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segunda-feira, novembro 01, 2021

Guedes precisa entender que, para os segmentos de renda menor, a inflação pesa em dobro


Drama econômico não encontra resposta do governo Bolsonaro

Pedro do Coutto

Ao longo dos últimos doze meses, de outubro de 2020 a outubro de 2021, enquanto a inflação do IBGE elevou-se em 10%, o peso do índice inflacionário sobre os grupos de menor renda representou uma perda de 20%. Isso porque o setor mais afetado, o da alimentação, é exatamente aquele que concentra as maiores despesas das classes pobres.

Além desse aspecto, há também a fração de 25% de atingidos pela miséria, que têm dificuldade em saber se vão conseguir se alimentar no dia seguinte. Mas temos que acrescentar ainda um grupo, na minha opinião, que reflete todo o drama brasileiro: é aquele que não tem o que comer e vive no desespero. Reportagem de Fernando Canzian, Folha de S. Paulo de domingo, focaliza nitidamente os reflexos da inflação, incluindo a análise  de André Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Getúlio Vargas.

SEM RESPOSTA – Esta face da questão social constitui o verdadeiro drama que desafia uma solução e que não encontra resposta do governo Bolsonaro. Até porque o ministro Paulo Guedes não tem nenhum interesse na questão social. Nos últimos 18 meses, os preços dos alimentos subiram 40%, dos quais, como vimos, 20% nos últimos 12 meses.

O desemprego continua alto e a renda média mensal de dois terços da população do país, também no último ano, caiu de R$ 250 por mês para R$ 172. Explico: trata-se do resultado da divisão da renda familiar pelo número de pessoas de cada família. Um desastre. Aliás, já configurado conforme vimos ontem com a queda  da renda média dos brasileiros que desceu de R$ 2400 para algo em cerca de R$ 2000. Os juros bancários continuam elevados e a Selic subiu 1,5% no mês que terminou ontem.

A reportagem de Canzian apresenta também os preços dos principais produtos de consumo alimentar e com base no panorama permite a todos os leitores confrontarem a realidade com a sua capacidade de adquirir os alimentos essenciais à vida humana. Com o desemprego alto e com a economia em baixa não é possível o país recuperar-se e fazer com que o mercado de trabalho absorva uma ponderável parcela de mão-de-obra.

NÍVEL ALARMANTE – Os períodos mais críticos do desemprego são os do segundo governo Dilma Rousseff, o de Michel Temer e o do governo Bolsonaro. Dilma Rousseff iniciou o segundo mandato com o desemprego de 4,8%. Escala aceitável, mas nos meses seguintes o desastre se alastrou e cresceu aos saltos para o nível em que se encontra até hoje.

Importante frisar  que qualquer programa de distribuição de renda tem que encontrar a sua base no emprego e no salário. Programas assistencialistas, como o Auxilio Brasil e o Bolsa Família, são importantes como uma ação de emergência, mas que não podem ser permanentes, muito menos substituir o peso do salário na escala social de qualquer país.

O emprego e o salário são também o único caminho de redistribuição de renda, sobretudo porque parte do princípio de que o mercado de trabalho tem uma relação direta com a  produtividade, o que não é o caso nem do Bolsa Família e nem do Auxílio Brasil.

MOURÃO E O SENADO –  No seu espaço no O Globo de ontem, Lauro Jardim diz que o presidente Jair Bolsonaro numa conversa há poucos dias com o general Hamilton Mourão sugeriu que ele seja candidato em 2022 ao Senado Federal pelo Rio de Janeiro. A sugestão tem outro endereço, o de dizer a Mourão que Bolsonaro, se for candidato à reeleição, vai escolher um outro nome para seu companheiro de chapa. Por qual partido?

Bolsonaro não disse. No decorrer desta semana, Bolsonaro informou a Valdemar Costa Neto, do PL, que vai se inscrever nesta legenda. Mas, no dia seguinte, disse aos representantes do PP que vai disputar as eleições por esta agremiação. Temos a impressão de que o Bolsonaro não sabe qual o seu caminho. Para mim, ele ainda não desistiu totalmente de conseguir uma ruptura com base num golpe militar.

CAPITAL ESTRANGEIRO – Júlio Wiziack, na Folha de S. Paulo, focaliza o tema da participação de capitais estrangeiros nas emissoras brasileiras de televisão. Hoje, essa participação está limitada a 30%. Mas há uma emenda na Câmara do deputado Eli Corrêa Filho, do DEM de São Paulo, prevendo que o limite seja ampliado para 49%. Entretanto, há uma corrente que é a favor da maioria das ações sair da mão de brasileiros e, com isso, permitir que investidores estrangeiros assumam o comando de redes.

Wiziack informa que o bispo Edir Macedo, dono da Record, é totalmente contra e que por isso já focalizou o assunto com o presidente Jair Bolsonaro. Entretanto, ouvido pela reportagem, Edir Macedo negou ter conversado com o presidente da República sobre esse assunto.

A matéria acentua que emissoras, como é o caso da Record, do SBT e da Band, principalmente as duas primeiras, depois da vitória de Bolsonaro, tornaram-se muito próximas do Palácio do Planalto. O SBT e a Band estão favoráveis à elasticidade do limite, sendo que a direção do SBT já está procurando compradores de sua rede, o que significa que Sílvio Santos, que já completou 90 anos, poderá se afastar do comando e até da própria empresa.

RESISTÊNCIAS – De modo geral, há resistências ao crescimento da participação de capitais externos e também queixas quanto à forma com que atuam a Netflix e a Amazon que competem com a rede tradicional. Na minha opinião, um dos aspectos da matéria inclui também a audiência dos canais cuja liderança incontestável pertence à Globo. E no universo dos canais jornalísticos a liderança da GloboNews e nos canais fechados a primeira posição é ocupada pela Netflix.

Por falar em audiência, circularam notícias de que o programa de Luciano Huck aos domingos tem registrado em torno de 13 pontos, enquanto a audiência do Faustão estava em 20 pontos. Faustão deve retornar à tela, agora na Band, no início de 2022. Levará consigo profissionais da Globo, caso do Tiago Leifert.


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