Por : Ilimar Franco (O Globo)
O presidente Fernando Henrique Cardoso era candidato à reeleição em 1998 quando surgiu o Dossiê Cayman. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva é candidato à reeleição quando vem à tona o Dossiê Daniel Dantas. Nos dois casos, os presidentes do Brasil foram acusados de terem contas em paraísos fiscais no exterior. O Dossiê Cayman era falso. O Dossiê Daniel Dantas será desvendado.
O Dossiê Cayman rendeu cinco meses na mídia e em 2003 a Polícia Federal indiciou o ex-presidente Fernando Collor, seu irmão Leopoldo Collor, o pastor Caio Fábio D"Araújo Filho e outros por terem forjado os papéis que comprovariam uma improvável conta conjunta do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do então governador Mário Covas e ministros Sérgio Motta e José Serra. Na época, José Dirceu recebeu uma cópia do dossiê e, depois de examiná-lo, recusou-se a encampar a denúncia por concluir que o dossiê era uma farsa. Agora chegou a vez de Lula, dos ex-ministros José Dirceu e Antonio Palocci, do diretor da Polícia Federal, Paulo Lacerda, e do assessor Luiz Gushiken.
Sobre isso, diz o deputado Francisco Dornelles (PP-RJ), que foi ministro do Trabalho no governo FH:
- Esse dossiê tem todas as características de um novo Dossiê Cayman. Assuntos como este, que envolvem o presidente da República, precisam de dados mais concretos e uma investigação mais profunda para serem publicados.
Nem a oposição embarcou na denúncia, ao contrário do que tem feito no último ano. As páginas na internet do PSDB e do PFL não deram destaque à reportagem da revista Veja. Os pefelistas deram chamada à defesa que o presidente do partido, senador Jorge Bornhausen (SC), fez do senador Romeu Tuma (PFL-SP), que também teria uma conta no exterior de acordo com o Dossiê Daniel Dantas. O próprio Bornhausen foi vítima, em 2003, do procurador da República Luiz Francisco de Souza, que o acusou de ter conta ilegal no exterior, fato que não se confirmou. Os tucanos não deram uma linha sobre o assunto em sua página. O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), lembra que o PT se portou bem no caso Cayman. E destaca que sua participação no episódio se encerra ao relatar a denúncia feita por Verônica Dantas, na Justiça americana, de que integrantes do governo Lula estavam achacando seu irmão, Daniel Dantas.
- Qualquer coisa nova, essa gente precisa mostrar os documentos. Se existe um dossiê, ele deve servir à sociedade. Não pode estar a serviço dos negócios do senhor Daniel Dantas - afirma Arthur Virgílio.
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