Publicado em 6 de maio de 2022 por Tribuna da Internet
Jussara Soares, Mariana Muniz e André de Souza
O Globo
O ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, enviou nesta quinta-feira um ofício ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Edson Fachin, solicitando que sejam divulgadas as “propostas de aperfeiçoamento e segurança do processo eleitoral” feitas pelas Forças Armadas.
O pedido do ministro se refere a novos questionamentos enviados por militares após o TSE ter divulgado, em fevereiro, respostas a uma série de perguntas que havia sido feita pelas Forças Armadas em dezembro. O conteúdo da tréplica das Forças Armadas é desconhecido. Cobrado a divulgar as propostas, o Ministério da Defesa diz que cabe ao TSE dar publicidade ao documento.
MAIS POLÊMICA – As Forças Armadas foram convidadas pelo ex-presidente da Corte Eleitoral, ministro Luís Roberto Barroso, a integrar o Comitê de Transparência das Eleições (CTE). O convite ocorreu diante da insistência do presidente da República Jair Bolsonaro, sem provas, questionar a confiabilidade das urnas eletrônicas.
Na semana passada, o titular do Palácio do Planalto defendeu que as Forças Armadas façam uma apuração paralela e vem cobrando que o TSE atenda as sugestões dos militares.
Integrantes do governo dizem que a sugestão de uma sala para militares fazerem também a contabilidade de votos consta neste documento que segue sob sigilo e que agora o ministro Paulo Sérgio pede que seja divulgado pela Corte Eleitoral.
DIVERSOS PEDIDOS – No ofício endereçado a Fachin, o ministro da Defesa pede a divulgação dos questionamentos devido a cobrança da imprensa, de pedidos com base na Lei de Acesso à Informação (LAI) e também a um requerimento da Câmara de Deputados.
O autor do pedido é o deputado bolsonarista Filipe Barros (PL-PR), que passou a ser alvo da Polícia Federal por divulgar conteúdo de um inquérito sigiloso sobre ataque hacker ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
No ofício ao TSE, o ministro da Defesa argumenta que o pedido de divulgação tem o objetivo de “conferir mais transparência possível aos atos da gestão pública” e justifica que ele ocorre diante da “impossibilidade de ver concretizada uma reunião solicitada” ao ministro Fachin.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – O que é isso, minha gente? Quer dizer que o ministro da Defesa, atendendo a pedidos, teve de pedir publicamente maior transparência neste importantíssimo assunto, porque não consegue ser recebido em audiência pelo ministro Fachin, presidente do TSE? Parodiando Shakespeare, pode-se dizer, sem risco de errar, que há algo de podre nessa história. (C.N.)