O turismo de negócios está sustentando o setor na Bahia. Com crescimento de 1350% em dez anos e apenas no último ano (2006 e 2007) impulsionando o incremento de 60% na realização de eventos internacionais, dados estes computados pelo ICCA, entidade internacional que monitora os números no âmbito internacional, e divulgados numa coletiva ontem pelo presidente do Salvador Convention Bureau, Cícero Sena, o turismo de eventos tem sido um grande impulsionador na atração de divisas para o Estado. Uma das grandes manifestações do setor envolve a readequação do Centro de Convenções de Salvador a uma nova realidade turística a que se propõe a capital numa perspectiva de um centro multiuso, tendo como proposta alternativa uma área na Paralela, a exemplo onde hoje se localiza o Parque de Exposições para a realização de grandes eventos. Outro ponto importante divulgado pelo Salvador Convention Bureau envolve a realização de 460 eventos com mais de 555 mil participantes representando a geração de US$ 693,6 milhões na economia local entre 2001 a 2007. Contraditoriamente, enquanto o setor comemora os números do segmento de negócios, do outro lado lamenta o abandono do turismo de lazer. Salvador, que já chegou a ocupar a segunda posição entre as cidades brasileiras como destino turístico, hoje está na sétima colocação. Para o presidente Cícero Sena, a situação é lamentável. “Já fomos o segundo destino turístico no segmento de lazer. Infelizmente hoje ocupamos a sétima colocação. O cenário é ruim. A questão da orla e das barracas de praia, aliadas a insegurança, o abandono do Pelourinho e a infra-estrutura estão sendo responsáveis pelo declínio do turismo de lazer na Bahia”. Sena revela que, segundo dados da CVC, maior operadora da América do Sul no segmento de turismo, a capital baiana perdeu espaço no segmento de lazer para cidades como Porto Seguro (BA), Fortaleza (CE), Natal (RN), Maceió (AL), Porto de Galinhas (PE), e para o Litoral Norte, com os destinos de Sauípe, Praia do Forte e Guarajuba, dentre outros. Cícero Sena ainda creditou os números do turismo de lazer ao trabalho de 12 anos realizado pelo Salvador Convention Bureau. “Não temos apoio governamental. Os dados são frutos de nosso trabalho. Costumo dizer que não somos a terceira cidade brasileira em realização de turismo de negócios, mas a primeira depois do Rio de Janeiro e de São Paulo”, declara. Sena ainda afirmou que o desafio agora é superar o Rio de Janeiro que em 2007 realizou 42 eventos contra os 27 de Salvador. “A capital baiana supera 24 estados brasileiros no que se refere a eventos internacionais. Fomos responsáveis pela entrada do Brasil na aferição do ICCA, que até três anos atrás não tinha dados computados. Superar a cidade do Rio de Janeiro faz parte do nosso planejamento estratégico”, resume. Uma situação interessante envolve os gastos do turista no Brasil. “De acordo com informações da Fundação Getúlio Vargas e do Ministério do Turismo, o turista de lazer gasta US$ 90 por dia e o de eventos US$ 312”, cita Sena. Ele ainda apontou que 40% da receita dos hotéis de quatro a cinco estrelas vem do turismo de negócios e que o de lazer desceu para a terceira posição em geração de receita. O secretário de Turismo da Bahia, Domingos Leonelli, disse desconhecer a sétima posição da capital baiana no turismo de lazer. “O aeroporto de Salvador é um hub. Apenas entre 2007 e 2008 o governo Wagner trouxe 15 novos vôos internacionais para a capital. É preciso perceber o papel do governo baiano que tem nas obras estruturantes um ponto chave para a expansão do turismo, a exemplo do Complexo Viário 2 de Julho e da construção da nova Estação de Passageiros do Porto de Salvador, sem mencionar a movimentação no aeroporto de Salvador, que é o maior do Nordeste”, cita. Ele ainda aponta o trabalho de qualificação profissional realizado pelo governo com mais de 3 mil pessoas, sendo 1 mil direcionados trabalhadores de Salvador. Leonelli chama atenção para a Emtursa que não coloca um real na promoção de Salvador. “Os candidatos a prefeito de Salvador deveriam encarar o turi??=??E???g????~???_???»smo com seriedade. Não vi nada impactante em nenhum dos projetos dos candidatos para o turismo. A responsabilidade do Pelourinho não é só do governo e sim da prefeitura. O que não pode é a responsabilidade recair sobre os ombros unicamente do governo”, desabafa. O secretário diz que um exemplo a ser seguido é a atuação compartilhada do governo de Pernambuco junto com a prefeitura do Recife, cuja verba destinada à promoção do turismo supera os R$ 80 milhões. Domingos Leonelli desacredita os dados apontados por Cícero Sena. “Os dados vêm da CVC e os que nós temos oficialmente provêm da Embratur. O governo do Estado não dispõe de dados oficiais porque está realizando novas pesquisas para apontar a pujança do setor, mas sabemos que a Bahia é o terceiro destino e isso é sentido no número de passageiros que chegam aqui através do aeroporto. Já sobre os dados eu não quero comentar até porque a Bahia representa 30% dos negócios da CVC, um número bastante pequeno”, avisa. Leonelli ainda lembrou da ocupação considerada recorde no mês de junho deste ano em Salvador quando o governo realizou um trabalho junto á própria CVC para vender o São João.
