Lília de Souza, do A Tarde
Depois da reação contundente do governador Jaques Wagner às duras críticas do prefeito João Henrique ao PT e ao seu governo, a ordem no PMDB baiano foi a de silenciar e não responder ao petista. O ministro da Integração Geddel Vieira Lima – mentor político do candidato à reeleição –, com a tranqüilidade de quem está na frente nas pesquisas e, por isso mesmo, o que menos quer neste momento é criar um fato político com o mandatário do Estado, comentou, ontem à tarde, que viu com naturalidade as estocadas desferidas pelo petista, que chamou João, dentre outros adjetivos, de covarde, mentiroso e incompetente.Geddel voltou a afirmar que, passado o domingo, a relação entre os dois partidos vai voltar à normalidade. “Não desejo, não tenho intenção e não vou agravar artificialmente o processo eleitoral. É claro que eu sempre lamento quando a discussão política chega a esse patamar de aquecimento. Mas eu continuo apostando que pós-eleição vai prevalecer aquilo que interessa ao cidadão, que é a unidade em torno de propostas, projetos que possam melhorar a vida das pessoas”, ressaltou.
ALCUNHAS –A despeito da artilharia pesada lançada contra o candidato do PT Walter Pinheiro – tachado na campanha de traidor pelos peemedebistas –, e contra o governo Wagner, que recebeu de João as alcunhas de “lerdo” e “incompetente”, o ministro Geddel demonstrou estar sossegado com o desenrolar das eleições na capital, cuja vitória sua seria um passaporte para uma candidatura ao governo do Estado em 2010, segundo avaliações que correm no meio político.
Apesar do conhecido perfil de não deixar nada sem resposta, Geddel, agora com discurso de paz e amor, fez questão de ressaltar que não há nenhum abalo no projeto em que disse ter o papel de “criar facilidades para o presidente Lula e não dificuldades”.O governador Wagner falou na quinta-feira, 23, que “toda classe política disse que ele estava sendo paciente demais com o PMDB”. “Não ataquei, reagi. Não devem confundir minha educação com falta de auto-estima e nem com covardia. Aliança os dois lados têm que querer”.Observadores do processo eleitoral apontam alguns erros estratégicos do governador nas eleições, que só no segundo turno entrou com peso na campanha de Pinheiro. Um dos primeiros teria sido o de apontar como seu único adversário o deputado federal ACM Neto (DEM).
Além de participar das outras duas convenções de candidatos de sua base – João e Antônio Imbassahy (PSDB) – discursos calorosos de Wagner nesses eventos em apoio aos candidatos, usados ostensivamente por ambos na disputa, irritaram a militância e membros da coordenação da campanha de Pinheiro. Outro erro seria uma suposta tardia reação ao verdadeiro adversário do PT, João Henrique, hipótese que só as urnas confirmarão ou não.
Fonte: A Tarde
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