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sábado, maio 08, 2021

Rio: Cidade aberta ao tráfico, à milícia, à violência e à morte em um cenário triste de pobreza

 

Conflitos se eternizam pela omissão dos poderes públicos

Pedro do Coutto

O título deste artigo está inspirado no famoso filme “Roma cidade aberta”, de Roberto Rossellini., que praticamente abriu a época do neorrealismo italiano e que inclui passagens das últimas tentativas de resistência de tropas nazistas à invasão da Itália pelas forças americanas e brasileiras. A montagem, é curioso observar,  foi feita por Federico Fellini que integrava a equipe do autor.

O Rio, digo eu, é uma cidade aberta ao tráfico de drogas, à milícia que sufoca os habitantes, à violência que se projeta nos confrontos entre bandos rivais e às polícias militar e civil. A morte e a desolação são consequências de um conflito que se eterniza e que nasce da omissão dos poderes públicos. A qualquer hora a morte faz sua passagem e deixa marcas desesperadoras.

FILMAGENS – Nos noticiários da TV Globo, e divulgados também pela GloboNews, a operação policial ocorrida na região do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio, é uma obra de um realismo total que foi acrescentada por filmagens pelos celulares de moradores da enorme favela.

Nessas tomadas, surpreende até a qualidade dos ângulos e dos movimentos registrados e revelados pelas telas manuais. As filmagens da Globo são também impressionantes, feitas com lentes que atravessaram as ruelas da favela e do alto de helicóptero registraram a imagem de um problema social impactante que vem se acumulando pela falta de poder de compra das classes sociais de renda mais baixa.

O panorama desolador ressalta também os efeitos que decorrem do cenário de carência e de miséria. O ser humano é capaz de promover grandes mudanças na tecnologia pois há mais de 50 anos conseguiu chegar à Lua, mas por aqui não consegue sequer reduzir a miséria ou implantar um saneamento para uma vida digna de milhares de brasileiros.

DOMÍNIO DO CRIME – A fome continua e o tráfico, a milícia e o crime encontraram um campo positivo para dominar não só as comunidades pobres, mas no caso do Rio de Janeiro, toda a população carioca e fluminense.

Os combates entre criminosos e policiais deixam um rastro macabro de desfechos. A morte viaja inclusive pelas balas perdidas que não escolhem somente as vítimas dos confrontos, mas inocentes encurralados pela guerra urbana. Crianças são vítimas do absurdo e não conseguem chegar à adolescência.

Adolescentes também são mortos e suas famílias tornam-se prisioneiras de uma situação insuportável. Governos passaram pelo Rio, e a melhor prova da omissão  e da culpa está nas fotografias das prisões de diversos ex-governadores e também de prefeitos que igualmente se dedicaram à corrupção e para os quais as vidas alheias não tem importância, não valem nada.

LUXO E OSTENTAÇÃO – Mas suas vidas, pelo menos até a Lava Jato, eram de luxo, despesas monumentais, roubos gigantescos que subtraíram recursos financeiros. Governadores e prefeitos enriqueceram, adquiriram propriedades de custo altíssimo, viajaram de lanchas pelas águas da omissão, depósitos de grande porte desceram sobre as suas contas bancárias, anéis, brilhantes e crimes estão nas páginas que vão relatar eternamente períodos da vida da cidade, consequência da aliança entre ladrões de casaca e as forças do tráfico e da milícia que estrangulam qualquer reação das comunidades.

As favelas espalham-se cada vez mais no Rio. Hoje, são dois milhões de pessoas, uma tela em que a imagem é simplesmente tão dramática quanto trágica.  A corrupção não respeita limites e com ela, por falta de assistência médica de urgência, morrem a cada dia centenas de seres humanos.

