Ministro aceita recurso de defesa de João Beltrão, que havia sido barrado pela Ficha Limpa, para voltar à Assembleia Legislativa de AL. Ele está com prisão decretada desde fevereiro por causa de um dos três homicídios que lhe são atribuídos
Advogado diz não ver mais chance de Beltrão ser preso por causa da diplomação |
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux aceitou o recurso da defesa e liberou a volta do ex-deputado estadual João Beltrão (PRTB) à Assembleia Legislativa de Alagoas. Ele está foragido da Justiça desde fevereiro, quando teve prisão decretada por causa de um dos três assassinatos que lhe são atribuídos.
Beltrão havia sido barrado pela Lei da Ficha Limpa porque teve a prestação de contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) no período em que foi secretário de Trabalho e Ação Social de Alagoas. Como o Supremo decidiu em março que a nova lei não valeu para a eleição passada, Fux acolheu o pedido da defesa. O voto do ministro desempatou o julgamento que derrubou a aplicação da lei nas últimas eleições e adiou sua vigência para a disputa de 2012.
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A posse de Beltrão precisa agora ser determinada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Alagoas. “Vamos aguardar agora a comunicação ao TRE, que vai expedir a diplomação. Com isso, o deputado não pode mais ser preso. Um parlamentar só pode ser preso salvo flagrante de crime inafiançável”, disse ao Congresso em Foco o advogado de Beltrão, José Fragoso.
Segundo o advogado, a partir da diplomação, não há mais chance de seu cliente ser preso. Fragoso diz não saber do paradeiro de Beltrão e conta que mantém contatos apenas com a família do ex-deputado.
O ex-deputado foi um dos indiciados pela Polícia Federal em 2007 pelo desvio de R$ 300 milhões da folha de pagamento da Assemebleia Legislativa de Alagoas, revelado pela Operação Taturana. Barrado até então pela Ficha Limpa, ele ficou sem mandato no início do ano. No dia 8 de fevereiro, a Justiça determinou a prisão dele pelo assassinato do ex-cabo da Polícia Militar (PM) José Gonçalves, em 1996. Beltrão, o ex-deputado federal Francisco Tenório e o atual vice-presidente da Assembleia de Alagoas, Antônio Albuquerque (PTdoB), são apontados pelas investigações como mandantes do crime.
“Joaquim Beltrão é absolutamente inocente nessa acusação. Não tem nada a ver. Vamos demonstrar isso na instrução criminal”, afirmou Fragoso.
O ex-deputado também responde a processo pelo assassinato do bancário Dimas Holanda, em 1997, e de Pedro Daniel de Oliveira, morto com 15 tiros no interior de Tocantins em 2001. Em 2008, ele chegou a ser preso pela Operação Ressurgere, desencadeada pela Polícia Civil de Alagoas, a Polícia Federal e a Força Nacional de Segurança, por crimes de pistolagem e formação de quadrilha, por crimes de mando e execução.
João Beltrão é irmão do deputado federal Joaquim Beltrão (PMDB-AL). A família tem forte base eleitoral no sul de Alagoas. Os dois são tios dos prefeitos de Coruripe (AL), Marx Beltrão, e Jequiá da Praia (AL), Marcelo Beltrão, e do ex-prefeito de Penedo (AL) Március Beltrão.
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Fonte: Congressoemfoco