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terça-feira, outubro 04, 2022

Sondagens ou propaganda?




Não tenho dúvidas de que Bolsonaro vai acusar toda a opinião publicada de tomar partido nas eleições. Não podemos dizer que é mentira e este argumento terá o seu peso junto do eleitorado.

Por Raquel Abecasis (foto)

Mais umas eleições disputadas e os resultados voltaram a desmentir as sondagens. Começa a tornar-se um assunto sério e perigoso, não tanto pelo erro técnico ditado pelas urnas, mas porque um instrumento que devia obedecer a um método científico, afinal não acerta uma. Nas eleições no Brasil deste fim de semana voltou a repetir-se o fiasco.

Não sou especialista na matéria, mas sou eleitora e, como toda a gente, sou influenciada por sondagens. O que mais este fracasso estrondoso das sondagens demonstra é que estas pesquisas não só deixaram de ter qualquer credibilidade, como podem a partir de agora ser lidas ao contrário. O que parece é que estes estudos servem cada vez mais para exprimir a vontade da opinião publicada e não a intenção de voto do eleitorado.

Não foi por acaso que, nos últimos dias antes das eleições, as sondagens começaram a coincidir com a mensagem dos comentadores: é preciso resolver tudo à primeira volta. Ato contínuo, as sondagens começaram a indicar que Lula tinha altas probabilidades de ganhar à primeira volta.

Começa a ser um hábito, acordar no dia seguinte a atos eleitorais determinantes com uma enorme surpresa e um resultado completamente diferente do esperado. Em Portugal, há um ano, acordámos com uma maioria absoluta depois de semanas em cenário de empate técnico. Antes disso, já tínhamos acordado com a enorme surpresa da vitória de Donald Trump nos Estados Unidos e os britânicos a decidirem-se pela saída da União Europeia.

Cada vez mais povos estão a decidir caminhos extremistas e de rutura depois de décadas de decisões moderadas. E esta decisão popular é impercetível a quem tem por missão analisar a atualidade e a quem deve medir essas mudanças de tendência. Será que isto é alheio à posição pessoal de analistas e técnicos de sondagens?

O que a primeira volta das eleições brasileiras nos prova mais uma vez é que esta forma de analistas e empresas de sondagens acompanharem eleições está a tornar-se uma arma poderosa para os novos protagonistas da política. Na campanha que hoje recomeça no Brasil, não tenho dúvidas de que Bolsonaro vai acusar toda a opinião publicada de estar a tomar partido nas eleições. Não podemos dizer que é mentira e este argumento terá o seu peso junto do eleitorado brasileiro.

A comunicação social e o jornalismo fazem muita falta à democracia, mas para que isso seja verdade é muito importante que não abdiquem de cumprir o seu papel. Jornalismo não é propaganda, mas nos últimos tempos, em cada vez mais lugares no mundo, é o que parece, e está à vista que os eleitores não gostam do que vêm e ouvem.

Observador (PT)
ostado há  por 

Avanço bolsonarista surpreende imprensa europeia




Para jornais europeus, bom desempenho de Bolsonaro foi "a grande surpresa" da eleição, e segundo turno terá embate entre "dois modelos de país completamente antagônicos": um progressista e outro nostálgico da ditadura.

El País (Espanha) – Lula vence e disputará segundo turno contra Bolsonaro em plena forma

O sonho de uma vitória da esquerda no primeiro turno foi enterrado. O presidente de extrema direita Jair Bolsonaro mostrou uma força maior do que o previsto nas pesquisas. [...] O Brasil realizou neste domingo as eleições mais decisivas e disputadas das últimas décadas, após uma longa e inflamada campanha eleitoral pontuada por alguns episódios de violência política grave, como o assassinato de pelo menos dois apoiadores de Lula pelas mãos de bolsonaristas. Os brasileiros, que  foram às urnas para decidir por uma guinada à esquerda ou o aprofundamento da guinda à extrema direita de 2018, se dividiram em duas metades.

[...] Se Lula mantiver a vantagem no segundo turno, sua vitória poderia culminar na guinada à esquerda que vem ocorrendo na América Latina nas últimas eleições e na possibilidade de reescrever os capítulos finais de sua história pessoal, obscurecidos por sua prisão, embora suas condenações por corrupção tenham sido anuladas. Também será crucial para o futuro da Amazônia e do planeta, pelo papel da floresta de regulador da temperatura.

