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quarta-feira, fevereiro 04, 2009

A rebelião das massas

Por: Carlos Chagas

BRASÍLIA – Em poucos minutos o Brasil formal passou a Brasil real. Da escolha de José Sarney para a presidência do Senado e de Michel Temer para a presidência da Câmara, em Brasília, fomos transportados pelas telinhas para as favelas de Paraisópolis, em São Paulo, e de Colégio, no Rio, onde as comunidades dedicaram-se a saquear, assaltar, botar fogo em carros e ônibus, enfrentar a polícia e demonstrar viverem em outro mundo. Com a diferença de que eleições para a direção do Congresso acontecem de dois em dois anos e a explosão dos miseráveis, todos os dias.
Dirão os imediatistas que as badernas são pontuais, acontecendo toda vez que um chefe do tráfico ou um pacato trabalhador morrem por ação policial, despertando a ira de seus vizinhos. Ledo engano. As comunidades excluídas dos mínimos benefícios da civilização e da cultura aumentam em progressão geométrica, multiplicando-se naturalmente a sua revolta diante da marginalização. Qualquer motivo serve para fazer emergir o grande motivo, a falta de perspectivas de vida na sociedade que eles olham de longe, de cima dos morros ou por trás de vielas e de becos degradados.
Junte-se nova razão para essas manifestações: o desemprego. A maioria dos excluídos já vivia de biscates e de benesses oferecidas pelo crime organizado. Agora é a minoria dos bafejados com carteira assinada que são devolvidos à massa desesperançada. As demissões começam a atingir com muito mais intensidade os contingentes menos protegidos.
Virou rotina assistir a montes de jovens e de menos jovens em delírio, queimando, invadindo e depredando o que lhes aparece à frente, enfrentado os ditos agentes da lei, quando eles aparecem.
Quantos são? Centenas de milhares, milhões, até, em todas as grandes cidades e até nas pequenas, unidos pela desgraça e dispostos a mostrar que não fazem parte da sociedade pretensamente organizada. Repudiam sua organização. Valem-se deles os traficantes, mas, mesmo se não existissem, a reação seria igual. E crescendo sempre.
Será que José Sarney e Michel Temer preocupam-se com essa inevitável transformação sofrida pelo povo brasileiro?
Vai em frente
De volta de uma semana de férias, Aécio Neves prepara uma agenda de viagens por todo o País. Começará pelo Nordeste. Não esmoreceu um centímetro em sua determinação de disputar a presidência da República, mesmo depois da defecção de Geraldo Alckmin. Seu horizonte até se ampliou com a eleição de José Sarney para a presidência do Senado, que vê as pretensões do governador mineiro com muita simpatia. Sem compromissos, é claro, ao menos por enquanto. O ex-presidente da República derrama-se em elogios a Dilma Rousseff, mas mantém-se fiel à máxima de Tancredo Neves, para quem um político poderia fazer todas as concessões, menos suicidar-se politicamente. Caso Dilma não decole em tempo hábil como candidata, aumentará as chances de Aécio Neves retornar ao PMDB.
Com 82% de popularidade em Minas, preocupa-se com a crise econômica, já que o estado é vulnerável a seus efeitos imediatos. Mas quem sai para uma disputa com esse percentual em sua própria terra não pode, de forma alguma, ser tido como carta fora do baralho.
Sessão legislativa, não legislatura
Assentada a poeira das eleições para as mesas do Congresso, vale lembrar os discursos dos dois candidatos ao Senado. Não que naquela hora tivessem mudado mais do que uma ou duas intenções de voto dos senadores, mas não pegou bem quando Tião Viana, lendo extenso pronunciamento, trocou sessão legislativa por legislatura. Esta acontece de quatro em quatro anos, aquela, todo os anos. Houve quem, no plenário, torcesse o nariz, ainda mais por tratar-se de uma peça datilografada, ou seja, submetida, pelo menos ao orador, por antecipação.
Já o improviso de Sarney emocionou, pela sinceridade. Ouve-se nos corredores do Senado que um de seus mais próximos colegas sugeriu que lembrasse passagem de um dos discursos de Tancredo Neves, que, quando acusado de velho, saiu-se com a comparação de que Churchill salvou a Inglaterra com quase oitenta anos e Adenauer com um pouco mais, ao recompor a Alemanha. Comentário de Sarney: “Não. Assim é demais...”
Exageros
Não se emenda o batalhão de colunistas políticos amestrados, masculinos e femininos. Ontem, fizeram milagres para tentar convencer seus leitores, ouvintes e telespectadores de que o presidente Lula havia sido o grande vencedor das eleições para as mesas da Câmara e do Senado.
Por quem sois, dom donzel? A indagação pertence a um conto de Alexandre Herculano, mas aplica-se à maioria dos comentários divulgados. Como vencedor o Lula se queria Tião Viana e o eleito foi José Sarney? De que maneira celebrar a vitória de Michel Temer se o presidente do PMDB ficou devendo até hoje uma palavra de entusiasmo diante da candidatura de Dilma Rousseff?
Quanto a concluírem ser o PMDB um partido da base de apoio ao governo, é bom lembrar que o partido também apoiou Fernando Collor, Fernando Henrique e agora apóia o Lula. José Serra está de olho...
Fonte: Tribuna da Imprensa

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