Gustavo Schmitt e Sérgio RoxoO Globo
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia , também foi alvo da ofensiva do grupo de principais apoiadores do presidente Jair Bolsonaro , no Twitter. No domingo, o Globo mostrou que um grupo de 5.843 perfis fez, no último mês, publicações em três casos que envolviam o governo : ataque ao jornal “O Estado de S. Paulo” com base em uma declaração falsa atribuída uma repórter do Estadão, na ofensiva contra a nomeação da cientista política Ilona Szabó para um conselho do Ministério da Justiça e na defesa da atuação de Bolsonaro em sua viagem aos Estados Unidos.
Um outro levantamento, também realizado com auxílio do Laboratório de Estudos e Imagem de Cibercultura (Labic) da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), aponta que 88% (5.134 dos 5.834) do grupo mais atuante a favor de Bolsonaro também foi ao Twitter para atacar Maia.
ATAQUES A MAIA – O presidente da Câmara foi citado no Twitter 684.333 mil vezes durante o período em que trocou farpas públicas com Bolsonaro nas duas últimas semanas. Ele tem sido violentamente atacado por apoiadores do presidente, com hashtags como #calabocamaia, #impeachmentrodrigomaia. e #maiarespeita o povo.
Maia ainda foi alvo de uma fakenews de que não poderia ser presidente da Câmara por ter nascido no Chile, não necessariamente dos apoiadores do grupo bolsonarista citado na reportagem. A Constituição determina que apenas brasileiros natos podem comandar a Casa legislativa. Mas, apesar de ter nascido no país sul-americano, Rodrigo maia foi registrado por seu pai, Cesar Maia, no consulado brasileiro de Santiago.
No domingo, o Globo mostrou que o grupo central de apoiadores de Bolsonaro que atuou nos três casos analisados, apesar de representar 9% do total de usuários que se engajaram nesses temas, foram responsáveis por quatro em cada dez postagens.
USO DE ROBÔS – Para especialistas, o grupo pode ter o auxílio de robôs e atua de forma coordenada para alavancar temas relevantes para o governo que entram nas listas nos mais comentados no Twitter.
A avaliação dos comportamento dos 5.843 perfis bolsonaristas mais ativos nos três casos leva à constatação de que há dois grupos distintos atuando. O primeiro é formado pelos chamados influenciadores, que fazem poucas postagens, na maioria das vezes de autoria própria, e chegam a um grande número de usuários porque são muitos retuitados. O segundo é composto pelos propagadores, que quase não fazem postagens próprias, mas retuítam os influenciadores e são os campões gerais de postagens.
TERÇA LIVRE – O principal entre os influenciadores é Allan dos Santos, sócio do Terça Livre, site que iniciou os ataques à repórter Constança Rezende, do “Estado de S. Paulo”, com a publicação de uma declaração falsa. “Minha resposta é peremptória. Não tem nada organizado. Não tem nenhum tipo de coordenação” — disse Allan.
Ele chegou a usar postagens de um perfil falso no Twitter para atacar a repórter. Depois, publicou uma errata dizendo que o perfil não era o de Constança. No dia 23, xingou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). “Pago impostos e pago o salário do Rodrigo Maia. Ele tem que me tratar como patrão e eu devo tratá-lo como funcionário” — disse Allan sobre o caso.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) também foi ao Twitter comentar o assunto. Ele afirmou que objetivo da reportagem é “tirar a legitimidade das redes”.
###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Não é possível nem aceitável proibir o Twitter e outras redes sociais. Mas é cabível e desejável que não se permita o uso de robôs. Um dos tuiteiros identificados postou 16 mensagens diferentes em apenas um minuto. Como isso é possível? (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Não é possível nem aceitável proibir o Twitter e outras redes sociais. Mas é cabível e desejável que não se permita o uso de robôs. Um dos tuiteiros identificados postou 16 mensagens diferentes em apenas um minuto. Como isso é possível? (C.N.)