Pedro do Coutto
Numa sessão marcada por protestos da oposição, o ministro Paulo Guedes não conseguiu apresentar argumentos capazes de tecnicamente contestar as críticas feitas e os números apresentados pelas correntes que se opõem à reforma da Previdência Social nos termos propostos pelo governo Jair Bolsonaro. Depois de quatro horas de debates o ministro Paulo Guedes foi acuado pelas razões colocadas pelos deputados Alessandro Molon e Paulo Pimenta.
Na parte final da exposição, o titular da economia exaltou-se e demonstrou ter sido acometido de uma crise de nervos. Rebateu os argumentos colocados fora do tema reforma da Previdência.
DISCURSO DE SEMPRE – Exaltado, condenou os incentivos fiscais e as desonerações concedidas pelos governos Lula e Dilma Rousseff, concessões que se elevam a uma escala em torno de 300 bilhões de reais, mas não atribuiu urgência a revogação de tal liberalidade. Fixou-se na reforma Previdenciária, porém sem iluminar os pontos mais concretos e objetivos da matéria.
Repetiu o discurso de sempre sem acrescentar qualquer ponto que funcionasse como base de sustentação da reforma elaborada por sua equipe.
A sessão da CCJ, transmitida integralmente pela Globo News revelou a força da oposição contrária a matéria. Os governistas não se pronunciaram para defender o Ministro e isso deixou claro as dificuldades que vão pesar contra o projeto.
DESARTICULADO – Reportagem de Geralda Doca, Marcelo Correa, Eduardo Bressiani, Bruno Goes e Manoel Ventura, edição de ontem de O Globo, acentuou a dificuldade encontrada pelo mesmo Paulo Guedes em se articular com deputados no sentido de ouvir suas reivindicações.
Na minha opinião está claro o erro de Paulo Guedes: ouvir reivindicações é algo que não pode ser articulado em conjunto. Isso porque aqueles que compareceram à reunião não estavam dispostos a assumir os pedidos decorrentes do encontro.
Paulo Guedes esqueceu ou não considerou, por falta de sensibilidade política, que aqueles deputados desejam no fundo trocar seus votos por indicações que pretendem fazer para os quadros de direção nas empresas estatais e autarquias. Assim, nenhum deles desejava expor claramente o que queria do governo. Na Folha de São Paulo, reportagem de Ângela Boldrini e Tiago Resende ressaltou essa face, mais ou menos, oculta da questão.
Coisas da política, universo no qual Paulo Guedes evidentemente não se sai bem.