Certificado Lei geral de proteção de dados

Certificado Lei geral de proteção de dados
Certificado Lei geral de proteção de dados

segunda-feira, novembro 02, 2020

Candidatos bolsonaristas não emplacam na disputa às prefeituras e encalham nas capitais

Charge do Duke (domtotal.com)

Gustavo Uribe, Ranier Bragon e Daniel Carvalho
Folha

Candidatos apoiados ou que tentam se associar ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) têm enfrentado grandes dificuldades na disputa às prefeituras das capitais, o que indica, até o momento, uma perda de força da onda antipolítica que marcou as eleições de 2018.

O principal receio que levou Bolsonaro a hesitar em apoiar candidaturas às eleições municipais deste ano, o de ligar o seu nome a fracassos eleitorais, corre o risco de se tornar realidade, mostram as mais recentes pesquisas.

APOIO – Em um primeiro momento resistente a entrar na disputa no primeiro turno, o presidente cedeu à pressão de aliados e anunciou apoios. Os nomes escolhidos por ele, no entanto, assim como outros que, mesmo sem o apoio, tentam colar suas imagens à de Bolsonaro, enfrentam adversidades eleitorais.

Nomes que encampam um discurso antipolítica, vários deles alinhados a Bolsonaro, têm amargado as últimas colocações em pesquisas do Datafolha e do Ibope, a maior parte delas lideradas por nomes já conhecidos do mundo político.

Os principais candidatos associados ao bolsonarismo em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte enfrentam dificuldades. Na capital paulista, Celso Russomanno (Republicanos) tem perdido fôlego e já aparece numericamente atrás de Bruno Covas (PSDB).

CRIVELLA – No Rio de Janeiro, o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) está em disputa com outros dois candidatos para não ficar de fora do segundo turno. Luiz Lima (PSL), outro bolsonarista, está em situação ainda pior.

Eleito na onda antipolítica de 2018, o governador do Rio Wilson Witzel (PSC) está afastado do cargo e não tem candidato —Glória Heloiza, que disputa pelo partido de Witzel, renega o ex-juiz. Lidera a corrida carioca o ex-prefeito e ex-deputado Eduardo Paes (DEM).

Na capital mineira, Bruno Engler (PRTB) está embolado com outros nanicos nos últimos lugares da disputa, em larga distância do favorito, o prefeito Alexandre Kalil (PSD), que tem 60%, de acordo com o Datafolha.

ÚLTIMA COLOCAÇÕES – Candidato do governador Romeu Zema (Novo), outro que surfou na onda de 2018, Rodrigo Paiva (Novo) tem 1% das intenções de voto, numericamente pior do que Engler. Na maior parte das capitais, a situação mais comum é a de bolsonaristas embolados nas últimas colocações.

Em São Luís, por exemplo, Silvio Antonio (PRTB) convocou aliados para o aeroporto a fim de recepcionar Bolsonaro, que visitou o Maranhão na última quinta-feira (29). Depois, postou em suas redes sociais uma foto no meio da multidão, cumprimentando o presidente, com a seguinte inscrição:

“Na recepção do presidente em São Luís no aeroporto Cunha Machado. ⁣⁣Aconteceu o encontro entre Silvio Antonio e o presidente. @jairmessiasbolsonaro afirmou: ‘Eu Voto em você’. ⁣Silvio Antonio responde: ‘Obrigado, presidente.’” Silvio Antonio não foi citado por nenhum dos entrevistados na última pesquisa Ibope. Procurado por meio de sua assessoria, ele não se manifestou.

ESCONDENDO VÍNCULO – No total, apenas três bolsonaristas aparecem nas primeiras colocações nas 26 capitais estaduais, o que inclui São Paulo e Fortaleza. Na capital cearense, apesar de liderar a disputa, Capitão Wagner (PROS) tem escondido sua vinculação com o presidente. A outra é Cuiabá, mas lá Abílio Júnior (Podemos) se esforça para tentar colar sua imagem à de Bolsonaro.