Durante meses, Bolsonaro criticou as pesquisas que o colocavam de dez a 15 pontos atrás de Lula. Seus fiéis disseram que ele estava sendo subestimado como em 2018, e assim foi. Na hora da verdade, seu apoio foi maior do que o previsto. Grandes nomes do bolsonarismo deram um salto para o Congresso.

[...] Por trás de Lula e Bolsonaro, os dois candidatos que foram para o segundo turno, há dois modelos de país completamente antagônicos. O mandato de Bolsonaro tem sido bem parecido com o que sua trajetória de deputado extravagante e nostálgico da ditadura já antecipava. Foram quatro anos marcados por uma gestão negacionista da pandemia e o atraso na compra de vacinas. [...] Instalado no poder, o bolsonarismo gerou uma tensão constante contra outras instituições de Estado, sobretudo com o STF, incluindo ameaças de golpe mais ou menos veladas. Na metade do seu mandato e para evitar um impeachment, se aliou com a velha política que prometeu combater.

[...] Os comícios de Lula são um lembrete constante das melhores conquistas dos governos progressistas para combater a pobreza e promover a inclusão e a prosperidade das massas desafortunadas que as elites brancas negligenciaram durante séculos.

[...] O eleitor de Lula é pobre, mulher, mestiço ou negro. Já os mais ricos, com mais estudo, brancos e homens preferem Bolsonaro.

The Guardian (Reino Unido) – Ex-presidente Lula encara Bolsonaro no segundo turno

A acirrada corrida presidencial no Brasil vai para o segundo turno, depois que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não conseguiu a maioria necessária para derrotar o titular de extrema direita, Jair Bolsonaro, no primeiro turno.

[...] Mas o resultado das eleições foi um grande golpe para os brasileiros progressistas que estavam torcendo por uma vitória enfática sobre Bolsonaro, um ex-capitão do Exército que atacou repetidamente as instituições democráticas e vandalizou a reputação internacional do Brasil.

Bolsonaro também é acusado de causar estragos no meio ambiente e lidar catastroficamente com a pandemia de covid que matou quase 700 mil brasileiros, minando os esforços de vacinação e vendendo curas charlatãs.

[...] Bolsonaristas famosos foram eleitos para o Congresso e governos estaduais, como o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que se tornou deputado pelo Rio, e o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles.

Pazuelo foi ministro durante o auge da pandemia, que deixou mais de 685 mil mortos no Brasil. O ex-general, promoveu curas charlatãs, como a hidroxicloroquina.

Já Salles foi o ministro do meio ambiente que presidiu o forte aumento do desmatamento da Amazônia. Uma investigação da Polícia Federal acusou o ideólogo de extrema direita de dificultar as investigações de crimes ambientais. Um outro inquérito apontou sua ligação com exportação ilegal de madeira. Ele nega as acusações. [...]

Süddeutsche Zeitung (Alemanha) – Opinião: Tudo, menos um estrondo

[...] As eleições no Brasil já eram consideradas decisivas, uma encruzilhada, que irá determinar qual curso o país gigante irá tomar nos próximos anos e talvez até nas próximas décadas.

Desde domingo é claro que haverá um segundo turno. A votação se tornou agora definitivamente um duelo – não uma eleição, mas um duelo homem contra homem. De um lado, o presidente de extrema direita Jair Bolsonaro e, do outro, o ex-presidente da esquerda moderada Luiz Inácio Lula da Silva.

Falta apenas um mês para essa segunda rodada, e levando em conta que o clima já estava tenso no Brasil nas últimas semanas, fica a pergunta sobre como o país conseguirá chegar a esse decisivo 30 de outubro.

[...] O Brasil está diante de tempos difíceis. Tanto o atual presidente como seu adversário irão lutar pelos eleitores. Dificilmente haverá mais nuances, e só pode se esperar que no final não haja um estrondo.

Tagesspiegel (Alemanha) – Lula ganha primeiro turno, mas Bolsonaro se mostra supreendentemente forte

[...] O bom desempenho de Bolsonaro foi a grande surpresa da noite. Ele conquistou 43% dos votos, cerca de 10% a mais do que o previsto. O resultado chocou eleitores de Lula.

