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quarta-feira, maio 07, 2008

Promotor denuncia casal Nardoni

Cembarnelli pede prisão de pai e madrasta de Isabella e afirma que "ambos mataram"
SÃO PAULO - O promotor Francisco Cembranelli foi além das acusações feitas pela polícia sobre o assassinato de Isabella Nardoni, de 5 anos, e ofereceu ao Poder Judiciário uma denúncia bastante rigorosa. Cembranelli afirmou, categoricamente, que "Anna Carolina apertou o pescoço da vítima com as mãos", enquanto Alexandre "omitiu-se" e que, em seguida, o pai da menina a atirou pela janela, com a adesão e o incentivo da madrasta.
Apesar das condutas diferentes, o promotor foi taxativo, em entrevista coletiva: "Ambos mataram!" Cembranelli também não têm dúvidas de que houve intenção de matar tanto na esganadura, feita com muita força, quanto no arremesso, uma vez que Isabella ainda estava viva. "Ele (Alexandre) não arremessou a menina achando que ela estava morta. Eles sabiam que ela estava viva, mas queriam dar solução ao problema que já existia", afirmou.
Alexandre e Anna Carolina são, agora, formalmente acusados de homicídio triplamente qualificado: por meio cruel, impossibilidade de defesa da vítima e para assegurar a ocultação de outro delito (a esganadura). Cembranelli também os acusou do crime de fraude processual, na medida em que alteraram a cena do crime e acusaram outras pessoas, para dificultar o esclarecimento do caso. Consta ainda do documento, como causa de aumento da pena, o fato de a vítima ser menor de 14 anos.
No caso de Alexandre, a omissão na esganadura é relevante do ponto de vista penal, pois, como pai, tem obrigação legal de proteger a filha. Mesmo que ele não tenha presenciado a agressão, ao ver a filha machucada tinha obrigação de socorrê-la. A conduta dele também é classificada como mais grave na medida em que o crime foi contra descendente.
A descrição de que Anna Carolina deu apoio moral para o arremesso da menina é fruto de uma conclusão do promotor, na medida em que tinha interesse no homicídio, para ocultar o crime anterior praticado por ela (a esganadura). O promotor também lista 16 testemunhas que devem ser ouvidas pelo juiz. Cembranelli não apenas endossou o pedido de prisão preventiva feito pela polícia, como incluiu mais argumentos.
Para ele, a detenção dos denunciados é necessária para garantir a ordem pública, o bom andamento do processo e satisfazer "o anseio de um Brasil inteiro profundamente comovido com o triste destino da pequena Isabella". Segundo o promotor, "a sociedade tem o direito de ter uma satisfação com a prisão preventiva."
Ele também menciona que a alteração da cena do crime "mostra que eles não estão comprometidos com o esclarecimento da verdade" e que a liberdade do casal pode gerar uma sensação de desigualdade na sociedade, já que todos se habituaram a ver na cadeia autores de pequenos delitos.
O perfil agressivo de Alexandre e Anna Carolina também consta como motivo para a prisão, principalmente para proteger os dois filhos do casal. Segundo ele, Pietro e Cauã, de 3 anos e 1, correm risco, já que "uma filha de Alexandre já morreu".
O promotor não indicou o motivo do crime na denúncia e declarou que não precisava fazê-lo. "Temos provas contundentes de que teve um desentendimento bastante acalorado entre o casal e imediatamente em seguida ocorreu a agressão contra a menina", afirmou. "A discussão ocorreu por ciúme."
Assim como o motivo, o sangue no carro também não consta da denúncia. Cembranelli diz ter certeza de que o sangue é da menina, mas não era necessário mencionar isso na denúncia.
Fonte: Tribuna da Imprensa

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