Posted on by Tribuna da Internet
Mariana Carneiro e Guilherme Seto
Folha
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) compartilhou no domingo, dia 31, um bordão popularizado na Itália por Benito Mussolini e fez com que o ditador fascista chegasse à lista de assuntos mais comentados do Twitter.
“Melhor viver um dia como leão que cem anos como cordeiro”, publicou Bolsonaro. Durante o período em que o movimento fascista teve mais força na Itália, entre as décadas de 1920 e 1940, um dos bordões entoados por Mussolini e seus seguidores era o que foi compartilhado por Bolsonaro —no original, “meglio vivere un giorno da leone che cento anni da pecora”.
VÍDEO – A mensagem aparece no final de um vídeo compartilhado por Bolsonaro em que um senhor italiano esbraveja e diz que a “liberdade vale mais do que a morte” e que “a liberdade não tem preço”. Em contraste com a mensagem que conclui o vídeo, o senhor exalta Gennaro Capuozzo, um menino que foi herói da resistência italiana contra a Alemanha nazista, e pergunta quantos italianos morreram combatendo os nazistas.
“Em 1 minuto o velho italiano resumiu o que passamos nos dias de hoje”, legendou Bolsonaro. No livro “La Forza del Destino: storia d’Italia dal 1796 a oggi”, Christopher Duggan escreve que o bordão “Melhor viver um dia como leão que cem anos como cordeiro”, assim como outros popularizados por Mussolini, como “crer, obedecer e combater”, foram pintados em muros de toda a Itália no período fascista.
POLÊMICA – Ainda que a origem da frase seja incerta, sua apropriação pelo movimento fascista foi amplamente documentada. Com a publicação da mensagem por Bolsonaro, o termo “Mussolini” chegou aos trending topics do Twitter.
Neste domingo, dia 31, dia em que o presidente compartilhou a mensagem nas redes sociais, apoiadores de Bolsonaro e manifestantes em defesa da democracia entraram em confronto na Avenida Paulista.
ESTOPIM – Em entrevista à CNN Brasil, o secretário-executivo da Polícia Militar de São Paulo, coronel Álvaro Camilo, afirmou que pessoas que portavam bandeiras de cunho neonazista entre os apoiadores do presidente foram o estopim do tumulto nas manifestações. Em 2016, o presidente norte-americano, Donald Trump, retuitou a mesma frase que Bolsonaro, e por isso foi alvo de críticas.