DESAFIO – O grande desafio e motivo de angústia para todos nós é a incapacidade de sairmos deste quadro fatídico que oprime todas as escalas sociais. Ninguém está livre do quadro legado pelos corruptos e corruptores. Na Folha de São Paulo a reportagem é de Júlia Barbon e Thaís Nogueira. No O Globo, a matéria foi produto de sua equipe de reportagem.

O episódio de quinta-feira foi tão marcante que alcançou destacados materiais, inclusive com fotos no New York Times, no Washington Post e no inglês The Guardian. Outros jornais franceses e italianos, espanhóis, enfim, de dezenas de países destacaram o acontecimento que ficará na história nacional e internacional como prova de guerra urbana reproduzindo no século XXI a atmosfera de Chicago nos anos de 1929 a 1931 quando então Alcapone foi encarcerado.

A OBSESSÃO DE BOLSONARO  – Reportagem de Ricardo Della Coletta e Ricardo Machado, Folha de São Paulo, acentua de forma nítida a obsessão de Jair Bolsonaro pela cloroquina, um remédio que já ficou comprovado cientificamente não ter qualquer influência no tratamento da Covid-19, insistindo em apresentá-lo como uma solução médica para um ciclo mundial que só no Brasil já alcançou mais de 400 mil casos fatais e cuja contaminação diária vem alcançando números alarmantes sem que o ministro Marcelo Queiroga consiga deter.

Pelo contrário, em seu depoimento na CPI do Senado tentou esquivar-se sobre o falso remédio que o presidente da República insiste em defender. Jair Bolsonaro atacou também a CPI e disse constituir uma xaropada. Para ele, vidas humanas não importam, o que importa é a sua permanência cada vez mais difícil no poder e no governo do país.

BANCO DO BRASIL – A repórter Larissa Garcia, Folha de São Paulo, revela que no primeiro trimestre de 2021 o Banco do Brasil apresentou um lucro líquido de R$ 4,9 bilhões. Uniu-se assim a uma faixa de resultados milionários encabeçada pelo Itaú e pelo Bradesco, conforme observamos em artigos anteriores.

O fato de o Banco do Brasil ter alcançado de janeiro a março um lucro de R$ 4,9 bilhões reporta ao filme da reunião ministerial de 22 de abril de 2020, quando o ministro Paulo Guedes disse em tom veemente a Bolsonaro: “venda logo esse banco”, usando uma palavra de baixo calão que deixou perplexos todos aqueles que assistiram ao vídeo marcado pela irresponsabilidade e agressão ao bom senso que não prevalece no país a partir da posse de Jair Bolsonaro na Presidência da República.

Como vender o principal estabelecimento de crédito , inclusive de atuação essencial nos municípios, se ele apresenta um lucro financeiro dessa dimensão ? Um negócio a mais para a movimentação de participações financeiras.

LULA E SARNEY  – Na edição de ontem da Folha de São Paulo, Daniel Carvalho focaliza o encontro entre Lula da Silva e Sarney voltado para a articulação e construção de uma aliança política visando as eleições de 2022 que se aproximam velozmente no calendário político.

Velozmente porque a população brasileira encontra-se ansiosa por uma mudança no comando político do país. A matéria assinala e destaca que José Sarney esquivou-se por seu turno de uma conversação com o presidente Bolsonaro , na tentativa de reeleição nas urnas do próximo ano.

Bolsonaro até agora não apresentou projeto algum, a não ser o congelamento salarial, obra prima do ministro Paulo Guedes. O governo diariamente se transformou em alvo de ataques dos jornais e de emissoras de televisão, que não estão inventando nada, encontram-se apenas reproduzindo o desastre e a oposição que o próprio Jair Bolsonaro faz a si mesmo no plano alto do Planalto e da planície das desilusões cada vez mais acentuadas de correntes que nele votaram contra a corrupção e a favor da mudança.