Indústria da cerâmica reclama financiamento
Aproveitando o aquecimento do mercado da construção civil que deve perdurar até 2030 impulsionado pelo déficit habitacional brasileiro da ordem de 8 milhões de unidades, dados fornecidos pela Fundação Getúlio Vargas, a indústria da cerâmica vermelha já aposta no futuro e discute perspectivas de crescimento para o setor. Questões associadas à inserção de novas tecnologias na linha de produção e acesso as linhas de financiamento direto do BNDES sem a participação de agente financeiro são alguns pontos pleiteados por empresários. Segundo o presidente da Associação Nacional da Indústria da Cerâmica, Anicer, Luis Carlos Barbosa Lima, o segmento tem um crescimento anual de 8% e a expectativa para este ano é de 12%, sendo somente a construção civil responsável pelo incremento anual de 6%. Ele ainda apontou o chamado comércio formiguinha como grande impulsionador de vendas. “As obras que as pessoas realizam em suas residências são responsáveis pela ampliação do setor”, diz. Lima aponta a importância ambiental no processo de produção. “Trata-se de uma produção que não causa impactos ao meio ambiente já que utiliza elementos básicos como terra, ar, água e calor”, cita. Ele revela que o mercado da cerâmica vermelha é formado por 5,5 mil pequenas empresas, sendo 240 delas localizadas na Bahia. O faturamento do setor no Brasil é estimado em R$ 6 bilhões anuais. Lima ressaltou que 90% da alvenaria construída no Brasil provêm da cerâmica vermelha e que para conseguir acompanhar a pujança do setor da construção civil é preciso fazer readequações tecnológicas. “Para automatizar a produção e evitar perdas e por conseguinte aumentar o valor agregado é necessário o financiamento. O que pleiteamos é que possamos negociar direto com o BNDES sem a presença do agente financiador como a Caixa Econômica ou o Banco do Brasil, por exemplo. Desta forma diminuiremos os juros embutidos. Apenas as grandes empresas conseguem fazer isso. Nós pequenos não temos acesso e é justamente isto que queremos mudar”, informa Lima. Para Manuel Ventin, presidente do Sindicato das Indústrias de Cerâmica para Construção e Olaria do Estado da Bahia, Sindicer, o Estado tem uma grande representação no segmento. “Em se tratando de cerâmica vermelha a Bahia consome 1,1 bilhão de peças de tijolos. A produção interna dá conta de 90% da demanda. Os 10% restantes são comprados em outros estados. Já na parte de telhas 50% do que a Bahia consome é produzido aqui, os 50% restantes vêm de estados como Ceará e Piauí”, esclarece. Ele ainda destaca a participação do setor na geração de empregos. No País a indústria da cerâmica vermelha gera 400 mil empregos diretos e 12 mil na Bahia. “Em muitas cidades do interior a indústria da cerâmica é vital na geração de empregos formais ao lado do emprego público. Sem esquecer que é um importante meio de interiorização já que segura a pessoa no interior”, frisa Manuel Ventin. (Por alessandra nascimento)
Governo proíbe contratação de domésticos menores de 18
Está em vigor desde o dia 12 de setembro o decreto do governo federal que proíbe a contratação de empregados domésticos menores de 18 anos. De acordo com dados do IBGE, 410 mil crianças e adolescentes trabalham como empregados domésticos no Brasil. Antes mesmo do decreto, menores de 16 anos já eram proibidos de trabalhar em casa de família; agora, mesmo quem tem 16 ou 17 anos também não pode mais fazer esse tipo de serviço. A legislação considera que o trabalho doméstico traz riscos à saúde e ao desenvolvimento de crianças e adolescentes. Adriele Oliveira tem 16 anos e trabalha desde os 12, sem carteira assinada, em casas de família. Por um expediente de seis horas diárias de segunda a sexta-feira, ela ganha R$ 50 por mês. Adriele cuida da faxina, lava a louça e cozinha quando necessário. Sai do trabalho ao meio-dia, quando vai para o colégio, onde cursa a sexta série do Ensino Fundamental. Ela diz que seu emprego ajuda no sustento da família: “Trabalho para ajudar a minha mãe e meus irmãos em casa, porque a gente passa muita dificuldade. A gente tem que trabalhar para ajudar a nossa mãe, só tenho minha mãe por mim”.
Fonte: Tribuna da Bahia
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