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sexta-feira, novembro 01, 2024

Kassab avança com PSD enquanto Lula patina em seu “negacionismo fiscal”

 

Kassab avança com PSD enquanto Lula patina em seu “negacionismo fiscal”

Presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab faz ressalva à liderança do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e diz que o centrão “não existe mais” - TV Pampa

Kassab se firma como principal articulador político do país

Marcos Augusto Gonçalves
Folha

No balanço de perdas e ganhos das eleições municipais, Gilberto Kassab tem aparecido consensualmente como um grande vitorioso. Logo após a divulgação dos resultados do segundo turno, o professor Bruno Reis, numa participação na TV Folha, comentou que o ex-prefeito de São Paulo vem se dedicando desde início da década de 10 à criação do que seria um novo partido “pivotal” no Brasil, uma sigla que de certa forma possa recriar no futuro a função do MDB no passado.

O termo pivotal, muito usado em língua inglesa, nos remete à ideia de alguma coisa que funcione como um eixo central.

DEFINIÇÃO – Não foi por acaso, portanto, que na ocasião do lançamento da legenda, Kassab —ao lado de nomes como Kátia Abreu e Guilherme Afif Domingos— tenha se saído com a sempre lembrada declaração: “Não será de direita, não será de esquerda, nem de centro. É um partido que terá um programa a favor do Brasil, como qualquer outro deve ter.”

A definição, que nega ou tenta escapar dos pontos cardeais históricos da política, foi motivo de justificáveis gracejos. Soou, afinal, como espécie de piada pronta na geleia geral do pluripartidarismo brasileiro, a levantar suspeitas sobre mais uma legenda de aluguel ou destinada a faturar no balcão da fisiologia, onde apoios são comprados e vendidos a cada nova eleição.

O PSD, no entanto, com fraquezas e defeitos que existam, vem contrariando os prognósticos mais pessimistas e ganhando terreno como uma espécie de partido do senso comum brasileiro, sem bandeiras ideológicas marcantes e discursos inflamados.

IDEÁRIO BÁSICO – O PSD guia-se por seu ideário básico favorável à liberdade econômica, ao direito de propriedade, à sustentabilidade, à inovação tecnológica, à transparência e eficiência da administração pública e às liberdades individuais.

A agremiação de Kassab foi a que mais conquistou prefeituras nas eleições municipais. Além disso, foi ele “pivotal” em São Paulo, como secretário e espécie de coach político do governador Tarcísio de Freitas. Com os pés em duas canoas, como se diz, mantém ministérios no governo Lula e procura esfriar os ânimos e deslocar a direita radical.

Pretende construir, e vai se aproximando disso, uma representação política menos exaltada para o establishment e as classes emergentes, que em grande parte se jogaram nos braços de Jair Bolsonaro em 2018.

NOME DA DIREITA – Atribui-se a Kassab a avaliação de que Tarcísio deveria evitar o risco de enfrentar Lula em 2026. Sua reeleição em São Paulo, vista de hoje, são favas contadas, o que fortaleceria sua posição para 2030. É claro que o pós-Lula seria o palco adequado para o sonho apoteótico de Kassab.

Mas a dinâmica política nem sempre favorece cálculos tão alongados. Tudo dependerá dos sinais da capacidade de Lula vencer e até do potencial de quem, senão Tarcísio, venha a ser o nome da direita.

Lula, apesar do natural desgaste, poderá colocar-se em posição de favorito. Para isso, contudo, terá de ganhar mais popularidade e superar logo o persistente negacionismo fiscal alimentado por seu partido. A ver o que a aventada proposta de uma PEC apresentará de fato. Se o governo não patrocinar um plano crível de contenção de gastos vai perder a queda de braço com o mercado e pode ser engolfado por uma crise de confiança.


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