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quarta-feira, abril 05, 2023

Respondendo a 33 processos, pode-se dizer que Bolsonaro está imobilizado na política


Bolsonaro diz que chega na condição de "conselheiro" e que joias recebidas foram fruto de boa relação - InfoMoney

Bolsonaro diz que chega na condição de “conselheiro” do PL

José Casado
Veja

A agenda de Jair Bolsonaro está congestionada pela defesa em três dezenas de processos judiciais. Ele está imobilizado na política. Seus planos, também, e os do Partido Liberal estão condicionados às decisões da Justiça. É situação complexa para um ex-presidente que perdeu a reeleição nas urnas, com 58 milhões de votos, não aceitou a derrota e não é reconhecido pelos aliados como líder da oposição ao governo Lula.

Numa das ações judiciais mais relevantes, a decisão do Tribunal Superior Eleitoral está prevista para sair nas próximas três semanas. Se condenado, Bolsonaro pode ficar inelegível pelos próximos oito anos, o que o qualificaria como primeiro ex-presidente da República punido por crime de divulgação de notícias falsas durante o processo eleitoral, usando recursos públicos.

PRAZO FATAL – Ele tem prazo até sexta-feira para apresentar as alegações finais de defesa nesse processo em que é acusado de abuso de poder junto com seu ex-candidato a vice-presidente, Walter Braga Netto.

Trata-se do caso da reunião no Palácio da Alvorada com embaixadores estrangeiros, em meados do ano passado, quando acusou de fraude — sem provas — o sistema eletrônico de votação usado há mais duas décadas. E disseminou suspeitas — sem comprovação — sobre a integridade de juízes de tribunais superiores.

Bolsonaro fez isso dois meses antes das eleições. Usou o palácio, instalação governamental, os recursos da empresa estatal de televisão e respectivas redes sociais. Ao aceitar a denúncia, o tribunal entendeu que existiam indícios de abuso do poder para “obtenção de votos” e “aumento da popularidade”, com “risco evidente” de dano à competição eleitoral e ao sistema de justiça.

EXISTE PRECEDENTE – Na época, o corregedor-geral da Justiça Eleitoral, Mauro Campbell, fez questão de registrar nos autos um precedente — as razões jurídicas da cassação do mandato do deputado federal Fernando Francischini, do União Brasil do Paraná, que também divulgara falsidades sobre o sistema de votação. O juiz identificou traços de similaridade entre os casos.

Ao mandar investigar Bolsonaro, destacou um trecho da sentença do TSE que cassou o mandato do deputado paranaense, um escudeiro bolsonarista: “Não há margem para dúvida de que constitui ato abusivo, a atrair as sanções cabíveis, a promoção de ataques infundados ao sistema eletrônico de votação e à própria democracia, incutindo-se nos eleitores a falsa ideia de fraude em contexto no qual candidato sobrevenha como beneficiário dessa prática.”

Agora há um “rico acervo probatório” contra Bolsonaro, nas palavras escritas pelo juiz-relator, Benedito Gonçalves. O desfecho deve ocorrer em poucas semanas.

MÚLTIPLAS AÇÕES – Além desse processo, Bolsonaro ainda tem outras 32 ações para se defender em tribunais. Duas dezenas no circuito do Supremo Tribunal federal, por crimes constitucionais, e no Tribunal Superior Eleitoral, por delitos na fracassada campanha de reeleição. O restante em juízos de primeira instância, por transgressões ao Código Penal.

Num exemplo, nesta quarta-feira (5), em depoimento marcado na Polícia Federal, apresentou sua versão sobre o caso de apropriação indevida das joias das arábias. Tanto aquelas de ouro e diamantes confiscadas pela alfândega, como as que já entregou por intimação e outras para as quais recebeu ordem de restituir ao Estado, mas ainda reluta.

Nesse caso é suspeito de peculato, definível como um crime típico de funcionário que, valendo-se da confiança pública, utiliza aquilo que furta em benefício próprio. No poder, Bolsonaro utilizou a presidência como tribuna-livre de acusação. Sem imunidade, agora experimenta o banco dos réus.

Ministério Público do Tocantins e Detran identificam graves irregularidades no transporte escolar em quatro cidades do interior


A atuação do MPTO visa assegurar a qualidade do serviço de transporte escolar

A Paixão de Cristo 2023 em Jeremoabo BA

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Em Jeremoabo nem tudo está perdido.
Parabés Dr. Robson, você está sabendo conservar a frutífera  árvore da cultura e do chauvinismo plantada dentre outras mudas,  pela saudosa professora Remes. (In memoriam)
 

Tópicos a fiscalizar - Introdução

Prefeito não quer que você veja esse vídeo sobre as promessas que ele fez. Aprenda a fiscalizar!

