Publicado em 29 de novembro de 2021 por Tribuna da Internet
Gabriel Mascarenhas
O Globo
Após o presidente Jair Bolsonaro deixar claro que não conta com ele para o projeto da reeleição e, mais do que isso, o estimular a construir um caminho eleitoral próprio, o vice Hamilton Mourão passou a conversar recentemente com o ex-ministro Sergio Moro. Pré-candidato ao Palácio do Planalto pelo Podemos, o ex-juiz da Operação Lava-Jato é desafeto declarado do chefe do Executivo federal.
Nas últimas semanas, Bolsonaro deu a seguinte orientação ao auxiliar: tenha um paraquedas reserva. Fez isso em duas ocasiões, uma delas por mensagem de texto e a outra, pessoalmente, durante uma cerimônia no Planalto.
VAI APOIÁ-LO – Na primeira vez, a sugestão veio acompanhado de um anúncio: “Vou para o PL. Tenha um paraquedas reserva”. Depois dos recados explícitos, interlocutores de Bolsonaro fizeram chegar a Mourão que o presidente está disposto a apoiá-lo ao cargo que ele escolher concorrer em 2022, desde que não haja conflitos com interesses do núcleo mais próximo do mandatário da República.
Marcado para esta terça-feira, o ingresso do presidente no partido símbolo do Centrão, presidido por Valdemar Costa Neto, vai impactar na escolha de quem será o vice na chapa presidencial em 2022.
VICE SERÁ DO PP? – O nome do candidato a vice-presidente deverá ser indicado por outra legenda da base de apoio bolsonarista, possivelmente o PP, também do Centrão.
O partido, comandado pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, se manteve até recentemente como uma das opções de Bolsonaro para se filiar.
Em outros momentos, Bolsonaro já disse a aliados, contudo, que cogitava entregar a vice a um evangélico ou a uma mulher, preferencialmente de um estado do Nordeste.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Mourão é um personagem bipolar. Ao mesmo tempo em que devota admiração pelo torturador e assassino Brilhante Ustra, demonstra também grande sensibilidade política e social. Assim, o eleitor pode estar votado numa faceta e eleger outra. Eu o conheço pessoalmente, já conversei sobre política com ele, no governo Dilma Rousseff, e acho que hoje a sensibilidade fala mais alto do que a tortura, e o general merece voto, porque é bem melhor do que a média dos candidatos. (C.N.)