Publicado em 24 de dezembro de 2020 por Tribuna da Internet
Vicente Nunes
Correio Braziliense
Há um incômodo claro no Palácio do Planalto com a forte ligação de dois filhos do presidente da República, Jair Bolsonaro, com o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, que foi preso sob a acusação de chefiar um grande esquema de corrupção e de desvio de dinheiro público.
Segundo assessores do presidente, o senador Flávio Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro são muito próximos de Crivella e trabalharam pesado para que todas as CPIs e todos os processo de impeachment contra o prefeito não prosperassem na Câmara de Vereadores.
DELAÇÃO PREMIADA – Segundo o Ministério Público, o QG da Propina na Prefeitura do Rio movimentava até R$ 2 milhões por mês em repasses feitos por empresários que têm contratos com a administração carioca. O esquema foi delatado por empresários que integravam a quadrilha.
Flávio e Carlos são do mesmo partido de Crivella, o Republicanos. E explicitaram apoio à candidatura do prefeito à reeleição — ele acabou derrotado. Também o presidente Bolsonaro fez campanha aberta para Crivella, acreditando que, com a vitória dele, aumentaria seu poder no Rio.
Mas a grande proximidade de Flávio e Carlos Bolsonaro com Crivella, por sinal, chamou muito a atenção da oposição, que está se movimentando para cobrar explicações do governo.
DOR DE CABEÇA – Dentro do Congresso, acredita-se que a prisão do prefeito dará muita dor de cabeça ao presidente da República.
De folga, em Santa Catarina, Bolsonaro está sendo avisado sobre todos os desdobramentos da prisão de seu aliado. O presidente disse a assessores que não pode ser surpreendido pela imprensa em relação ao rumos tomados pelas investigações conduzidas pelo Ministério Público.
Para Bolsonaro, se Crivella continuar em prisão domiciliar, faz parte do jogo. O que não quer a levar a crise envolvendo o prefeito para dentro do Planalto. Já basta o escândalo provocado pelo processo das rachadinhas na Assembleia Legislativa do Rio, que tem Flávio Bolsonaro como peça central.