Quem manda mais? Prefeito ou vereador?

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Qualquer semelhança com a Câmara de Vereadores de Jeremoabo é mera coincidência.
Aliás os vereadores da situação trabalham muito parabenizando os maus feitos do prefeito e dos secretários.
Espero que os vereadores vejam com atenção esse vídeo, e pelo menos aprendam esses ensinamentos.


Políticos condenados vivem livres, leves e soltos

 em 5 abr, 2023 8:13

Adiberto de Souza

Uma das queixas do povo contra a Justiça é lerdeza como ela percorre o caminho entre o início de um processo até o trânsito em julgado. Quase que diariamente um político é condenado por prática de falcatrua, porém continua em atividade, geralmente cometendo novas malandragens contra o dinheiro público. Enquanto isso, os processos sobem, descem, retornam à origem e, de novo, voltam às instâncias superiores. Instituída em 2016, a prisão após condenação em segunda instância assustava os maus políticos, contudo, a derrubada deste entendimento pelo Supremo Tribunal Federal deixou a galera do mal livre, leve e solta. E é por conta dessa lentidão judicial que muitos sentenciados já se preparam para as eleições municipais de 2024. Portanto, diante de tamanha morosidade da Justiça, só resta ao povo punir nas urnas os mequetrefes de colarinho branco que, embora jurem inocência, colecionam processos de todos os tipos e para todos os gostos. Misericórdia!

Tá no páreo

E quem pensa cada vez mais em disputar a Prefeitura de Lagarto é o ex-deputado estadual Valmir Monteiro (PV). O distinto afirma que deseja se eleger para colocar um basta nos demandados da gestão de Hilda Ribeiro (SD), que foi vice dele e assumiu a Prefeitura com após Valmir ter sido cassado pela Justiça. Hoje adversário da família Ribeiro, o ex-deputado denuncia que “falta medicamentos e um atendimento humanizado para o meu povo”. Caso Monteiro concretize a candidatura, a disputa pelo comando político de Lagarto será duríssima, pois além dos Ribeiro, a família Reis também estará no páreo. Marminino!PUBLICIDADE

 

Ameaça esquecida

Alguém sabe dizer a quantas anda a investigação sobre uma possível ameaça de morte contra o empresário Luciano Barreto? No começo do março último, ele tornou público que estava sendo ameaçado após ter comprado briga com as cooperativas de imóveis. Chegou a dizer que não tem medo e que o anonimato é a arma de invejoso, covarde e criminoso. Presidente da Associação Sergipana de Obras Públicas e dono da Construtora Celi, Luciano revelou ter sido aconselhado por um amigo a ter cuidado para não levar um tiro. De lá pra cá, contudo, não se falou mais na ameaça, muito menos se a Polícia descobriu quem deseja a morte do empresário. Home vôte!

Canoa cheia

Com tantos governistas se insinuando para disputar a Prefeitura de Aracaju em 2024, o bloco da situação parece até uma canoa cheia. Diante disso, o prefeito Edvaldo Nogueira (PDT) e o governador Fábio Mitidieri (PSD) precisam ter muita perícia no manuseio do timão para vencer as turbulências rio abaixo. Basta uma pequena desavença entre os marujos para a embarcação virar, transformando uma possível vitória num grande naufrágio eleitoral. Aliás, antes de pensarem em terra firme na margem oposta, os governistas mais apressados devem ter sempre em mente o que diz a marchinha carnavalesca da saudosa Emilinha Borba: “Se a canoa não virar/ Olê olê olê olá/ Eu chego lá”. Crendeuspai!

Mulheres na política

A ex-senadora Maria do Carmo Alves (PP) tem estimulado a participação das mulheres na política. Ao visitar a sede do Partido Progressista, em Aracaju, a ex-parlamentar se colocou à disposição da campanha que a legenda realiza visando conscientizar o público feminino sobre a importância de disputar mandatos eletivos. Dona Maria também elogiou a atuação do senador Laércio Oliveira (PP), ocupante da cadeira que foi dela por três mandatos: “Ele fará um brilhante trabalho, para orgulho todos nós”, disse a pepista. Então, tá!