Semelhanças e diferenças entre Lava Jato & Mãos Limpas serão constatadas em 2022

Publicado em 8 de maio de 2021 por Tribuna da Internet

Marcus André Melo
Folha

Sérgio Moro e Filippo Mancuso têm duas coisas em comum: ocuparam a pasta da Justiça sob Bolsonaro e Berlusconi. E perderam os cargos em meio às disputas da Lava Jato e de sua congênere italiana, a Operação (Mãos Limpas (Mani Pulite, 1992-1993).

Mas há também diferenças marcantes entre os dois. Moro foi demitido por Bolsonaro; Mancuso foi destituído do cargo por meio de uma moção de censura no parlamento.

RACHADINHAS – Moro perdeu o cargo por não se curvar a Bolsonaro em sua estratégia de proteger o clã familiar das investigações sobre rachadinhas. Mancuso foi punido por proteger Berlusconi e interferir nas investigações da Mani Pulite e contra a máfia. No parlamento se uniram a esquerda e a Lega Nord.

Sim, a comparação entre o Brasil e a Itália sugere importantes paralelos, mas leva também a erros interpretativos. O sinal político está trocado. As operações anticorrupção levaram à debacle eleitoral dos principais partidos.

Na Itália, aconteceu com a Democracia Cristã (DC), de centro-direita, e o Partido Socialista (PSI), de centro-esquerda, da coalizão que estava no poder, e à qual pertenciam 84% dos políticos indiciados. A DC minguou e mudou de nome; o PSI, não elegeu ninguém. Ambos os partidos desapareceram, o que não ocorreu no Brasil.

VENDETA FAMILIAR – Mancuso foi o braço judicial utilizado por Berlusconi na vendeta familiar contra magistrados que, segundo ele, perseguiam os políticos de direita. Como no caso do clã Bolsonaro, as denúncias contra a “famiglia” Berlusconi não mantinham relação direta com a Operação Mani Pulite. Seu irmão foi preso por propina paga pela Fininvest, a holding familiar.

Estas operações deflagraram reformas eleitorais históricas: a Itália abandonou o sistema de representação proporcional vigente de 1948 a 1992; o Brasil proibiu o financiamento empresarial de campanhas.

Berlusconi perdeu a primeira batalha, mas ganhou outras. Chicanas fizeram com que outra ação contra a Fininvest tivesse que ser retomada do zero, levando-a à prescrição. A reação do establishment na Itália parece ter prevalecido, como está acontecendo no Brasil.

CORRUPÇÃO REDUZIDA – Em estudo rigoroso sobre o impacto da Mani Pulite, Asquer, Golden e Hamel comparam a participação de políticos envolvidos em corrupção nas eleições antes e depois da Mani Pulite. Concluem que ela se reduziu consideravelmente.

Os eleitores passaram a demandar políticos limpos, punindo os envolvidos em corrupção. Possivelmente “uma reação contra a reação” conservadora contra a Mani Pulite. Mas o mais importante segundo o estudo é que a oferta de políticos sujos diminuiu.

Ainda é cedo para analisar o impacto da Lava Jato. A lição a tirar do estudo é que o teste será em 2022.


TJ-BA condena Coca-Cola a indenizar cliente que consumiu guaraná com aranha

 por Cláudia Cardozo

TJ-BA condena Coca-Cola a indenizar cliente que consumiu guaraná com aranha
Foto: Divulgação

Uma consumidora de Feira de Santana será indenizada em R$ 7,5 mil por danos morais e materiais por ter ingerido um refrigerante com uma aranha dentro. Segundo a ação, em abril de 2014, a consumidora almoçou com os pais em um restaurante da cidade e pediu ao garçom um refrigerante Guaraná Kuat, pertencente à Coca-Cola. Ao ingerir a bebida, a mulher sentiu um forte cheiro e, após levantar a garrafa, percebeu a presença do inseto no seu interior. Logo após, ela correu para o banheiro para lavar a boca, relatando para a proprietária do estabelecimento o ocorrido. A dona do restaurante ficou chocada com a situação.


