Depois do golpe de 64, sua carreira começa com uma contradição e uma única e não mais repetida coerência. Depois dos anos dourados do exílio, voltou PARA O BRASIL EM 1977, dois anos antes da ditadura PASSAR RECIBO NA PRÓPRIA MORTE. Embora um grupo tentasse a RESSURREIÇÃO.
(Isso foi posto em ação, em duas oportunidades. 1 – Destruição física da Tribuna da Imprensa, em 26 de março de 1981. Se a Anistia foi CONCRETIZADA em novembro de 1979, março de 1981 “era antes”?).
(2 – 1º de maio de 1981, tinham pressa de recuperar o TEMPO PERDIDO desde 1979. Os dois fatos, (Tribuna e RioCentro) foram mobilizados com as alternativas: inutilizar a ANISTIA de 1979, e se não desse certo, VINGANÇA. Sendo que, no atentado do RioCentro, jogavam com a vida de multidões que estavam lá festejando. Os dois atentados, da autoria do mesmo grupo que dominava o SNI).
Por que voltou em 1977? Devia estar autorizado “por quem de direito”, pois ninguém sabia que a ditadura, que oficialmente iria até 1985 (o fim do “mandato” de Figueiredo), iria se dissolver 6 anos antes, e José Serra já sabia com 8 anos de antecedência?
Em 1978, eleição parlamentar. José Serra se candidatou a deputado estadual (pelo MDB, o único que se parecia com um partido), o tribunal eleitoral recusou o registro, alegando que ele estava cassado. Apesar da VOLTA ANTECIPADA, O NÃO REGISTRO, ponto a favor dele. Depois não marcaria mais nenhum.
(Nesse 1978, o MDB tentou registrar minha candidatura ao Senado, resposta do tribunal eleitoral: “O jornalista está cassado, não pode ser candidato”. Acontece que eu fui CASSADO por 10 anos em 1966, até Cabralzinho “descobriria” que a CASSAÇÃO terminaria em 1976. Resposta dos golpistas da ditadura: “A cassação não é mais por 10 anos, É PARA SEMPRE”.
Os golpistas pelo menos eram OTIMISTAS, afirmando que a CASSAÇÃO ERA PARA SEMPRE. Mas a incoerência se Serra, monumental. Não podendo se candidatar, COORDENOU e DIRIGIU a candidatura de Fernando Henrique Cardoso ao Senado na chapa de Franco Montoro. Como FHC se FARTOU DE DIZER que fora cassado e FICARA NO EXÍLIO COM SERRA, como este podia dirigir a campanha de alguém cassado?
Por várias vezes desafiei FHC a provar como é que podia ter disputado a eleição (que representou o início da carreira que o levaria a presidente e à REEELEIÇÃO) tendo sido cassado e ido para o exílio. A primeira vez que contestei as afirmações de FHC, foi no Conselho da ABI, num debate (amigável) com o jornalista Mauricio Azedo, agora presidente (excelente) da própria ABI.
Serra seria Prêmio Nobel de contradição se isso existisse. Na Constituinte, lutou intensamente para acabar com o cargo de vice-presidente. Podia ser uma convicção, embora todos os países com presidente eleito, tivessem vice-presidente. Mas vá lá, poderia ser uma idéia.
Só que depois, em benefício próprio, OFICIALIZOU, USOU E ABUSOU do suplente de senador. Depois de perdeu duas vezes para prefeito de São Paulo, se elegeu senador. E colocou como SUPLENTE, o financiador da campanha. Que ficou quase o mandato inteiro. (Suplente é mais oneroso para o sistema, do que vice-presidente).
Foi ministro de FHC quase os dois mandatos dele, e o suplente gozando os votos que não obtivera. Serra foi ministro da Planejamento e depois ministro da Saúde, assumindo no Senado para ser presidenciável. Por isso foi chamado pelo senador Waldeck Ornelas, da Bahia, de “Pilantrópico”, quando se dizia Filantrópico. Nenhuma resposta.
