Por Nelson Rocha
No Litoral Norte, no território do município do Conde, km 135 da Linha Verde, a 160 km de Salvador, o viajante sai do asfalto e entra numa abandonada estrada de seis quilômetros que vai sair numa vila de aproximadamente 1.500 pessoas, entre nativos e passantes que resolveram ficar definitivamente. Todos são testemunhas diárias do encontro do rio Itariri, nascido na cidade de Esplanada, que chega serpenteando pelo manguezal para abraçar o mar. Na Boca da Barra moradores e visitantes se reúnem para se banhar preferencialmente na água salobra, como que esnobando o oceano que banha um dos mais deslumbrantes recantos da costa baiana, cenário do filme Tieta do Agreste. O caminho que pode ser percorrido de ônibus ou automóvel fica para trás quando desponta a aconchegante e deslumbrante Barra de Itariri - que em Tupy-Guarany quer dizer pedra que rola-, paisagem de pura beleza natural e habitante crestados do sol. A partir do primeiro contato com qualquer um deles, percebe-se imediatamente que além da sensação de estar num paraíso, aflora o prazer de ser bem acolhido. Há oito anos, o paulista Roberto Carlos Amaral descobriu este encantador destino, através de propaganda na televisão “que dizia venha para a Bahia, melhor pra trabalhar, melhor pra viver. A gente acreditou e já viemos pra cá com a intenção de montar alguma coisa”. O resultado da permanência é a bem situada pousada Bela Vista, a única com lan-house e uma das seis do pacato lugarejo, que também tem um camping de 11.300² de terreno arborizado próximo ao mar, violência zero e culinária dez. São vários os restaurantes com cardápio básico de frutos do mar e galinha caipira. Na praia, a comunidade aproveita o movimento dos fins de semanas para oferecer moqueca de aratu, crustáceo pego pelas mulheres que os atraem pelo assobio em caminhadas no mangue e é oferecido temperado em folha de banana ou na palha do coqueiro, por apenas R$ 1,00. O bar e restaurante Boca da Barra anunciam “a melhor moqueca do litoral norte”, conforme sustenta com satisfação o empresário e vereador Edson Artcouro, nascido em Alagoinhas onde era camelô de produtos de couro até descobrir Barra de Itariri nos anos 80. Hoje gosta de ir para a cozinha preparar um peixe ao molho de camarão, o prato mais pedido servido ao custo R$ 48, e que satisfaz até a três bocas famintas.
Uma vila carente de infraestrutura
A vida na ex-aldeia de pescadores surgida entre coqueiros gravita em torno da beira do Rio Itariri. Aos sábados acontece a feira das confecções e nos dias seguintes a doce rotina de sempre. Os jovens, entretanto, queixam-se da falta de oportunidades enquanto os turistas só falam dos momentos agradáveis. “Aqui está muito carente das coisas. Barra de Itariri deveria ser um pouco mais olhada e observada. Agora que começaram a fazer um posto médico bacana, mas a nossa estrada é o pior acesso do litoral, não temos pracinhas, quadras...”, lamenta o salva-vida e pedreiro Júnior, 25, para quem “preservar o lugar é fundamental” e “se o turismo não chega, não entra verba, não melhora a vida de ninguém”. O aposentado Luiz Carlos Nascimento, 52, mora em Salvador, mas desde o final do século passado freqüenta a Barra de Itariri. Quando não fica na casa do tio aluga uma como a última, de quatro quartos e com tudo dentro, para uma temporada de quinze dias por R$ 500. O mesmo imóvel na semana do carnaval custa R$ 2.000. “Recomendo que as pessoas venham aqui conhecer, tirar muitas fotos, filmar, ajudar a preservar. É show de bola”, confirma. A nativa dona-de-casa Marisol Maciel dos Santos, 26, concorda com a visão do morador temporário, entretanto clama “por uma boa pista, por que esta é horrível e as pontes estão acabadas”, referindo-se a estrada de barro, e pede “trabalho por que o povo aqui se vira nos restaurantes e na roça”. Saulo Leite, 22, filho do mestre cuca Artcouro, é da opinião que muita gente não vai a Barra de Itariri por causa da precariedade do acesso, porém acredita que dentro em breve a estória será outra. “Estão fazendo a licitação para aumentar e compactar a estrada, que irá daqui até Siribinha, um povoado que fica a 40 quilômetros. Depois que a estrada sair as coisas começarão a melhorar. Muita gente vai investi aqui por isso. Mas vai mudar”, garante o herdeiro do edil. Que o futuro não tire a paz do pôr-do-sol e das noites de luar da Barra de Itariri refletidas nas dunas da Lagoa Grande, cuja trilha é uma das mais exploradas por quem aí chega e não quer mais partir. E que a pedra continue rolando.
Fonte: Tribuna da Bahia
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