Quadro estável

O Hospital Unimed divulgou, ontem à noite, um boletim médico sobre o estado de saúde de Frei Enoque Salvador de Melo, 81 anos, que está internado, desde a última sexta-feira, com sérios problemas estomacais. Segundo a unidade de saúde, o paciente “encontra-se hospitalizado em leito de UTI. No momento, segue consciente, sem sinais de instabilidade hemodinâmica, respirando espontaneamente com auxílio de oxigenioterapia via cateter”. O boletim conclui informando que não há previsão de alta médica. Frei Enoque foi prefeito do município sergipano de Poço Redondo por três mandatos. Melhoras!

Pai da criança

E o senador Rogério Carvalho (PT) se apressou em agradecer ao presidente da Petrobras, Jean-Paul Prates, pela decisão da estatal de contratar dois navios-plataforma para o Projeto Sergipe Águas Profundas. O agradecimento deixa transparecer que a contratação só vai ocorrer graças à intervenção do petista junto a Prates. Na verdade, a decisão da Petrobras segue seu plano de investimento e o interesse em explorar o volume substancial de gás existente em nosso litoral. Para se ter uma ideia, o Projeto Sergipe Águas Profundas terá a capacidade de disponibilizar ao mercado até 18 milhões m³/dia de gás. Aff Maria!

Três novos museus

O governo de Sergipe pretende construir três museus no estado: sobre o Cangaço, o Vaqueiro e os Náufragos. O anúncio foi feito pelo próprio governador Fábio Mitidieri (PSD) ao receber em palácio a visita da neta e da bisneta de Lampião, respectivamente, Vera e Gleuse Ferreira. Ambas se fizeram acompanhar por Ézio Déda, diretor do Instituto Banese. Em 2020, quando era deputado federal, Mitidieri apresentou uma emenda ao Orçamento da União, no valor de R$ 200 mil, para a construção do Museu do Vaqueiro em Porto da Folha, município que realiza uma festa em homenagem à vaqueirama desde 1969. Ah, bom!

E tome aumento

Não bastasse as constantes faltas d’água nas torneiras, os sergipanos vão ter que pagar mais caro pelo péssimo serviço que a Companhia de Saneamento (Deso) oferece. Na fatura deste mês, os suplicantes se assustarão com o reajuste de quase 5% na tarifa da água. E esse presentinho de grego é retroativo a março passado. Como em muitos municípios sergipanos a água tratada falta por até 15 dias seguidos, o consumidor vai terminar pagando mais caro pelo ar que circula dentro dos canos vazios. Só Jesus na causa!

A natureza agradece

A Câmara Municipal de Aracaju aprovou o Projeto de Lei dispondo sobre o resgate, captura, remoção, a proteção de abelhas e a flora. Autor da propositura, o vereador Breno Garibalde (União) disse que as abelhas são responsáveis por 70% da polarização dos alimentos. Lamentavelmente, a poluição tem acabado com boa parte dos enxames existentes na Grande Aracaju. O parlamentar ressaltou que o Projeto visa garantir proteção e recolhimento das abelhas. “Inclusive, já existe um local pra isso, que é o meliponário do Horto Florestal da Sementeira”, discursou Garibalde. Supimpa!

INFONET

Arranjo de Lula para garantir as emendas parlamentares dribla decisão do Supremo


Nani Humor: Liberadas emendas parlamentares

Charge do Nani (nanihumor.com)

Thiago Resende
Folha

O arranjo desenhado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para negociações políticas com o Congresso prevê que dinheiro dos ministérios seja usado como se fosse emenda parlamentar — num drible à decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que proibiu o pagamento das chamadas emendas de relator.

A Folha revelou na segunda-feira (3) que, após herdar R$ 9,8 bilhões com o fim das emendas de relator, o governo Lula criou um novo mecanismo para destinar verbas ao Congresso Nacional e ampliar sua base de apoio. Também estabeleceu que, para gastar o dinheiro, os ministérios deverão seguir orientação da articulação política do Palácio do Planalto.

CÓDIGO A4 – O governo chegou a colocar um carimbo específico (código A4) para esses recursos, para formalizar e organizar os pagamentos. Esse dinheiro foi dividido entre sete ministérios indicados pelo relator do Orçamento de 2023, senador Marcelo Castro (MDB-PI).

O acordo político envolveu as cúpulas da Câmara e do Senado e foi chancelado por Lula. Dessa forma, o relator manteve a influência sobre uma parcela bilionária do Orçamento.

As emendas de relator foram a principal moeda de troca entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o Congresso Nacional. Agora, além de criar o novo código para o dinheiro que será enviado ao Legislativo, Lula estabeleceu que os pagamentos deverão seguir orientação direta da articulação política do Palácio do Planalto.

