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quarta-feira, abril 24, 2019

Olavo de Carvalho tentou enfraquecer a ala militar, mas acabou fortalecendo os generais


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Olavo de Carvalho tentou acertar nos militares, mas errou o tiro
Pedro do Coutto
Reportagem de Jussara Soares e Gustavo Maia, em O Globo edição de ontem, destaca a resposta do vice presidente da República a mensagem agressiva postada por Olavo de Carvalho contra os militares. Olavo de Carvalho afirmou que militares não proporcionaram nenhum progresso efetivo, desde que Euclides da Cunha escreveu “Os Sertões” em  1912. A resposta do general Hamilton Mourão acentuou que Olavo de Carvalho está prejudicando a imagem do governo Bolsonaro, quando deveria se limitar à função de astrólogo, que foi a primeira profissão do escritor.
O episódio, como não poderia deixar de ser, uniu o grupo militar do governo, gerando mal estar generalizado. O mal estar cresceu de importância a partir do momento em que o próprio presidente Bolsonaro destacou as críticas ao filósofo dizendo que seus pronunciamentos não ajudam ao governo.
DEU TUDO ERRADO – Pelo que se depreende, Olavo de Carvalho, em vez de obscurecer a presença militar no Planalto, objetivo que estava em sua mente, terminou ressaltando a divisão existente entre uma ala do poder e outra, fortalecendo os militares.
O grupo militar, que reúne vários generais falou pela voz firme do vice-presidente da República. Tão firme que levou o presidente Jair Bolsonaro a criticar frontalmente o filósofo, acentuando que as mensagens de Olavo de Carvalho em nada ajudam o governo. Governar é atuar para transpor diversos problemas, resistências, além de contradições, com as quais os governantes vão cruzar na sua estrada até o final de seus mandatos.
ASSIM É A POLÍTICA – Olavo de Carvalho, de fato, fortaleceu a corrente militar, embora sua intenção clara fosse afastá-la do presidente Jair Bolsonaro e do governo como um todo.
Assim é a política. Os exemplos se repetem ao longo da história, não só no Brasil como em outros países. A peça “Julio Cezar”, de Shakespeare contém dois exemplos marcantes: Cássio e Brutus. Cássio era a figura pensante do imperador. Mas no fundo queria substituí-lo. O poder é pleno de exemplos nesse sentido.
Quanto à atuação dos filhos de Bolsonaro, jamais se viu nada igual na política, nem mesmo no Império.

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