[...] Os brasileiros vão vivenciar nas próximas três semanas uma campanha eleitoral consumidora, que há meses ocupa o país e revelou uma polarização profundamente ideológica e emocional. Ela atinge famílias, amizades e vizinhança.

A campanha eleitoral não foi agressiva apenas verbalmente e carregada de mentiras e meias verdades nas redes sociais, mas também houve violência física. Algumas mortes foram relatadas – com exceção de um caso, em todos os outros, bolsonaristas mataram apoiadores de Lula.

[...] A eleição também revelou outra tendência. O próximo Congresso que foi eleito deu uma guinada ainda mais forte para a direita. Os candidatos bolsonaristas ao Senado e à Câmara obtiveram resultados muito bons, incluindo alguns de seus ex-ministros.

Até o ex-juiz Sergio Moro, que condenou Lula em 2018 a uma longa pena de prisão usando métodos ilegais (Lula passou 19 meses preso), foi eleito senador. O ultradireitista Partido Liberal (PL) de Bolsonaro será a bancada mais forte, num Congresso fragmentado com mais de 30 partidos.

Caso Lula ganhe o segundo turno, o que tudo indica no momento, ele terá que lidar com um Congresso conservador de direita, com o qual terá dificuldade de fazer acordos. Já se fala da ameaça da ingovernabilidade. [...]

Deutsche Welle

Lula pode até ganhar, mas o bolsonarismo já venceu




Eleição de Damares Alves e de outros ex-ministros do presidente Jair Bolsonaro mostram vitalidade da direita

Por Marcelo Godoy (foto)

O petista Luiz Inácio Lula da Silva pode até vencer a eleição presidencial, mas seu governo terá de conviver com um Congresso ainda mais bolsonarista do que o eleito quando o chefe da extrema direita se tornou presidente em 2018. Não é só o Senado que terá diversos ex-ministros do governo de Bolsonaro, muitos deles figuras carimbadas nas lives presidenciais dos últimos três anos e meio. O eleitor também escolheu nas listas do PL, do PP e do Republicanos deputados identificados com a ala mais estridente do atual governo.

Em São Paulo, a deputado federal Carla Zambelli está reeleita. Não só ela. O filho do presidente Eduardo Bolsonaro e o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles também garantiram cadeiras no Parlamento. Em Santa Catarina Jorge Seif, ex-secretário da Pesca, está eleito senador em Santa Catarina. No Rio de Janeiro, o general Eduardo Pazuello, o ministro da Saúde responsável pelo desastre da condução do combate à covid-19, é o deputado federal mais votado do PL.

Acuado pela direita, Lula também será acossado pela esquerda. Em São Paulo, não são os candidatos de alas moderadas do PT ou do PSB que estão entre os mais votados. É justamente Guilherme Boulos, do PSOL, quem lidera à esquerda. No Rio, o fenômeno se repetiu: Taliria Petrone e Tarcísio Motta, ambos do PSOL, ficaram entre os campeões de voto. Lindbergh Farias (PT) apareceu em oitavo entre os mais votados.

Sendo assim, um eventual governo Lula e seus planos de uma grande aliança com o centro ficaria espremido entre os dois extremos que foram as escolhas dos eleitores no Parlamento. Nos governos estaduais, a situação de Lula não é melhor. Tarcísio Freitas (Republicanos) chega ao segundo turno com uma votação enorme, e como favorito diante de Fernando Haddad (PT) - Tarcísio, porém, terá uma Assembleia com uma forte presença da esquerda, se ganhar. Ou seja, uma aliança com os governadores, como procurava Lula para reformas como a tributária, também será difícil.

Por fim, a esperança de fazer um governo mais ao centro para produzir consenso e, assim, poder governar em razão de a esquerda ficar longe da maioria e mesmo dos 180 deputados para impedir qualquer tentativa de impeachment fica mais distante em função do desastre colhido pelo PSDB, pelo Cidadania e pelo MDB nessa eleição. Destituído de sua principal base – São Paulo –, o PSDB perde a sua relevância na cena política nacional, levando para o fundo das águas o sonho petista de reeditar no País uma Concertación, a coalizão que governou com estabilidade o Chile após o fim do governo de Augusto Pinochet.

O Estado de São Paulo

Confirmado o segundo turno polarizado, é hora de cobrar propostas dos candidatos.