“DIRETRIZES” DO PLANALTO – Cada órgão deverá observar “diretrizes e procedimentos a serem estabelecidos pela Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República [de Alexandre Padilha, responsável pelas negociações com o Congresso e liberação de emendas] quanto à destinação e execução” da verba, diz uma portaria publicada em março.

A ideia é detalhar como os ministérios poderão usar o dinheiro e determinar como irão divulgar os nomes de quem apadrinhou o envio de dinheiro —seja deputado, senador ou até mesmo prefeito.

A rubrica A4 criada também facilitará que o Planalto opere e monitore os repasses feitos por intermédio de parlamentares ou grupos políticos. Nas negociações de Bolsonaro, as emendas de relator também tinham um código (RP9).

DRIBLANDO O SUPREMO – Os atos do governo formalizam a participação do Planalto na operação montada para manter o Congresso com o controle da fatia bilionária que teria em 2023 se não fosse a decisão do Supremo.

A SRI (Secretaria de Relações Institucionais) afirma que, como ainda não houve nenhum gasto dessa quantia de R$ 9,8 bilhões, “não se pode afirmar, a qualquer pretexto, que houve distribuição nem execução desses recursos, ainda mais sem a transparência adequada, o que atesta o cumprimento dos compromissos assumidos pelo presidente Lula durante a campanha eleitoral”, quando ele atacou a falta de transparência das emendas de relator na gestão Bolsonaro.

Integrantes do governo afirmam que o petista teve que cumprir um acordo político com o Congresso após o fim das emendas de relator e que ir contra a vontade dos parlamentares criaria mais barreiras para Lula formar uma base aliada.

INCONSTITUCIONAL – Em dezembro, o Supremo decidiu que era inconstitucional que o relator do Orçamento fizesse modificações nas contas “para efeito de inclusão de novas despesas públicas”.

Nos últimos três anos de seu governo, Bolsonaro deu aval para que o Congresso tivesse mais poder sobre gastos por meio das emendas de relator, o que ampliou o apoio parlamentar ao ex-presidente.

Quem ocupava a função de relator do Orçamento incluía despesas que, na prática, atendiam a interesses de aliados das cúpulas da Câmara e do Senado. Por 6 votos a 5, o STF decidiu que omitir a lista de deputados e senadores beneficiados por essas emendas era inconstitucional. Além disso, ficaram proibidas as mudanças feitas pelo relator para expandir despesas públicas.

E NADA MUDOU… – Antes do julgamento, o relator Marcelo Castro já havia previsto quais ministérios receberiam os R$ 19,4 bilhões reservados para emendas de relator neste ano.

Num acordo entre os líderes do centrão e interlocutores de Lula, chancelado em dezembro, quase metade (R$ 9,6 bilhões) foi redirecionado para ampliar as emendas individuais, aquelas que todos os deputados e senadores têm direito.

O restante (R$ 9,8 bilhões) foi para o caixa de ministérios do governo. Embora não seja formalmente emenda parlamentar, essa quantia tem sido tratada como tal.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Excelente matéria de Thiago Resende. Nesta questão, surpreendentemente, o Supremo agiu certo. Mas acabou derrotado, porque tentar moralizar a distribuição de recursos públicos realmente é uma missão impossível, sem Tom Cruise. (C.N.)

 

O que Putin quer de Lula?




Em 2014, Dilma disse que não iria se manifestar sobre um “assunto interno” da Ucrânia, como se a invasão de seu território pudesse ser assim classificada. 

Por Paulo Roberto de Almeida, diplomata

Em meados de abril próximo, o eterno chanceler da Rússia, Sergey Lavrov deverá visitar o Brasil, e seu mais importante encontro não será, talvez, com o chanceler oficial, Mauro Vieira, mas provavelmente com o chanceler oficioso, Celso Amorim. Ambos se conhecem de longa data, antes ainda que tramassem conjuntamente a transmutação do Bric original – uma mera plataforma de investimentos em economias emergentes, sugerida pelo economista Jim O’Neill, do Goldman Sachs – em um Bric diplomático, com a adjunção dos outros dois países incluídos no acrônimo, Índia e China. Tal transfiguração da lagarta do Bric, antes da emergência do Brics — que mais se parece com um ornitorrinco, dadas as suas bizarras características — transcorreu nos dois últimos anos do primeiro mandato de Lula (2003-2006), quando a sigla já tinha adquirido certa notoriedade de imprensa, em vista do grande dinamismo econômico então apresentado pelas quatro grandes economias emergentes. Foi um gesto ousado, pois a sigla estava concebida para apresentar não mais do que carteiras, ou portfólios, de investimentos com promessas de grandes retornos, voltados para alguns fundos sequiosos de boas oportunidades de mercado.

