Temporão apontou 13 regiões do País como prioritárias para o combate à doença
BRASÍLIA - Pressionado pelo aumento de 42,7% no número de casos de dengue registrado neste ano, o governo federal lançou ontem um pacote de medidas para tentar conter a ameaça de uma nova epidemia da doença no próximo verão. Entre as ações está previsto o aumento de R$ 128 milhões em prevenção e treinamento de médicos, além da participação de integrantes das Forças Armadas tanto no combate ao mosquito transmissor, o Aedes aegypti, quanto no tratamento de um eventual aumento de pessoas contaminadas.
De janeiro a agosto deste ano, o número de casos da doença foi 42,7% maior do que no mesmo período de 2007. Foram 734.384 registros nos oito meses deste ano e 514.589 no mesmo período do ano anterior. O total de mortes também aumentou, passando de 148 para 212. A proporção entre casos e mortes, chamada taxa de letalidade caiu de 10,25 para 5,98. "De qualquer forma, está fora de parâmetros razoáveis", admitiu ontem o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, ao anunciar as medidas.
Para tentar reduzir esta estatística, o plano prevê o treinamento de médicos e profissionais de saúde, a formação de uma rede para detecção de casos mais graves e um protocolo com as medidas que devem ser adotadas para atender pacientes nestas condições, sobretudo idosos, cardíacos e crianças. Especialistas alertam que, caso uma nova epidemia se instale neste verão, há grande risco dos casos serem mais graves e atingirem principalmente jovens e crianças menores de 15 anos, um quadro semelhante ao que foi verificado no Rio neste ano.
Prioridade
Levantamento feito pelo Ministério da Saúde apontou 13 regiões do País como prioritárias para o combate à doença: Ceará, Sergipe, Rio, Amazonas, Pará, Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Norte, Alagoas, Minas, Goiás, Rondônia e em São Paulo (Baixada Santista e Campinas). Nestas regiões, há circulação do vírus tipo 2 da dengue, o que preocupa autoridades por dois motivos: o alto número de pessoas suscetíveis a infecção provocada por esse agente e, além disso, a constatação de que pacientes atingidos por esse tipo de vírus apresentam quadros mais graves.
Para locais considerados prioritários, o governo encaminhou um roteiro com medidas essenciais a serem adotadas. De acordo com Temporão, desde abril governadores das regiões prioritárias recebem avisos sobre o risco da epidemia e números de casos em seus estados. Além de medidas tradicionais para o controle do mosquito transmissor da doença, o governo lançou três estudos-piloto para dar mais agilidade ao programa.
O primeiro deles, que será implantado em 11 municípios, dos quais sete capitais, avaliará a eficácia de um novo método para identificar áreas de maior risco de transmissão da doença, feito com o uso de armadilhas monitoradas em tempo integral por agentes comunitários. "O agente transmitirá os dados para uma central para estratificar áreas de baixo, médio e alto risco da epidemia", disse o ministro.
As cidades que se inscreveram para o teste são: Santa Luzia (Minas), Belo Horizonte, São José do Rio Preto, Santos, Manaus, Vitória, João Pessoa, Maringá, Goiânia, Recife e Aracaju. O segundo estudo-piloto tentará verificar a eficácia de um novo teste que, em 15 minutos, identifica se o paciente está contaminado pelo vírus da dengue. Este trabalho deverá ser desenvolvido pelos mesmos municípios do primeiro estudo, exceto Belo Horizonte.
O terceiro estudo deverá colocar à disposição de três municípios um programa para que a população cadastrada e treinada possa informar casos de suspeita da doença. A experiência é semelhante à usada na Comunidade Européia para acompanhar casos de dengue e será feita nas cidades de João Pessoa, Maringá (PR) e Santa Luzia (MG), a partir de janeiro.
O governo quer ainda melhorar a forma de comunicação e mobilização da comunidade. Pesquisas feitas pelo Ministério da Saúde mostram que a população tem informação sobre as causas da doença e seus sintomas. Mas não adota as medidas necessárias para prevenção. "Temos de transformar a informação em ação", afirmou o ministro.
Fonte: Tribuna da Imprensa
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