No lugar de propostas, o que os dois candidatos apresentaram antes do 1º turno foi um concurso de quem conseguiu convencer melhor que o adversário era o mais feio, o mais sujo e o mais malvado. 

Por Diogo Shelp (foto)

A votação do 1º turno deste domingo (2) confirmou a polarização entre Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL). Não apenas em nível nacional, na disputa para a presidência da República, como também na corrida para os outros cargos, principalmente para o Poder Legislativo. A terceira via derreteu até mais do que previam as pesquisas, mostrando que não há espaço para nada entre os dois extremos políticos. É hora, então, de fazer no 2º turno algo que passou batido na campanha até agora: cobrar dos candidatos a discussão de propostas para o país.

O que se viu na campanha para o 1º turno foi uma antecipação da 2º volta, com a antecipação do voto útil, pautado na rejeição a um dos dois candidatos. Lula pediu e trabalhou para receber já neste domingo o voto dos eleitores de Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB), mas quem de fato conseguiu antecipar os votos de segunda opção foi Bolsonaro, impulsionado pelo medo de parte dos eleitores da terceira via de que o petista vencesse o pleito já no 1º turno. Sim, porque os cidadãos que preferiam os candidatos antipolarização dividem-se na hipótese de não haver outra opção além de Lula e Bolsonaro — como, aliás, a partir de agora não há.

Na busca pelo voto útil, pela antecipação do 2º turno, Lula e Bolsonaro exploraram a rejeição ao adversário, deixando de lado a discussão de propostas de governo. Isso ficou evidente no último debate presidencial na TV Globo, na quinta-feira (29). Sobraram ataques mútuos e faltaram ideias e soluções para os problemas do país.

Foi assim ao longo de toda a campanha até agora. Bolsonaro realçou os aspectos positivos de seu governo até agora, o eleitoreiro e temporário aumento no valor do Auxílio Brasil, a redução no preço dos combustíveis e a retomada da economia neste segundo semestre, mas pouco ou quase nada falou sobre os desafios de um segundo mandato e sobre o que planeja para enfrentá-los.

Lula, por sua vez, fez campanha em torno do projeto do cheque em branco. Assina aqui, eleitor, que as propostas eu preencho depois. Lula disse que só falaria de suas pretensões na área econômica depois de eleito, reconheceu que não sabia o que fazer para criar novos empregos para os brasileiros e prometeu, mas nunca divulgou, um documento detalhado com seu plano de governo.

No lugar de propostas, o que os dois candidatos apresentaram antes do 1º turno foi um concurso de quem conseguiu convencer melhor que o adversário era o mais feio, o mais sujo e o mais malvado.

Tudo leva a crer que esta vai ser a toada também do 2º turno. Lula vai explorar a rejeição a Bolsonaro por sua gestão desastrosa da pandemia, por sua postura intolerante com as vozes dissonantes e por suas ameaças à democracia (que não se confirmaram em relação ao sistema de votação porque, afinal, foi por meio desse sistema que o bolsonarismo elegeu uma bancada recorde do Congresso). Bolsonaro vai seguir explorando o repúdio a Lula por suas conexões com regimes autoritários da América Latina e pelos escândalos de corrupção nos governos do PT.

Mas nada disso é novidade para os eleitores. A campanha de 2º turno, confirmada a polarização apontada pelas pesquisas, é uma oportunidade para cobrar dos candidatos algo que não fizeram até agora: um debate sério, com propostas concretas, para os problemas nacionais.

Gazeta do Povo (PR)

Eleições 2022: 'Votação mostra que reação conservadora não está se esgotando como se pensava', diz professor de Harvard




Jair Bolsonaro (PL) teve votação mais expressiva do que indicavam as pesquisas

Por Rafael Barifouse, em São Paulo

A votação do primeiro turno das eleições de 2022 pode ter sido surpreendente se comparada aos resultados das pesquisas, mas o historiador Sidney Chalhoub (foto) diz que não foi inesperada quando se pensa a longo prazo.

O professor de História e Estudos Africanos e Afro-Americanos da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, diz que, desde 2013, o país atravessa a terceira grande reação conservadora de sua história. "Mas as urnas mostram que ela não está se esgotando como se pensava."