Depois de vários encontros entre os respectivos chanceleres, o Bric diplomático foi oficialmente lançado numa reunião de cúpula realizada em Ecaterimburgo em 2009, mas não atravessou mais do que dois anos no seu formato inicial, passando a incorporar a República da África do Sul, pelas mãos da China, desde 2011. O sucesso de mídia foi enorme, desde essa fase inicial, pois que os países avançados do Ocidente ainda enfrentavam o rescaldo das crises imobiliária, securitária e bancária de 2008, que teve início nos Estados Unidos e logo se propagou para as outras economias de mercado, ao passo que os BRICS, pelo menos a China e a Índia, pareciam imunes às turbulências e mantinham suas taxas de crescimento relativamente satisfatórias. O novo Brics navegava de vento em popa, e já na cúpula de Fortaleza, em 2014, fazia aprovar um banco de fomento a investimentos, o NDB, e um mecanismo de socorro contingente, vagamente similar aos mecanismos de ajuste existentes no FMI: os encontros anuais dos cinco líderes recebiam os holofotes da mídia e choviam as demandas de novos candidatos ao bloco que prometia ultrapassar o PIB do G7 antes da primeira metade do século. Depois disso, a dinâmica econômica do grupo se enfraqueceu.

O curioso é que nessa primeira fase, a Rússia ainda fazia parte de um puxadinho do G7, o G8, formado na fase de transição do socialismo ao capitalismo, nos anos 1990, para facilitar a acomodação da gigantesca e nuclearmente poderosa Rússia – mesmo depois da implosão e fragmentação do império soviético – às novas regras do velho e duro capitalismo. Não apenas isso, como deferência política especial a um grande, mas esfarrapado, “parceiro” da primeira Guerra Fria: na cúpula do G7 em Kananaskis, no Canada, em 2002, a Rússia foi reconhecida como “economia de mercado”, muito antes dela ser aceita no Gatt-OMC, ou sequer ser considerada apta a integrar a OCDE (o que ela não fez até hoje, mesmo tendo sido aceita na OMC em 2015, muito depois da bem mais capitalista China). Mas o fato é que o G8 tinha uma conformação exclusivamente política, e de menor relevância do que a alta agenda econômica e financeira do G7, que continuava se reunindo com os ministros de finanças das sete grandes economias de mercado, sem a contraparte russa.

Essa distinção diminutiva do G8 parecia incomodar o novo líder russo, Vladimir Putin (designado por Boris Iéltsin para sucedê-lo desde 1999), tanto que, num pronunciamento à nação, no início de 2005, ele já declarava que o colapso da União Soviética tinha sido “a maior catástrofe geopolítica do século” e “uma tragédia para os russos”. Essa declaração foi feita quase às vésperas das comemorações do 60. aniversário da vitória final da finada URSS na Segunda Guerra Mundial, oficialmente chamada de “Grande Guerra Patriótica”. Que ela possa ter sido uma “tragédia para os russos” é compreensível, pois que alguns milhões deles ficaram além das fronteiras da nova República Federal da Rússia, que também passou a enfrentar revoltas separatistas, como na Chechênia, selvagem reprimida. Mas, se houve alguma “catástrofe”, ela foi certamente extremamente benéfica para milhões de outros europeus, e muitos habitantes das antigas satrapias da Ásia central, que passaram a dirigir os seus próprios destinos, não sem seguidas interferências do urso russo, sempre temido.

Dois anos depois, dirigindo-se diretamente aos países ocidentais na conferência sobre segurança de Munique, em fevereiro de 2007, Putin alertava duramente os países ocidentais com respeito às preocupações de segurança de seu país ,e já fazia referência ao Bric, então em formação, da seguinte forma:

“O PIB combinado, em paridade de poder de compra, de países como Índia e China já é maior do que o dos Estados Unidos. Um cálculo similar com o PIB dos países do Bric – Brasil, Rússia, Índia e China – ultrapassa o PIB total da UE. E, segundo os especialistas, esse diferencial só vai crescer no futuro“, afirmou Putin na Conferência de Munique sobre Política de Segurança.

O debate que se seguiu a esse discurso franco e contundente de Putin, já assumindo os ares de um novo czar, foi extremamente revelador do espírito com que ele contemplou o ingresso de diversos países vizinhos, ex-integrantes do império soviético, às estruturas políticas e militares da Otan, chegando praticamente às portas de São Petersburgo: a Estônia e a Letônia, rapidamente aceitas, com a Lituânia e vários outros da Europa central e oriental, na organização do tratado do Atlântico Norte. Esse processo continuou moderadamente até que a tentativa da Georgia de aderir à Otan, em 2008, despertou a violenta reação da Rússia, que ocupou partes do seu território setentrional; na verdade, essa iniciativa se devia não à Otan, mas a um referendo realizado em janeiro daquele ano, na Georgia, que revelou que 77% da população era favorável ao ingresso na organização de segurança coletiva.