A consumidora narrou que o copo estava limpo antes de ser enchido com o refrigerante e que a garrafa foi aberta em sua mesa, portanto, o inseto estava dentro da garrafa. Ela levou o produto até a Secretaria da Vigilância Sanitária que constatou tratar-se de uma aranha de grande porte. Toda situação gerou um mal-estar na cliente, que precisou de atendimento médico emergencial. Por isso, ela pediu indenização por danos morais e materiais. A Coca-Cola, em sua defesa, afirmou que não há comprovação de que a autora ingeriu a bebida com inseto. Refuta a tese dos danos morais e materiais.


Para provar a situação, a cliente apresentou fotografias e o laudo da Vigilância Sanitária desta cidade, que constatou a presença de uma aranha no produto. Para o juiz Antonio de Pádua de Alencar, da 1ª Vara do Consumidor de Feira de Santana, a consumidora deveria ser indenizada pelos danos que sofreu. “No presente caso em análise, a autora ingeriu refrigerante contaminado por inseto, sendo inegável que a repulsa ao constatar a presença desta contaminação alimentar, dentro de um alimento industrialmente fabricado destinado a atender o público em geral, causa repulsa ofensiva à honra subjetiva, além de representar risco à saúde e abalo psicológico”, declarou na sentença.


A Coca-Cola recorreu da decisão. O recurso foi relatado pelo desembargador Salomão Resedá, da 4ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA). Ao manter a decisão de 1º Grau, o desembargador explicou que um produto defeituoso é aquele “que oferece perigo ao consumidor”, que espera consumir um produto seguro. “Assim, verificada a ocorrência de defeito no produto, resta configurado o dever do fornecedor de reparar tanto o dano patrimonial como o extrapatrimonial, diante da exposição da saúde e segurança a risco concreto”, declarou no acórdão.

Bahia Notícias

Presidente da OAB-BA quer retomada de prazos de processos físicos


por Cláudia Cardozo

Presidente da OAB-BA quer retomada de prazos de processos físicos
Fotos: Paulo Victor Nadal/ Bahia Notícias

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Bahia (OAB-BA), Fabrício Castro, quer a retomada dos prazos processuais dos processos físicos, que desde o início da pandemia estão paralisados. Segundo Castro, a suspensão dos prazos tem trazido diversos prejuízos para a advocacia e para as partes.

 

Para ele, é possível retomar o prazo com todas as cautelas e protocolos de segurança. “Evidentemente, vai ter uma limitação de acesso, limitação de pessoas, mas feito isso, é imperioso que os prazos voltem a correr, garantindo o acesso dos autos pelos advogados, pois ninguém aguenta mais. Mais um ano desses processos sem tramitação será um prejuízo incalculável para a sociedade”, declara.

 

Os processos físicos são de todas as naturezas e já há uma demora na tramitação normal. “Demos uma parada necessária para que o sistema de saúde suportasse o número de casos, mas já sabemos das medidas de segurança, de revezamento, redução de horários, por exemplo. É possível que o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) se organize para garantir essa tramitação”, reforça. Fabrício Castro acrescenta que se houver casos com obstáculos para a segurança das pessoas, aí pode ocorrer novamente a suspensão do prazo de forma pontual. 

 

Há uma posição da OAB de retomada dos prazos, mas a decisão do retorno cabe ao TJ-BA, devido a sua autonomia funcional. Até o momento, não há expectativa para que isso seja revertido. “Sabemos que o TJ tem um planejamento para retomada em etapas, mas não sabemos qual a previsão de data. O que estamos pedindo é que se acelere essa volta para diminuir esse prejuízo de todo esse tempo”, salienta.

 

Entre as possibilidades, está a organização das serventias por rodízio, por agendamento, com redução de horário e por drive-thru. Fabrício lembra que os cartórios extrajudiciais privatizados estão funcionando, e o modelo pode ser adotado no cartório judicial.

