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terça-feira, outubro 28, 2008

O teatro do absurdo

Por: Carlos Chagas

BRASÍLIA - Tendo caído o pano sobre o último ato das eleições municipais, palco, bastidores, autores e atores iniciam a preparação do novo espetáculo, sem saber direito se será encenada uma comédia, uma tragédia, uma farsa ou uma pantomima. Até uma chanchada.
Fala-se da sucessão presidencial de 2010, para a qual diversos cenários podem ser montados. Dilma Rousseff será mesmo candidata? Precisará demonstrar, no primeiro semestre do ano que vem, dispor de força própria, evidente que está a falência da transferência de votos, mesmo diante da excepcional popularidade do presidente Lula.
O PT seguirá as diretrizes do chefe, empenhado em fazer-se suceder por Dilma, mas se ela não decolar perderá apoio em sua própria base, tornando difícil a coalizão dos partidos da aliança oficial em torno de seu nome. O governador Sérgio Cabral, do PMDB, gostaria de ser o vice, mas, sem garantias, saltará de banda.
Como alternativas inexistem entre os companheiros, poderá o presidente Lula inclinar-se por um candidato fora dos quadros do PT? Ciro Gomes anda na muda, Aécio Neves é uma incógnita, Nelson Jobim não parece sequer um sonho. José Serra tem lugar marcado, pelo PSDB. Dada a reeleição de Gilberto Kassab na prefeitura paulistana, não se duvida de estar revivida a aliança com o DEM.
O governador até sonha com o apoio do PMDB, caso as relações do partido com o Palácio do Planalto venham a deteriorar-se. Mas, como tucano, não voa em céu de brigadeiro. Precisará desfazer a carranca e apresentar, em São Paulo, programas, obras e realizações que se porventura já existem, estão sendo cultivadas em silêncio.
Para embaralhar os personagens, existe os que ainda andam à procura de um autor. Aécio Neves disputaria no PSDB, uma espécie de David contra Golias? Sempre haverá a hipótese de a Bíblia acabar desmentida, aliando-se ao contendor, como vice-presidente numa chapa fechada que muitos julgariam imbatível. Retornando ao PMDB, agora reforçado nas urnas municipais, constituirá a chamada terceira força.
Isso se confiar na misteriosa legenda que já foi do dr. Ulysses e hoje não tem dono. Porque o PMDB está como aqueles felizes porquinhos da Índia dos parques de diversão, podendo entrar numa de múltiplas casinhas: apoiar Dilma, dando o candidato à vice, lançar Nelson Jobim, Roberto Requião ou Sérgio Cabral na cabeça. Ou abrir as portas para o Aecinho.Fora desses scripts mais ou menos arrumadinhos e até moralistas, vêm sendo elaborados textos mais picantes e, mesmo, imorais.
Já pronto, mas sem ter sido exposto à crítica, surge o terceiro mandato. Na inviabilidade de Dilma Rousseff e para não perder o poder, aqueles que hoje o detêm poderiam comandar reforma constitucional acabando com a reeleição e estendendo os mandatos presidenciais para cinco ou seis anos. Nessa hora, começaria tudo de novo, podendo candidatar-se todos os cidadãos na posse de seus direitos políticos. Inclusive ele.
Mas tem mais, dentro do teatro do absurdo. Lula é por enquanto inelegível para presidente da República, mas, para vice, nada o impede, desde que se desincombatibilize seis meses antes da eleição. Como companheiro de chapa de Dilma, viraria completamente o jogo. Poderia governar no mínimo em condomínio. E vice de José Alencar, que também não é inelegível para presidente?
Em suma, autores não faltam, nem diretores, cenógrafos, atores e atrizes em condições de montar o novo espetáculo. Platéia não vai faltar, começaram ontem a ser vendidos os bilhetes para 2010.
Lavagem de roupa suja
Ontem foi dia de lavagem de roupa suja. Todos os partidos e grupos promoveram análises dos resultados finais da eleição municipal, bem como, mais importante, projeções sobre o futuro.
A começar pelo presidente Lula, que reuniu seu comando político. Para efeito externo, uma reunião otimista, apesar das derrotas do PT. Afinal, a base aliada saiu-se bem, fora exceções. Pode não ter sido bem assim. Além da crise econômica, o confronto com o PMDB para a presidência do Senado. E mais a necessidade de alguma reforma no ministério, com vista à performance do governo nos últimos dois anos de mandato. Sem esquecer a sucessão presidencial.
O PT pensa mais na substituição de Ricardo Berzoini em sua presidência, já se registrando algumas reações à indicação de Gilberto Carvalho, o curinga do presidente Lula. Parece difícil evitar sua candidatura, talvez por isso e pela derrota em Porto Alegre o ministro Tarso Genro tenha deixado os sorrisos lá nos pampas.
Os tucanos fizeram revoada pessoal ou telefônica em torno do Palácio dos Bandeirantes, mas José Serra recomendou cautela e pouca celebração. A escalada mal começou. O PMDB não se reúne há anos, exceção para as trocas de mensagens cifradas entre Michel Temer, Henrique Eduardo Alves e Geddel Vieira Lima, que conversaram bastante, sem atender chamadas dos senadores. Estes, com Renan Calheiros e José Sarney à frente, pensam menos no resultado das eleições, mais na sucessão de Garibaldi Alves na presidência do Senado.
Os partidos de esquerda, é claro, reuniram-se cada um numa Kombi, infensos a alugar um ônibus para poderem trocar idéias. Isoladamente, porém, terão todos concordado em que da próxima vez seria interessante tentar uma linguagem única.
Fonte: Tribuna da Imprensa

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