O caso mais complicado, obviamente, se referia ao segundo maior país da Europa, depois da própria Rússia. A Ucrânia, formalmente independente desde 1991, mas não considerada para adesão à Otan, tinha inclusive firmado com a Rússia, em 1997, um tratado de amizade, cooperação e parceria, pelo qual eram fixados o princípio de uma “parceria estratégica”, o reconhecimento da inviolabilidade das fronteiras existentes, o respeito pela integridade territorial e o compromisso mútuo de não ser usado o território de nenhuma das partes para afetar a segurança da outra. Depois da invasão da Crimeia, em 2014, poucos meses antes da cúpula do BRICS de Fortaleza, a Ucrânia declarou sua intenção de não renovar esse tratado em setembro de 2018. Mas, já imediatamente após a invasão da península, em fevereiro de 2014, os principais países do Ocidente adotaram sanções, ainda que moderadas, contra a Rússia; ela foi expulsa do G8, que voltou ao seu formato original.

Nesse tempo, e desde antes, forças russas já atuavam provocativamente nas províncias separatistas do Donbas, ameaçando, portanto, a integridade territorial da Ucrânia. O Brasil, teoricamente conhecido como possuindo uma diplomacia de estrita adesão à Carta da ONU e ao direito internacional, permaneceu estranhamente à margem do conflito, sem tomar qualquer posição sobre uma das mais graves violações ao princípio onusiano de não interferência nos assuntos internos de outros países. À época, a presidente Dilma Rousseff, não querendo dificultar a vinda de Putin para a cúpula do Brics, evitou, deliberadamente, manifestar qualquer posicionamento oficial do Brasil sobre a flagrante ruptura de uma das cláusulas basilares das relações internacionais, inclusive inscrita no Artigo 4º da CF-1988. Mais adiante, questionada sobre a questão numa reunião do G20 na Austrália, no final de 2014, Dilma disse que não iria se manifestar sobre um “assunto interno” da Ucrânia, como se a invasão de seu território por uma potência estrangeira pudesse ser assim classificada. A Rússia ficou, obviamente, satisfeita com essa estranha neutralidade da parte do Brasil.

A mesma postura, já no governo Bolsonaro, foi adotada em fevereiro de 2022, quando da invasão maciça deslanchada por forças russas a partir da sua fronteira com a Ucrânia, mas também a partir da vizinha Belarus, causando a mais dramática ruptura na paz e na segurança internacionais desde o término da Segunda Guerra Mundial, superando mesmo os conflitos na ex-Iugoslávia, uma federação de povos e religiões diversas, envolvidos em guerras civis. Ainda que condenando formalmente, mas não nominalmente, a Rússia pela invasão, o Brasil de Bolsonaro evitou cuidadosamente responsabilizar diretamente a Rússia pela inaceitável violação dos principais artigos da Carta da ONU. Pouco tempo antes do início da guerra de agressão – já anunciada muitas semanas antes pelo presidente americano Joe Biden – o presidente brasileiro, contra recomendações contrárias insistentes da diplomacia profissional, fez questão de visitar Putin e, na sua presença, declarar-se “solidário” à Rússia. No retorno ao Brasil, declarou que tinha afastado o perigo da guerra: uma semana depois teve início a maior operação de guerra desde os grandes combates da Segunda Guerra, eufemisticamente apelidada por Putin de “operação militar especial”.

A despeito de formalmente seguir a maioria dos membros da ONU, no CSNU, na AGNU e no Conselho de Direitos Humanos, nas resoluções que denunciaram a Rússia por violar dispositivos da Carta, o Brasil evitou acusar diretamente o país agressor: falou em favor de uma “solução pacífica das controvérsias”; recomendou a “cessação de hostilidades” entre as partes, como se estas fossem recíprocas; considerou que se deveria contemplar as “preocupações de segurança das partes”, como se, mais uma vez, estas fossem equivalentes; sobretudo, opôs-se à adoção de sanções – sob a escusa de que elas seriam “unilaterais”, como se o direito de veto estivesse sendo utilizado legitimamente, ou alegando que sanções não contribuiriam para uma “solução ao conflito”; também opôs-se ao fornecimento de armas e outros meios de defesa ao país atacado, para não “provocar maior número de vítimas”, como se a Ucrânia devesse se render ao agressor mais poderoso. Essas foram, basicamente, as posições adotadas pela diplomacia sob o comando de Bolsonaro desde o início do conflito; mas cabe registrar que elas não mudaram fundamentalmente, ou em nada, no governo Lula.