Bahia Notícias

Deputado quer que Renan Calheiros peça íntegra de reunião ministerial de abril de 2020

Deputado quer que Renan Calheiros peça íntegra de reunião ministerial de abril de 2020
Foto: Jefferson Rudy/ Agência Senado

O deputado Rogério Correia (PT-MG) sugeriu ao senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Pandemia, a requisição do vídeo da reunião ministerial realizada em 22 de abril de 2020. O encontro que reuniu o governo Jair Bolsonaro ficou marcado pelas declarações dos ministros, como Ricardo Salles, do Meio Ambiente, dizendo que deveriam aproveitar o foco da imprensa na Covid-19 para “passar a boiada” nas simplificações.

 

Segundo a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, Correia ressalta que a íntegra da conversa não foi divulgada e que há trechos em que o governo aborda o combate à pandemia. Na época, o ministro da Saúde era o médico Nelson Teich, presente no encontro.

Bahia Notícias

‘Não encha o saco’, diz Bolsonaro à CPI da Covid por críticas de senadores a remédios sem eficácia


O presidente Jair Bolsonaro participa de cerimônia no Palácio do Planalto Foto: Evaristo de Sá/AFP/05-05-2021

Presidente Bolsonaro usa o Facebook para atacar “os inquisidores da CPI”

Daniel Gullino
O Globo

Sob pressão da CPI da Covid, o presidente Jair Bolsonaro recomendou a membros da comissão que criticam o uso de remédios sem eficácia contra o novo coronavírus que “não encham o saco”. A defesa que Bolsonaro fez desses medicamentos, contrariando as principais evidências científicas, tem sido um dos temas principais da CPI.

Em publicação em sua conta no Facebook, endereçada aos “inquisidores da CPI sobre o tratamento precoce”, Bolsonaro afirmou que existem três tipos de médicos: os que receitam a cloroquina, os que receitam a ivermectina e os que orientam os infectados com a Covid-19 a só procurarem um hospital quando sentirem falta de ar.

“Portanto, você é livre para escolher, com o seu médico, qual a melhor maneira de se tratar. Escolha e, por favor, não encha o saco de quem optou por uma linha diferente da sua, tá ok?”, conclui o presidente.

EX-MINISTROS DENUNCIAM – Na CPI, os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich apontaram a defesa da cloroquina como uma das principais divergências com Bolsonaro. Já o atual ministro, Marcelo Queiroga, evitou se posicionar sobre o tema.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que tanto a hidroxicloroquina (substância derivada da cloroquina) como a ivermectina não sejam utilizadas contra a Covid-19.

Análise de 28 pesquisas concluui que hidroxicloroquina está associada a maior mortalidade de pacientes com Covid-19

CARLUXO DE VOLTA – No Planalto, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), o Carluxo, está de volta ao comando informal da Secretaria de Comunicação (Secom).

Recentemente, ele voltou a ganhar protagonismo na estratégia de comunicação do governo. Carluxo aconselhou o presidente a partir para o confronto que agrada à militância ideológica e ajuda a desviar o foco dos problemas do governo. E Bolsonaro passou a seguir essa receita, radicalizando mais uma vez seu discurso.

Operação no Jacarezinho: o que se sabe e o que falta esclarecer, além da morte do policial

Publicado em 7 de maio de 2021 por Tribuna da Internet

Policiais civis durante operação na manhã desta quinta-feira (6) no Jacarezinho, no Rio de Janeiro — Foto: Ricardo Moraes/Reuters

Retrato de um pais que constrói mais presídios do que escolas…

Eduardo Pierre
G1 Rio

Uma operação da Polícia Civil do RJ no Jacarezinho, na Zona Norte do Rio, nesta quinta-feira (6), se tornou a mais letal da história fluminense: 25 pessoas morreram. Moradores denunciaram, em vídeos publicados em redes sociais e em relatos à Defensoria Pública, que suspeitos foram executados durante a operação, mesmo tendo se rendido. A polícia nega qualquer irregularidade.

