Vicente Nunes
Correio Braziliense
Integrantes da Polícia Federal e da Polícia Civil do Rio de Janeiro admitem que as regalias dadas ao deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) na prisão decorrem do apoio dos policiais ao presidente Jair Bolsonaro e porque muitos deles dão suporte ao parlamentar nos ataques que ele faz ao Supremo Tribunal Federal (STF).
“As polícias, em geral, tornaram-se redutos bolsonaristas. Ninguém dentro das corporações vai tratar mal um apoiador de Bolsonaro e crítico do Supremo”, admite um policial federal ao Blog. “Ninguém fala publicamente, mas boa parte dos policiais está contra prisão do deputado”, acrescenta um policial civil.
DOIS CELULARES – Não por acaso, foram encontrados dois celulares na cela que Silveira ocupava na Polícia Federal e o deputado está com trânsito livre no Batalhão da Polícia Militar do Rio, para o qual foi transferido. Sentido-se em casa e acolhido pelos policiais, o deputado voltou a atacar o Supremo.
O apoio a Daniel Silveira entre os policiais é tamanho, que a Polícia Civil do Rio soltou uma nota na qual nega qualquer comportamento agressivo do parlamentar quando levado para o exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML). Lá, uma policial federal exigiu que ele usasse máscara de proteção contra a covid-19.
Além do tom exaltado com que se dirigiu à policial, Silveira usou palavrões para agredi-la.
“DESMENTINDO” O VÍDEO – Mesmo com vídeos confirmando o desrespeito do deputado viralizando nas redes sociais, a Polícia Civil do Rio disse não ter visto desacato no comportamento do parlamentar.
“Os quartéis e todas as corporações policiais, em maioria, comungam do pensamento de Daniel Silveira. Há um apoio explícito dos policiais ao presidente Bolsonaro e ao que dizem e fazem seus seguidores. Daniel Silveira representa muitos policiais”, reforça outro policial federal.
Portanto, não será surpresa se o deputado, cuja prisão foi ratificada pela Câmara dos Deputados, continuar tendo vida mansa no Batalhão da PM. Ele, como se sabe, é ex-policial militar. Nos poucos anos em que esteve na corporação, passou 80 dias detido por infrações.