Ao contrário, o candidato Lula chegou a demonstrar uma postura ainda pior, ao acatar velhas e conhecidas posições da maioria da esquerda antiamericana do seu partido, no sentido de proclamar a culpa da Otan no conflito, assim como, de maneira ainda mais inaceitável, a responsabilidade pessoal do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky pela deflagração da guerra. Eleito presidente, ele evitou de tomar posição de maneira explícita sobre essas questões, mas começou a agitar a ideia de um “clube da paz”, que seria proposto por ele ao assumir a presidência. Também reincidiu na esquisitice folclórica ao afirmar uma “sabedoria” de senso comum: “quando um não quer, dois não brigam”. A mesma arenga foi repetida, quando já presidente, ao receber a visita em Brasília do chanceler alemão Olaf Scholz, numa frase que deve ter sido acolhida com estranheza ao redor do mundo. A proposta do “clube da paz” mostrou-se naturalmente natimorta, antes mesmo de sua visita ao presidente Joe Biden. Contudo, o Brasil de Lula continuou opondo-se, como no governo anterior de Bolsonaro, à adoção de sanções ou ao fornecimento de equipamentos bélicos à Ucrânia, na justificativa canhestra que tampouco o fazia em direção da Rússia (como se esta tivesse pedido, como fez, ao contrário, a Ucrânia, recebendo uma negativa de Bolsonaro, mantida sob Lula).

Nessas condições, o que pode pretender Lavrov em sua visita ao Brasil, depois de já ter visitado a África do Sul e de ter combinado com a presidência do país alguns temas da agenda do Brics em sua próxima cúpula, e que chegou até a incluir uma fantástica moeda comum do bloco para os seus intercâmbios comerciais? Certamente vai querer a continuidade da política de “neutralidade” ou de “imparcialidade” do Brasil, no tocante à guerra de agressão que seu país leva adiante de forma criminosa na Ucrânia. O chanceler russo já havia saudado uma inexistente proposta de paz do Brasil para a “solução” do conflito (que nunca chegou a ser apresentada), bem como os 12 pontos apresentados pela China como base para uma discussão a respeito, plano já considerado inconsistente pelos países ocidentais.

Ambas as iniciativas pecam pela absoluta falta de exigência da retirada das tropas russas do território ucraniano, sendo que uma resolução adotada na Assembleia Geral da ONU – portanto, nada mais do que simbólica – requerendo essa mesma premissa, recebeu um pequeno adendo do Brasil pedindo a “cessação de hostilidades”, o que representaria, de fato, o virtual congelamento da ocupação ilegal conduzida pelas tropas russas em 20% do território ucraniano. Não se sabe se os diplomatas brasileiros que apresentaram esse acréscimo coraram de vergonha pela contradição explícita da demanda em relação ao teor da resolução.

Existe a dúvida se Putin comparecerá à cúpula do Brics na África do Sul, pois existe uma ordem de detenção do presidente russo por “crimes de guerra”, feita pelo Tribunal Penal Internacional, de cujo Estatuto de Roma o país africano é membro, o que o obrigaria a deter o dirigente russo e enviá-lo à Haia. Não parece haver esse risco, como não ocorreu quando o antigo ditador sudanês Omar al-Bashir ali compareceu numa reunião africana de cúpula. Mas, certamente, seria um enorme constrangimento pelo menos para o Brasil, para a África do Sul, e, talvez, para a Índia (embora esta não seja parte do TPI). Diplomatas brasileiros ouvidos em off pela imprensa minimizaram a importância do pedido de detenção de Putin pelo TPI, o que pode ser um reconhecimento realista quanto às limitações do TPI (e da CIJ, que não possuem os “dentes” do Conselho de Segurança), mas também já pode significar uma adesão submissa à presumida postura do presidente Lula de evitar causar embaraços ao grande aliado original na formação do Brics, uma das iniciativas das quais parecer orgulhar-se o presidente brasileiro, ao lado do Ibas (bloco político integrando a Índia, o Brasil e a África do Sul) e da Unasul.