Mesmo com o cenário desfavorável, o núcleo ideológico do Palácio do Planalto tem insistido na necessidade de o presidente apoiar em público, pelo menos, nomes nas grandes capitais, na tentativa de garantir palanques fortes para sua campanha à reeleição em 2022.

Em sentido contrário, integrantes da cúpula militar já defendem uma retirada estratégica, evitando que derrotas regionais desgastem a imagem do presidente e enfraqueçam o governo federal.

VIRADA – Bolsonaro, contudo, não pretende seguir o conselho neste momento. Em conversa recente, disse que irá intensificar sua participação nas próximas duas semanas, na tentativa de estimular um movimento de virada. O presidente vinha apenas insinuando quem eram seus candidatos, sem citar nomes. Na sua live semanal da última quinta-feira, citou nomes e números de alguns vereadores e de cinco prefeitos. Deixou de fora Capitão Wagner, mas fez propaganda para seus apoiados em Manaus, Belo Horizonte, Santos, São Paulo e, ainda que timidamente, Rio de Janeiro.

Ao falar da disputa na capital fluminense, Bolsonaro disse que o nome que apoia “dá polêmica” e encerrou afirmando que “se você não quiser votar nele, fique tranquilo, tá certo, não vamos criar polêmica, não vamos brigar entre nós por causa disso daí, porque eu respeito os seus candidatos também”. No dia seguinte, recebeu Crivella no Palácio da Alvorada e gravou vídeo com ele. Após a gravação, porém, voltou a falar sem empolgação do prefeito.

NA BALANÇA – “Se você não quer votar no Crivella, não vamos brigar por causa disso. Você pode encontrar virtude em outros candidatos, respeito, mas eu botei na balança, entre todos os candidatos ali, o que seria melhor para o Rio de Janeiro.”

Nos últimos dias, Bolsonaro passou a usar a falta de recursos para viajar como argumento para não se envolver mais nas campanhas pelo país. “Eu não posso me empenhar mais porque, para eu ir fazer campanha lá, eu tinha que pegar um avião de carreira. Não tenho recursos para isso, levar uns 30 seguranças ou contratar uns cem lá porque a minha cabeça está valendo alguma coisa no mercado”, disse a apoiadores nesta sexta-feira (30).

Em São Paulo, na semana passada, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o chefe da Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social), Fabio Wajngarten, participaram de agenda de Russomanno. Mesmo com o enfraquecimento do candidato, Bolsonaro deve ampliar a sua presença na campanha do aliado. Ele fará novas gravações nesta semana com Russomanno, repetindo a frase: “Agora chegou a nossa vez”.

REELEIÇÃO DE COVAS – “Acho que vai ter segundo turno no Rio, como em São Paulo. A gente vai ganhar nos dois municípios”, disse Bolsonaro na sexta. O presidente quer evitar a reeleição de Covas, candidato do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), provável adversário na campanha nacional de 2022.

O marqueteiro de Russomanno, Elsinho Mouco, disse à Folha acreditar que a presença de Bolsonaro tem um efeito diferente em São Paulo na comparação com outras capitais e que pode ajudar a consolidar Russomanno no segundo turno. “Em outras capitais, os candidatos não têm a mesma força eleitoral do Russomanno. Ele entrou nessa campanha com 1 em cada 4 eleitores paulistanos. É um bom aliado para o presidente lá na frente”, afirmou Mouco.

No mês passado, Bolsonaro também anunciou seu apoio ao candidato Coronel Menezes (Patriota), em Manaus, e a Ivan Sartori (PSD), em Santos (SP). Os dois candidatos, no entanto, não aparecem entre os favoritos nas pesquisas eleitorais e não têm conseguido crescer mesmo com o apoio do presidente.

Em destaque

General Mário Fernandes sugeriu a Bolsonaro retorno de Braga Netto à Defesa por ‘apoio’ ao golpe

  Foto: Marcos Corrêa/PR/Arquivo O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o general Braga Netto 25 de novembro de 2024 | 19:36 General Mário Fe...

Mais visitadas