Pedro do Coutto
Foi exatamente isso o que ocorreu na tarde-noite de quarta-feira quando houve um tumulto na Comissão de Justiça na Câmara envolvendo o ministro da Economia. Diante do bate-boca a solução da mesa diretora foi encerrar o depoimento, depois de longas horas de indagações sobre o projeto de Emenda Constitucional que abre caminho para a reforma da Previdência.
O fato foi comentado por fontes do Palácio do Planalto que lamentaram o fato de os deputados governistas não terem comparecido em número expressivo à sessão.
SE VALORIZANDO… – Enquanto os comentários registram o problema, na minha opinião tal ausência foi usada pelos deputados de diversos partidos, buscando se fortalecer junto ao presidente Jair Bolsonaro.
Esses parlamentares, em grande número, revelaram que estão condicionando seu voto a favor da reforma ao atendimento das reivindicações que apresentaram e que outros irão apresentar para obter apoio do Palácio do Planalto e, com isso, se situarem melhor, tendo como alvo nomeações para cargos de direção nas empresas estatais e nas autarquias do poder.
A confirmação de tal manobra está constatada na reportagem de Gustavo Uribe e Thais Bilenky, edição de ontem da Folha de São Paulo.
NO PLANALTO – Diversos dirigentes de partido foram recebidos pelo presidente Bolsonaro no Palácio do Planalto e receberam caminho livre para seus votos nas etapas decisivas da tramitação da matéria no Congresso Nacional. O encontro foi com os presidentes das legendas e líderes partidários. Porém, como a reportagem revela, nem por isso Bolsonaro conseguiu receber apoio para o projeto do Planalto.
É claro que isso aconteceria porque, se apoiarem antecipadamente não vão encontrar melhores condições para votar quando a matéria encontrar-se próxima ao desfecho.
Esta é a visão política baseada na tradição dos apoios ao Executivo fornecidas pelo Parlamento.
TÉCNICA JURÍDICA – O mesmo acontece com os advogados de políticos, empresários e autoridades que estão sendo processados em decorrência da Operação Lava Jato.
Quanto mais difícil estiver o esforço para libertar seus clientes, maior será a dependência desses acusados em relação aos advogados, cujo taxímetro roda sem parar, até com o motor parado.