Veja o que se sabe e o que ainda falta esclarecer em 8 perguntas e respostas:

  1. O QUE A POLÍCIA FOI FAZER NO JACAREZINHO?

Agentes de diferentes delegacias, com apoio da Core, a tropa de elite da Polícia Civil, deflagraram a Operação Exceptis. A força-tarefa investiga o aliciamento de crianças e adolescentes para ações criminosas, como assassinatos, roubos e até sequestros de trens da Supervia.

A polícia afirma que o tráfico da região adota táticas de guerrilha, com armas pesadas e “soldados fardados”.

  1. O QUE DIZEM OS MORADORES?

Em vídeos publicados em redes sociais e em relatos à Defensoria Pública, testemunhas afirmam que suspeitos foram executados.

Thaynara Paes, mulher de um dos mortos no Jacarezinho, disse que, ao ser localizado pela polícia, o marido, Rômulo Oliveira Lúcio, chegou a se entregar, mas ainda assim foi executado. Rômulo, segundo ela, tinha 29 anos e estava na condicional.

Outra moradora filmou um policial e disse que o suspeito queria se entregar. A mulher acusou os agentes de tentarem “encurralar” moradores para evitar que eles chegassem até o local onde supostamente o homem teria se rendido.

  1. O QUE A POLÍCIA DIZ SOBRE AS ALEGADAS EXECUÇÕES?

O delegado Rodrigo Oliveira, subsecretário operacional da Polícia Civil, disse não considerar que houve erros ou excessos na operação.

“A Polícia Civil não age na emoção. A operação foi muito planejada, com todos os protocolos e em cima de 10 meses de investigação”, afirmou o subsecretário operacional da Polícia Civil.

Sobre a imagem do morto encontrado numa cadeira, o delegado Fabrício de Oliveira, coordenador da Core e que participou da operação, disse que as circunstâncias em que ela foi feita vão ser apuradas.

“Quando a polícia acessou, alguns criminosos foram encontrados já mortos. Caso está sob investigação e em breve a polícia vai dar mais detalhes dobre a dinâmica do que aconteceu”, disse.

  1. QUEM SÃO OS MORTOS?

Até a última atualização desta reportagem, apenas um deles tinha sido identificado pela polícia: o policial civil André Leonardo de Mello Frias, de 48 anos, atingido na cabeça no início da operação.

Os demais seguiam sem identificação oficial, mas, segundo o delegado Felipe Curi, os 24 eram “todos criminosos”. “Não tem suspeito, é criminoso, bandido, traficante e homicida porque tentaram matar os policiais”, afirmou.

A OAB-RJ, no entanto, divulgou uma lista com alguns identificados.

  1. QUANTOS FORAM PRESOS?

O delegado Felipe Curi informou que seis pessoas foram presas: três com mandado de prisão e três em flagrante. Outros três procurados foram mortos.

A polícia tinha falado em 21 criminosos denunciados e identificados em escutas autorizadas pela Justiça, mas não esclareceu se contra todos foram expedidos mandados de prisão.

  1. O QUE FOI APREENDIDO?

Um balanço divulgado às 17h de quinta-feira listava: 16 pistolas, 6 fuzis, 12 granadas, 1 submetralhadora e 1 escopeta. Também foi apreendida “farta quantidade de drogas” — que não foi contabilizada.

  1. A OPERAÇÃO FOI AUTORIZADA?

A polícia garantiu que cumpriu todos os protocolos exigidos por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). O Ministério Público confirmou que foi avisado.

No ano passado, o STF determinou regras para operações policiais em comunidades — incursões de rotina estão proibidas. Pela decisão do ministro Edson Fachin, as ações só seriam permitidas de maneira excepcional.

“Decisão do STF não impede a polícia de fazer o dever de casa. Ela coloca protocolos, e a Polícia Civil cumpre todos”, disse o delegado Rodrigo Oliveira.

