Gustavo SchmittO Globo
O presidente Jair Bolsonaro admitiu nesta segunda-feira a possibilidade de se candidatar à reeleição, em 2022. Bolsonaro, no entanto, condicionou uma eventual candidatura à aprovação de uma reforma política para reduzir o tamanho da Câmara e Senado. E ponderou também que apenas será candidato se seu estado de saúde mantiver o quadro de evolução. O presidente passou por uma cirurgia de reconstrução do trânsito intestinal após ser esfaqueado na barriga, em setembro, durante um ato de campanha.
“A pressão está muito grande para que se eu estiver bem, que me candidate à reeleição” — disse o presidente, em entrevista a Augusto Nunes, da rádio Jovem Pan, no Palácio do Planalto.
DESGRAÇA – Bolsonaro prometeu que, caso seja candidato, fará diferente de outros políticos brasileiros, cuja reeleição, segundo ele, acaba se tornando uma espécie de “desgraça”, e que só se tona possível por meio de “acordos espúrios que levam a escândalos de corrupção”.
Ao fazer essa menção, Bolsonaro disse estar se referindo ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: “Não quero jogar dominó com ninguém em Curitiba” — provocou o presidente, numa referência à sede da Polícia Federal, onde Lula cumpre pena de 12 anos e um mês de prisão após a condenação no caso do tríplex do Guarujá.
Bolsonaro reconheceu que a proposta de seu governo de reforma da Previdência é impopular, e afirmou que não teme que o projeto cause qualquer empecilho a uma eventual candidatura: “Se eu pensasse em reeleição faria uma reforma light, ou não faria. Mas (sua eventual candidatura) poderia não sobreviver em 2022” — concluiu.
OUTRO PODER – Bolsonaro afirmou que a aprovação da reforma da Previdência agora “depende de outro poder”, o Legislativo, mas frisou que o executivo “tem feitos gestões”, já que tem uma grande bancada de deputados.
“A proposta mais importante vem da economia, do ministro Paulo Guedes. A reforma depende agora de outro poder – disse o presidente. Ele frisou que a aprovação do projeto seria positivo para o mercado financeiro e aumentar a confiança dos investidores.
O presidente afirmou que a aprovação da proposta não será fácil em razão da oposição que, em suas palavras, “torce pelo pior”. Contudo, ele disse que até mesmo o PT torce pela aprovação da proposta, embora não queira o desgaste político que o projeto acarreta.
“TORCIDA DO PT” – “O pessoal do PT está torcendo pra aprovar a previdência sem o voto deles. Os governadores deles também precisam. Eu conversei com o governador do Ceará” – disse o presidente.
O presidente também foi questionado sobre polêmicas que ocorreram após postagens dele e dos seus filhos no Twitter. Bolsonaro disse que não se arrepende e afirmou que seu filho, o vereador Carlos Bolsonaro, é quem auxilia na coordenação dos trabalhos.
O presidente disse que a rede social não toma mais de meia hora do seu dia e negou que as postagens de Carlos atrapalhem o governo. “Ele (Carlos) que me colocou aqui. Atrapalhando o quê? Acho que ele deveria ser ministro. Mas ele não está pleiteando isso. Foi a mídia dele que me colocou aqui”- afirmou o presidente.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Bolsonaro continua enfeitiçado pelas redes sociais e pelos filhos. É um erro. A campanha acabou, agora é governar. Na sucessão de 2022, vai enfrentar muitos pesos-pesados, como Fernando Haddad, João Dória, Ciro Gomes, Wilson Witzel, Hamilton Mourão e Sérgio Moro. Será uma bela disputa. (C.N.)
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