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quarta-feira, março 03, 2021

Ainda na presidência da Petrobras, Castello Branco desmoraliza Bolsonaro e reajusta de novo os combustíveis


Entregamos a recuperação da Petrobras prometida', diz Roberto Castello Branco - Seu Dinheiro

Com a mão grande, Castello Branco aumentou o próprio salário

Vicente Nunes
Correio Braziliense

Ainda no cargo de presidente da Petrobras, o economista Roberto Castello Branco deu um tapa da cara do presidente Jair Bolsonaro ao reajustar novamente os preços dos combustíveis. O executivo foi demitido por Bolsonaro por meio das redes sociais, mas há todo um trâmite legal para que ele deixe o cargo. Por isso, deu uma demonstração de força e de independência ao presidente da República.

Nesta segunda-feira (01/03), a Petrobras informou que reajustará os preços da gasolina em 4,8% (R$ 0,12 por litro) nas refinarias, com o valor médio para as distribuidoras passando para R$ 2,60. Esta é a quinta alta no ano. Desde janeiro, a gasolina acumula reajuste de 41,3%.

DIESEL, TAMBÉM – No caso do diesel, o preço médio nas refinarias subirá para R$ 2,71 por litro, com aumento de 5,03% ou de R$ 0,13. É o quarto aumento no ano, com total acumulado de 34,1%. Esse reajuste deve motivar novas cobranças ao governo por parte dos caminhoneiros.

Castello Branco ficou muito decepcionado com Bolsonaro, para o qual fez forte campanha durante as eleições presidenciais, acreditando que, se eleito, ele tocaria uma ampla agenda liberal. Dois anos e três meses depois da posse, a agenda não saiu do papel e o presidente da República se mostra cada vez maior intervencionista.

Tanto que demitiu o subordinado por discordar da política de preços da Petrobras, que acompanha a variação das cotações do petróleo no mercado internacional e o sobe e desce do dólar.

SEM PREVISIBILIDADE – Para Bolsonaro, tal política prejudica demais aos consumidores, por não ter previsibilidade. Alegou também que Castello Branco dobrou sua gratificação no cargo.

O atual presidente da Petrobras será substituído pelo general Joaquim Silva e Luna, caso o nome dele seja aprovado pelo Conselho de Administração da estatal. O currículo de Luna, porém, não cumpre uma série de requisitos previstos no estatuto da petroleira, como, por exemplo, ter experiência de pelo menos 10 anos do setor de petróleo. 

A expectativa do Palácio do Planalto é de que o Conselho de Administração da Petrobras “passe por cima dessas regras” e cumpra as determinações do presidente da República. Enquanto isso, Castello Branco vai reinando e ainda pode dar novos aumentos para os combustíveis se o petróleo e o dólar continuarem em alta.

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