“Não sei se as grandes operações dão resultado. O que eu sei é que a falta de operação dá um péssimo resultado”, emendou Oliveira.

  1. POR QUE ESTA FOI A OPERAÇÃO MAIS LETAL?

Nenhuma outra deixou tantos mortos, segundo um levantamento feito pelo G1 com informações do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni) da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da plataforma Fogo Cruzado.

“Foi a operação mais letal que consta na nossa base de dados, não tem como qualificar de outra maneira que não como uma operação desastrosa. É uma ação autorizada pelas autoridades policiais, o que torna a situação muito mais grave”, disse o sociólogo Daniel Hirata, do Geni.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG 
– Em tradução simultânea, este país está numa guerra civil não declarada. Como avisava Darcy Ribeiro: “Não querem construir escolas, terão de construir presídios”. Não deu outra. (C.N.)


Em reação à CPI, ruralistas convocam atos pró-Bolsonaro e contra o Supremo no dia 15


Protesto pró-Bolsonaro ocupa rodovia com tratores e caminhões em Pompéia -  Notícias sobre giro cidades - Giro Marília Notícias

Na manifestação, ruralistas vão botar nas ruas as máquinas agrícolas

Lauriberto Pompeu
Estadão

Entidades de produtores rurais nos Estados organizam para o dia 15 de maio atos de apoio ao presidente Jair Bolsonaro, contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e pelo fim das medidas de isolamento social adotadas por governadores e prefeitos. Os organizadores afirmam ter o apoio de mais de 100 sindicatos rurais e pretendem mobilizar manifestantes para se concentrar na Granja do Torto, em Brasília, uma das residências oficiais do presidente.

Os eventos têm como principais articuladores a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), a Associação Nacional de Defesa dos Agricultores, Pecuaristas e Produtores da Terra (Andaterra) e a Associação dos Cafeicultores do Brasil (Sincal). A mobilização é feita por meio de sindicatos vinculados às federações da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA).

MOMENTO PROPÍCIO – A movimentação acontece em um momento em que Bolsonaro se vê pressionado pela CPI da Covid, que apura se houve falhas e omissões do governo federal no combate à pandemia.

A CPI já ouviu os ex-ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich e agora vai colher o depoimento de Marcelo Queiroga, o atual ministro. No dia 15, é a vez do general Eduardo Pazuello.

Os atos também são um prenúncio da campanha de 2022. O principal concorrente de Bolsonaro na disputa é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que recuperou os direitos políticos após decisão do Supremo. Também foi a Suprema Corte que determinou a abertura da CPI da Covid no Senado.

PAUTAS DA MANIFESTAÇÃO – “Respeito à liberdade do povo, fim das políticas de lockdown, eleições com voto auditável.  Estas são as pautas que o Movimento Brasil Verde e Amarelo, o agro e o povo pela democracia defenderão durante a manifestação do dia 15 de maio, em Brasília e nas principais capitais e cidades do País”, disse a presidente da Comissão de Agricultura, deputada Aline Sleutjes (PLS-PR) nas redes sociais.

Ex-presidente do PSL em Sinop (MT), o produtor rural Emerson Antoniolli é um dos organizadores do evento. Os atos, no entanto, não contam com o apoio oficial da bancada ruralista do Congresso. “Nós, da Frente Parlamentar Agropecuária, não estamos por dentro e também não nos envolvemos nesses atos”, disse o coordenador da bancada, deputado Sérgio Souza (MDB-PR), ao Estadão.

Procurada, a CNA não respondeu à reportagem até a publicação deste texto.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Os organizadores marcaram a manifestação para o dia 15, que cai num sábado. O fato concreto é que Bolsonaro faz muita bobagem, mas continua a ter um impressionante respaldo popular. Os deputados ruralistas apoiam, mas ficam na moita, por se tratar de ato antidemocrático, por ser contra o Supremo, que, aliás, realmente está por merecer. (C.N.)

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