Presidente quer evitar acirramento de disputas entre aliados, mas libera ministros para pedir votos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu ontem que não virá a Salvador no primeiro turno da campanha eleitoral deste ano. A decisão, que já era esperada, é a mesma para todas as cidades onde há mais de um candidato de partidos da base do Palácio do Planalto no Congresso Nacional. O pré-candidato do PT, deputado federal Walter Pinheiro, ainda tinha a esperança de Lula gravar participações especiais no programa eleitoral do partido. Ontem, no entanto, o presidente também definiu que não aparecerá na TV nos municípios onde haverá disputa entre legendas da base, levando em conta o caráter institucional do cargo que ocupa e deixando de lado a militância.
As duas decisões foram tomadas ontem, na reunião ministerial comandada pelo presidente em Brasília. Segundo relato do ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, presente à reunião, Lula liberou a participação dos integrantes do primeiro escalão para fazer campanha em seus estados, mesmo nas cidades onde haverá confronto eleitoral entre as siglas que dão sustentação ao governo federal, a exemplo de Salvador. Isso apesar da argumentação contrária do ministro das Relações Institucionais, José Múcio, que defendeu a participação em cidades onde há confronto entre legendas aliadas apenas num eventual segundo turno, como fará o presidente. “Estou liberado para fazer campanha pelos candidatos do PMDB e de partidos coligados. E vou fazer isso intensamente, inclusive em Salvador. Subirei nos palanques e estarei nos programas nas TVs”, disse Geddel. O ministro baiano relatou que a única restrição que pode ser imposta ao Planalto é em relação à participação de ministros nas campanhas em outros estados. “Na próxima semana, na segunda ou terça, haverá outra reunião para discutimos se os ministros podem viajar para fazer campanha”.
Liberação - Geddel se manifestou a favor da liberação total da participação dos ministros no processo eleitoral. Ele disse, inclusive, que tem vontade de trazer colegas do primeiro escalão do governo de outros estados para pedir voto para os candidatos do PMDB. Durante a reunião de ontem, dois ministros se posicionaram contra as viagens em campanha: José Múcio (Relações Institucionais) e Franklin Martins (Comunicação Social).
Outro ministro baiano, Orlando Silva, do Esporte, concordou com Geddel. Silva é do PCdoB e, se for mantida a candidatura da vereadora comunista Olívia Santana à prefeitura, ele subirá no palanque dela. Caso haja uma composição da comunista com Walter Pinheiro, o que pode ocorrer até o fim desta semana, o ministro estará no mesmo palanque do deputado e contra o candidato de Geddel, que é o prefeito João Henrique Carneiro (PMDB). O ministro da Cultura, Gilberto Gil, que não participou da reunião ministerial, é filiado ao PV, sigla que anunciou apoio ao petista na capital baiana.
Em Salvador, a tendência é que Lula tenha dois candidatos de sua base no primeiro turno: Walter Pinheiro e João Henrique. Mas poderá ter três, caso Olívia Santana mantenha a candidatura, assumindo uma posição de isolamento. Ao decidir não participar da campanha no primeiro turno na capital baiana, Lula tenta evitar conflitos com a sua própria base no Congresso e minimizar os efeitos colaterais do pleito deste ano nas eleições de 2010.
Fonte: Correio da Bahia
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