Tal postura parece ser exatamente o que Putin gostaria de ter da parte de Lula: uma “neutralidade” que, no plano objetivo, é inteiramente favorável à Rússia. Vai conseguir? Muito provavelmente, pois que o Brasil parece aderir, ainda que discretamente ou não assumidamente, ao tal de “não alinhamento ativo”, inventado por alguns partidários de um “desalinhamento passivo e inativo” em relação à mais grave questão afetando a paz e a segurança internacionais desde décadas. Tal postura, supostamente identificada a um fantasmagórico Sul Global – que se considera ser neutro ou indiferente em face dessa cruel guerra de agressão –, reproduz, em diferentes circunstâncias e em outra dimensão, a falácia do pacifismo dos anos 1930, ou seja, a inação de importantes membros da comunidade internacional em resposta ao ativismo dos expansionistas, o que levou quase toda o planeta ao maior desastre humanitário e civilizatório de toda a história humana.

Seria uma outra maneira, não confessada, de limitar essa cruel guerra de agressão ao contexto exclusivamente europeu, como se a violação da Carta da ONU e das normas mais elementares do Direito Internacional, e como se as transgressões dos tratados humanitários e das próprias leis da guerra fossem um assunto exclusivamente europeu, não universal. A diplomacia brasileira enfrenta aqui o seu mais relevante desafio das últimas décadas, talvez desde sempre: permanecer nessa “neutralidade” hipócrita, de indiferença, que só serve ao agressor, sob risco de negar seus mais solenes compromissos com o Estado de Direito no plano internacional, como já haviam peremptoriamente defendido o Barão do Rio Branco e o delegado Rui Barbosa na segunda conferência da paz da Haia, em 1907. Cem anos depois da morte do grande jurisconsulto baiano, aliás convidado para integrar a Corte Internacional de Justiça em 1923, a abstenção nessa causa representaria mais uma derrota do grande civilista e campeão da Justiça no plano internacional, em sua luta por uma verdadeira postura dos “neutros” em caso de crimes de guerra.

Revista Crusoé

5 Apoiadores e detratores de Trump se confrontam do lado de fora de tribunal em Nova York




Manifestantes contrários ao ex-presidente dos EUA Donald Trump e apoiadores de Trump do lado de fora do Tribunal Criminal de Manhattan no dia da audiência de acusação contra Trump, em Nova York, EUA 04/04/2023 

Por Tyler Clifford e Julia Harte

NOVA YORK - Centenas de apoiadores de Donald Trump e manifestantes contrários a ele se reuniram nesta terça-feira em torno de um tribunal em Nova York, onde o ex-presidente dos Estados Unidos se apresentou à Justiça para ouvir as acusações em caso de suposto suborno.

Horas antes de Trump comparecer ao tribunal na tarde desta terça-feira, multidões assobiavam, gritavam e balançavam placas em apoio a Trump, que já anunciou a candidatura à presidência em 2024.

Separados por barricadas, os manifestantes contrários a Trump pareciam superar em número os apoiadores. Muitos deles comemoravam a acusação do ex-presidente com cartazes que diziam "Prendam ele!", em referência à frase dirigida à oponente de Trump, Hillary Clinton, durante a campanha presidencial em 2016. Na ocasião, ele foi eleito.

Um grande grupo de repórteres assistia à cena caótica, marcada pelos sons de tambores, sinos, apitos e buzinas.

Dentro da sala de audiência, Trump se declarou inocente das 34 acusações criminais de falsificação de registros comerciais. Ele se recusou a falar com repórteres na entrada e saída do tribunal.

Mais cedo, a parlamentar republicana Marjorie Taylor Greene, uma deputada que apoiou as falsas alegações de Trump de que ele havia vencido a eleição presidencial de 2020, fez uma breve aparição do lado de fora do tribunal, onde havia prometido liderar um comício pró-Trump organizado pelo movimento de jovens republicanos New York Young Republican Club.

"Gostaria de agradecer aos patriotas apoiadores de Trump que estão aqui hoje", disse Greene com um megafone, provocando aplausos e gritos de "Estados Unidos!".

Ela discursou por alguns minutos e saiu rapidamente em uma SUV branca, enquanto manifestantes a insultavam e apoiadores a aplaudiam.

Gina Witcher, de 55 anos, disse que não tinha certeza sobre viajar de sua casa, no Estado de Maryland, a Nova York para demonstrar apoio a Trump até saber que Greene estaria na cidade e se sentir mais segura de que outros apoiadores de Trump também apareceriam.

Ela disse sentir que a acusação contra Trump tem motivação política.

"Estamos nos unindo com pessoas que pensam como nós para dizer: como lutamos contra isso?", disse Witcher.

Reportagem de Julia Harte e Tyler Clifford em Nova York

Reuters / SWI

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