Serra sempre foi um tremendo carreirista. Para o obtenção de cargos e para se definir ideologicamente. Era tido como se esquerda, quando isso lhe interessava, ou de direita, pelas mesmas razões.
E também era considerado de centro, o maior número de vezes. Gostava de explicar: “Me definem como de CENTRO, porque administrativamente sou CENTRALIZADOR. É que gosto de fazer”.
Tradução de suas palavras: “Só centralizando é possível fazer, o importante é DOMINAR tudo INDIVIDUALMENTE“. O coletivo não serve para fazer?
(Serra não será presidente, mas só por hipótese, admitamos que se eleja: governará sozinho? Então, quando diz que aumentará o número de ministros, não é “verdade-verdadeira” e sim “MENAS” verdade?
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PS – Foi preterido 5 vezes para ministro da Fazenda, apoiado pela Febraban, que já financiara sua candidatura a deputado federal. A tragédia ministerial começou quando Dornelles deixou a Fazenda, em agosto de 1985.
PS2 – Vetado, o mesmo acontecera quando indicado para uma Comissão de Economistas na campanha de Tancredo Neves. Para substituir Dornelles, Serra perdeu para Dílson Funaro. Como este (excelente figura) estava com leucemia e morreria logo, Serra surgiu novamente. Mas Sarney preferiu Tasso Jereissati, que terminava o mandato de governador do Ceará.
PS3 – Em janeiro de 1987, Sarney, à meia noite, telefonou para Tasso, em Fortaleza, convidando-o para ministro da Fazenda. Aceitou na hora, pediu emprestado o avião do governador de Sergipe, viajou para Brasília. Mas como naquele tempo a velocidade dos jatos ainda não era grande, quando desembarcou, já estava vetado pelo doutor Ulysses.
PS4 – Sarney não podia fazer nada, mas nomear Serra não estava nos seus planos. Escolheu Bresser Pereira, indicado por Abílio Diniz, que já era dono do “Pão de Açúcar”, que começava a ser “lugar de gente feliz”.
PS5 – Bresser era inovação-imolação, não podia durar muito. O que durava era a ambição de Serra e o veto simbólico. Em maio de 1992, houve o impeachment de Collor, apesar dele ter renunciado, mas demorou muito.
PS6 – Antes de Itamar ser efetivado, (já estava como interino) líderes de vários partidos se reuniram para formar o novo governo. Itamar indicou Serra ministro da Fazenda, sofreu veto coletivo. No dia 29 de dezembro, assumia a Fazenda, Gustavo Krause. Que não era do ramo, mas simpaticíssimo. E não tinha o apoio da Febraban.
PS7 – E finalmente, já no primeiro governo FHC, o último veto, esse SURPREENDENTE e MONUMENTAL. Foi nomeado Pedro Malan, que não queria. Ocupava cargo ótimo em Washington, a mulher (sobrinha de Ziraldo) tinha uma escola de sucesso, não queriam vir.
PS8 – Malan não queria, FHC disse “apenas alguns meses no Banco Central”, ficou 8 anos. Jamais gostou tanto de uma decisão, que elogia até hoje.
PS9 – Termino por aqui, precisamente no momento em que Serra faz comparação entre FHC e Lula. Para bajular Lula e mostrar a FHC: “Aqui, no meu governo, você não terá muito espaço”. Ainda vou escrever muito sobre ele e Dona Dilma.
PS10 – Por favor, fato, fatos. Nada CONTRA ele ou CONTRA ela. Haja o que houver, depois de outubro ou novembro (segundo turno) e janeiro (a posse), os tempos serão IMPREVISÍVEIS, perdão, TERRÍVEIS e PREVISÍVEIS. Sem necessidade de binóculo de grande alcane.
Fonte: Tribuna da Imprensa