Defensores irão recorrer no Tribunal de Justiça. Eles alegam falhas na investigação policial e a falta de provas que coloquem os suspeitos na cena do crime
Os advogados de defesa de Alan Henrique e Luiz Vieira da Rocha, suspeitos de assassinar a estudante Amanda Rossi, encontrada morta dentro da casa de máquinas da Universidade Norte do Paraná (Unopar) em 27 de outubro de 2007, irão recorrer da decisão da Justiça que determina a realização de um júri popular.
O recurso será encaminhado ao Tribunal de Justiça do Paraná (TJ). Os defensores alegam falhas na investigação policial e falta de provas que coloquem os acusados na cena do crime. O julgamento deve ser realizado somente em 2011.
Pai de Amanda diz que júri popular "é o ínicio da justiça"
Para o pai da estudante Amanda Rossi, Luiz Carlos Rossi, a decisão da Justiça de levar os três suspeitos do assassinato da filha a júri popular é “o início da justiça”. Ele revelou que essa notícia era esperada.
Rossi disse que conversou com Dayane, quando ela já estava presa, e ela revelou detalhes que conferem com a investigação policial. “Eles devem ir mesmo a julgamento, e acredito que eles serão condenados a pena máxima. Não tenho dúvidas de que foram os três que fizeram essa barbaridade com a minha filha”, declarou.
Luiz Carlos Rossi também revelou acreditar que os suspeitos revelem o nome do mandante do assassinato durante o julgamento. No entanto, a falta do autor intelectual do homicídio e o motivo crime ainda provocam muita dor.
O JL teve acesso ao pronunciamento da juíza Elizabeth Kather, da 1ª Vara Criminal, que classificou o crime como triplamente qualificado, por motivo torpe (mediante promessa de recompensa), cruel (mediante esganadura) e dissimulado (sem chances de defesa da vítima). A pena máxima pode chegar a 30 anos.
Dayane de Azevedo, que é ré confessa, também irá a júri popular. O depoimento dela é a prova mais contundente utilizada pela acusação contra Rocha e Henrique. A moça apontou os dois como executores do assassinato da estudante. A reportagem não conseguiu falar com o advogado que defende Dayane.
Para o defensor de Alan Henrique, citado como o executor direto do homicídio, Laércio dos Santos Luz, a decisão já era esperada.
O advogado diz que as prisões, que ocorreram no final de 2008, foram “precipitadas” e tanto a polícia quanto o Ministério Público não quiseram voltar atrás desta decisão. Luz ressaltou que, com esta medida, as “autoridades jogaram para o júri a decisão”. “Com certeza absoluta meu cliente será absolvido no Tribunal. Não há nenhum elemento para condená-lo”, argumentou.
Luz destacou que as investigações ficaram “pela metade”, pois, em depoimento, Dayane revelou o nome de uma professora como a mandante do crime. “Contudo, nada foi feito contra ela. Já o meu cliente está preso injustamente”, disse. Ele ainda acrescentou que Henrique não apareceu em nenhuma das imagens das câmeras de segurança da universidade gravadas no dia do crime. “As imagens mostram a Amanda na quadra, mas não mostram o Alan. Como ele pode ter matado a estudante se ele não estava lá?”, questiona.
O novo defensor de Luiz Vieira da Rocha, que teria dado cobertura a Henrique, Jeferson da Cruz Costa, afirmou que há vários elementos a serem explorados pela defenda, mas “que ainda não podem ser revelados”. Porém, ele afirmou que não há provas materiais que o coloquem na cena do crime.
Promotoria acredita na condenação
Em entrevista ao JL, na semana passada, a promotora criminal Suzana Lacerda afirmou que as provas contra os três suspeitos são consistentes e a condenação deles é possível. Ao ser questionada sobre a falta de uma prova material que ligue os suspeitos ao crime, ela citou como exemplo o caso do goleiro Bruno. “Este caso [o da Amanda] é um crime que ninguém viu. Então não vamos ter uma cidade de testemunhas. A partir do depoimento da Dayane foi montado um quebra-cabeça com todas as dificuldades de investigação”, afirmou.
Suspeitos devem continuar presos
Na sentença, a juíza Elizabeth Kather declarou que Dayane Azevedo, Luiz da Rocha e Alan Henrique devem continuar presos até a realização do julgamento. Segundo ela, “os réus são pessoas perigosas, haja vista a gravidade do delito, em tese, cometido pelos mesmos, sendo que foram protagonistas de um crime de gravidade indiscutível, mostrando-se nocivos ao meio social. (...) É oportuno esclarecer que os réus em liberdade representam verdadeiro descrédito à Justiça, assim como, geram comoção e insegurança na população.”
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- Fonte: Gazeta do Povo