país dividido mais precisa é união em busca de um futuro melhor para todos. Com certeza não é o que dele esperavam os estudantes que nos últimos anos paralisaram o Chile em manifestações gigantescas de inconformismo e indignação e que agora se irritam com a súbita moderação do ex-líder. De qualquer forma, o novo presidente chileno assume com uma Constituinte em curso que deve mudar a cara do seu país. Constituinte que a sua turma ajudou a levantar.

Diálogo para construir sua candidatura é também o que Lula busca no Brasil. E aqui mais uma semelhança entre Lula e Boric. A deputada Luiza Erundina e o presidente do seu partido (PSOL), Juliano Medeiros, criticaram esta semana as alianças com o centro que o ex-presidente começa a articular. Juliano disse que é um erro assinar qualquer acordo com Alckmin, Erundina acha que Lula não deve fazer alianças políticas “a qualquer preço”. Juliano, que tem 38 anos, pensa como Erundina, de 87 anos.

Em países como Brasil, Chile e outros tantos da América Latina e da África, os homens públicos talvez não evoluam bem porque os problemas que enfrentam hoje são os mesmos de 50 anos atrás. Aqui na pátria amada a questão é que, em boa medida, eles são parcialmente responsáveis por isso, uma vez que fazem da política um instrumento pessoal ou de grupo, do seu grupo. Desviam verbas que deveriam ir para educação, saúde, segurança pública e infraestrutura, sendo que em alguns casos até de maneira legal, através das famosas emendas parlamentares.

Mas, não importa a idade do político. O que se espera dele é que esteja disposto a dialogar e trabalhar para a construção de um mundo novo para as novas gerações. Não é exigir muito. E lembre-se que no final quem elege os políticos é você, sou eu. Neste ano que começa hoje podemos mudar um pouco mais o Brasil, para melhor. A chance é grande, porque não há mais o que piorar por aqui.

Feliz 2022!

DE BEM COM O ALEMÃO

O embaixador da Alemanha no Brasil, Heiko Thoms, é um admirador confesso de Lula. Em conversas com outros diplomatas estrangeiros em Brasília costuma elogiar o conhecimento que Lula tem da política alemã, ao ponto de ser capaz de passar duas horas conversando sobre o assunto, segundo ele. O embaixador explica, a quem perguntar sobre a recente visita do ex-presidente a seu país, que Merkel não o recebeu por questões de protocolo. Um chanceler não pode receber candidatos, só por isso, diz Thoms.

PODE ESPERAR?

A federação de esquerda para as eleições deste ano pode não sair. Partidos pequenos têm desacordos com o PT nos estados. Lula está tranquilo, diz que pode esperar. Será? Tem gente na campanha que acha melhor resolver logo no primeiro turno, para evitar surpresas.

ÊXODO

Depois da debandada de parte dos olavetes, a base “autêntica” de Bolsonaro começa a dar sinais de fadiga em outros cantos. É importante observar o significado dos elogios a Sergio Moro feitos pelos bolsonaristas de carteirinha Luciano Hang e Janaína Paschoal. São dois personagens claramente de direita, tanto no plano econômico como na pauta de costumes. Você pode até chamá-los de atrasados, mas não pode negar que são inteligentes. Hang construiu um negócio bilionário, e Janaína foi a deputada mais votada da História do país. E eles já sentiram como o vento está soprando. E daí, por que não deixar um pé em cada galho?

ÊXODO, PARTE 2

Até o Centrão prematuramente já fala no desgaste que Bolsonaro pode causar em candidaturas suas nos estados. Por ora, a bronca é do PL contra o discurso antivacina do presidente, mas vai piorar.

VITRINES

A boa série “Assassinato do primeiro-ministro” mostra em cinco episódios como foi a morte de Olof Palme, em fevereiro de 1986, então chefe de estado da Suécia. Palme, um político de centro-esquerda foi morto com um tiro disparado por um conservador de direita sem qualquer trajetória política. Além da incompetência da mal preparada polícia sueca, a série revela um detalhe curioso que pode ser contado aqui sem perigo de spoiler. O único perigo é me chamarem de machista. O detalhe é que Palme só morreu porque atravessou a rua a pedido da sua mulher, Lisbeth, que queria ver uma vitrine do outro lado. Do lado em que passava o assassino armado. Lisbeth também foi baleada pelo atirador, mas de raspão.

SERVIDOR EXTINTO

O governo federal gasta, anualmente, R$ 8,2 bilhões para manter mais de 69 mil servidores ativos que ocupam cargos já extintos, como ascensoristas, datilógrafos e técnicos de manutenção de videotape. Entre 2014 e 2015, o governo contratou afinadores de instrumentos musicais e datilógrafos. Apesar de tais cargos terem sido extintos em 2019, os servidores permanecerão na folha de pagamento pelos próximos 53 anos. Ainda existem servidores ativos que ocupam cargos de açougueiro, chaveiro, encadernador e operador de Telex.

SERVIDOR SEM AVAL

Hoje, cada servidor público representa um compromisso financeiro para o contribuinte que dura, em média, 59 anos: 28 anos de serviço, 20 anos de aposentadoria e 11 anos de pensão. O tempo médio de atuação de um servidor no Executivo civil federal é de 28 anos. Muitos desses servidores chegam ao topo da carreira em dez anos e não são mais submetidos a qualquer avaliação. Atualmente, há cerca de 76 mil servidores nessa situação, que passarão aproximadamente dois terços de suas carreiras sem qualquer medição de desempenho.

SERVIDOR FOLGADO

Cerca de 133 mil servidores federais têm direito a 45 dias de férias por ano. Vinte estados ainda concedem licença-prêmio para seus servidores. A cada cinco anos trabalhados, os servidores adquirem o direito de ficar três meses sem trabalhar, mas recebendo normalmente seus vencimentos. Por que? Não sei. Nove estados brasileiros tiveram mais de 60% das despesas comprometidas apenas com o pagamento dos servidores em 2019.

SERVIDOR BEM PAGO

A folha de pagamento do Executivo federal com servidores civis ativos aumentou 146% em 12 anos, passando de R$ 45 bilhões em 2008 para R$ 110 bilhões em 2020. A inflação acumulada no período foi de 104%. Estabilidade não pode ser confundida com autorização para não trabalhar. A proposta de reforma administrativa mamão com açúcar não retira nenhum direito dos atuais servidores. E eles ameaçam entrar em greve por aumento salarial.

APERITIVO

Ficou num plano secundário o item “bebidas alcoólicas” na denúncia do TCU de que o Ministério da Defesa desviou recursos da Covid para abastecer suas geladeiras. Afinal, numa época em que o quilo de carne de segunda chegou a R$ 50, o lead tinha que ser mesmo as compras de filé e picanha. Mas, sem qualquer pingo de moralismo cristão, quem já almoçou em cassinos de oficiais, em gabinetes de alto comando ou a convite de generais comandantes de tropas sabe como eles gostam de um uisquezinho para abrir o apetite.

O Globo

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