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quarta-feira, setembro 10, 2008

De João Saldanha a Dunga, de Médici a Lula

Por: Carlos Chagas

BRASÍLIA - Faltavam poucas semanas para o início da Copa do Mundo, no México, em 1970, quando, por decisão do governo, com o presidente Garrastazu Médici à frente, foi demitido o técnico João Saldanha. A razão? Pertencer ao Partido Comunista.
Apesar de o saudoso companheiro (de jornalismo) haver montado o time das onze feras, João Havelange, da CBF, não agüentou a pressão e dispensou a Comissão Técnica, nomeando Zagalo para a função. Na verdade, não foi a ideologia a promover a mudança. Acontece que o general Médici dava-se à ilusão de conhecer futebol e havia declarado que o selecionado nacional necessitava de um centro-avante rompedor, tipo tanque de guerra, como era o Dario "peito de aço". Saldanha não gostou e contraditou, dizendo que ele não se metia na formação do ministério e o presidente, por isso, deveria ficar fora da sua equipe.
Foi demitido por isso, aliás, num adendo que ficou famoso. Ouvindo de Havelange que não era mais o técnico, "pois a Comissão Técnica estava dissolvida", o João Sem Medo exigiu a aplicação certa da semântica: "Não sou sorvete para ser dissolvido, tenha a coragem de dizer que está me demitindo...".
Nem é preciso dizer que Zagalo convocou imediatamente Dario, mas teve o bom senso de não escalá-lo senão nos minutos finais de um ou outro jogo, porque o centro-avante do time do João era o Tostão, não sendo necessário dizer mais nada.
Por que se conta esse episódio? Porque, já dizia autor não muito citado nos tempos atuais, a História só se repete como farsa. A briga, agora, envolve o presidente Lula e o técnico Dunga. O chefe do governo extrapolou outro dia, acentuando que aos jogadores brasileiros faltava a garra dos argentinos, que quando perdiam a bola tentavam recuperá-la, mesmo fazendo faltas.
Dunga não gostou, mandou o goleiro Júlio César responder, recomendando ao presidente Lula que renunciasse e se naturalizasse argentino, mas, minutos antes da partida com o Chile, domingo, não agüentou. De própria voz, acentuou: "Existem f.da p. dizendo que falta sacrifício a vocês, que nossos jogadores não são homens! Vocês não precisam provar nada, ninguém pode duvidar da hombridade de vocês!"
O selecionado brasileiro derrotou o do Chile, talvez derrote o da Bolívia, hoje. O Dunga parece mais seguro, ao menos dentro das quatro linhas, mas brigar com presidentes da República geralmente não dá certo para técnicos de futebol.
Mesmo sem ser general, muito menos ditador, Lula dispõe de popularidade ímpar. Basta que pronuncie uma só palavra para derrubar o técnico. Claro que não vai pronunciá-la, mas seria no mínimo inusitado se decidisse comparecer esta noite ao Engenhão, no Rio. Certamente Dunga seria vaiado, mas garantir, quem poderá se impusermos uma goleada aos bolivianos?
Não torrar em bobagens, mas...
A razão e o bom senso estabeleceram que não se deve contar com o ovo enquanto na barriga da galinha. Por isso vem prevalecendo a cautela de que gastar por conta os recursos do fabuloso pré-sal é prematuro, além de constituir uma bobagem.
O presidente Lula foi o primeiro a alertar o ministério para não ficar alocando verbas futuras em seus programas, como fez o ministro da Defesa ao prometer submarinos atômicos à Marinha e equipamento de última geração para o Exército e a Aeronáutica. Nem mesmo o ministro da Saúde deveria ficar construindo hospitais em sua imaginação.
Para começar a funcionar comercialmente e dar lucro, o pré-sal exigirá fábulas de dinheiro. Centenas de bilhões, que nem sabemos de onde tirar. E quem garante que as reservas venham a revelar-se tão promissoras como a Petrobras festeja? Que teremos tecnologia perfeita e equipamento miraculoso para a demorada operação, a exigir pelo menos dez anos?
Acresce estarmos, ainda, sob o risco da sabotagem. As multinacionais não andam nada satisfeitas com os rumores de que contratos serão revistos para não deixarmos escoar até o Hemisfério Norte os lucros futuros. Com o poder que elas detêm nada parece impossível. Ou ainda há pouco, em campanha mundial, não acusaram o Brasil de diminuir a área destinada a plantar alimentos para o mundo, em função do etanol, só por coincidência um sucedâneo do petróleo?
De qualquer forma, o presidente Lula vinha adotando uma postura de cautela.
Até domingo, quando empolgado com a celebração do Sete de Setembro ocupou as telinhas com nova rodada de exageros. Voltou a declarar que o Brasil vive o melhor momento econômico e social de nossa História. Até exortou seus ministros para "não torrarem em bobagens os recursos do pré-sal". Os militares não terão ficado muito satisfeitos, menos ainda o ministro da Saúde, mas a razão permaneceria com o presidente Lula, não fosse o que acrescentou: "Os recursos do pré-sal irão para a educação e para o combate à pobreza".
Ninguém pode ser contra investimentos destinados a combater a pobreza e a melhorar os índices de educação, mas não terá havido um curto-circuito no pronunciamento de domingo? Afinal, tratava-se de destinar os recursos da riqueza ainda submersa...
Os presidentes e a fumaça
Getúlio Vargas fumava charutos em profusão, Juscelino Kubitschek dava suas tragadinhas em cigarros "se me dão", Jânio Quadros consumia dois maços diários, João Goulart também. Entre os militares, Garrastazu Médici usava uma cigarreira para o público não saber que fumava Minister. Ernesto Geisel tinha parado, antes de assumir, mas João Figueiredo fumou até a implantação de uma safena. Depois, Fernando Collor também era dado a charutos.
O presidente Lula não está desacompanhado em suas cigarrilhas e o hábito (ou vício) em nada prejudica sua administração. Com sua saúde poderá ser diferente, mas, convenhamos, não merece a saraivada de ataques que vem recebendo. Como é um intuitivo que costuma surpreender, quem sabe não lhe passe pela cabeça tornar-se um campeão do antitabagismo? Como? Proibindo as fábricas de cigarro de funcionarem no País, ao mesmo tempo proibindo importações. Como ficariam seus críticos?
Fonte: Tribuna da Imprensa

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