O historiador faz paralelos entre o momento atual com dois outros períodos em que houve uma grande reação de cunho conservador. O primeiro, afirma Chalhoub, foi ainda no século 19, quando o Brasil aboliu a escravidão.

"A classe senhorial ficou bastante irritada com o apoio da monarquia a isso (abolição), principalmente onde a escravidão ainda tinha força econômica, nas Províncias de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, as que mais se opuseram à emancipação", afirma o professor.

"O conservadorismo senhorial insistiu na escravidão até o fim e, depois, deu o troco na monarquia, que defendia a escravidão, mas, no final, se convenceu da necessidade de transformação social e pagou caro por isso." No ano seguinte à abolição da escravatura em 1888, foi proclamada a República.

Golpe

O segundo momento, diz Chalhoub, se deu no final da primeira metade do século 20, quando houve o reconhecimento formal dos direitos dos trabalhadores e da criação da Justiça trabalhista.

O historiador explica que o Estado passou a ser a partir de então, por meio do Judiciário, um árbitro das relações de trabalho, e o trabalhador, especialmente aquele ligado à classe industrial e operária, passou a ter a possibilidade de obter ganhos reais, contrariando os interesses empresariais.

"Houve uma reação forte do empresariado, que viu seu poder ser diminuído e reclamou que estava perdendo autoridade moral sobre os trabalhadores em uma época em que ainda vigorava uma relação de paternalismo que tratava a fábrica como uma família", afirma.

"Quando houve a discussão para estender os benefícios aos trabalhadores rurais, isso parece ter sido a gota d'água que levou ao golpe de 1964, que impôs um limite ao reconhecimento dos direitos dos trabalhadores."

Novo mundo

Agora, estamos vivendo uma terceira grande reação conservadora no Brasil, na avaliação de Chalhoub, que tem sua origem na Constituição de 1988, conhecida como "Constituição cidadã", por ter instituído direitos civis de forma inédita até então.

'Bolsonarismo fez demonstração de força através das urnas'

O historiador diz que esse processo se estendeu pelas décadas seguintes com decisões da Justiça que reconheceram direitos de comunidades indígenas e quilombolas, mulheres, negros, pessoas LGBTQIA+, entre outros grupos sociais, e a criação de políticas afirmativas voltadas para esses segmentos da população.

"No período democrático pós-1988, não apenas esses direitos continuam em vigor como foram expandidos, e isso causou uma reação conservadora muito grande a partir de 2013, especialmente na área dos costumes", diz o professor de Harvard.

"O Brasil da Constituição de 1988 foi sepultado com o golpe do impeachment de Dilma Rousseff em meio ao surgimento dessa direita poderosa, de forma bastante coerente com o que já havia ocorrido na nossa história a longo prazo."

Sob essa perspectiva, Chalhoub diz que a eleição de Jair Bolsonaro (PL) em 2018 foi a culminação de um processo iniciado cinco anos antes, na figura de um "líder carismático que tem uma conexão com essas massas de conservadores e simpatizantes da extrema-direita no país".

"Aquilo surpreendeu em 2018 e surpreende agora de novo com uma nova demonstração de força eleitoral da extrema-direita brasileira e não apenas do próprio Bolsonaro", afirma o historiador.

Não apenas o presidente teve uma votação bem acima daquela prevista pelas pesquisas, mas muitos de seus aliados e membros do seu partido foram eleitos para o Congresso e para governos estaduais.

"Precisamos entender o que muda na vontade do eleitor nesse novo mundo em que as redes sociais são mais importantes do que outras formas de fazer campanha eleitoral, porque algo deu errado, e as pesquisas não detectaram esse panorama", afirma Chalhoub.

Os levantamentos apontavam na direção contrária, diz o professor, e indicavam que representantes deste campo político estavam perdendo força e para um possível esgotamento da reação conservadora que teve início na década passada.

Na perspectiva histórica, é esperado que isso ocorra em algum momento porque as outras reações conservadoras se encerraram em algum momento, e o Brasil não voltou a ser escravista ou deixou de ter direitos trabalhistas, afirma Chalhoub.

"A reação conservadora à abolição da escravatura continuou República adentro, a reação que culminou no golpe de 1964 levou a uma ditadura de mais de 20 anos. Essa reação atual vai completar uma década e parecia haver um movimento de esgotamento até pela hecatombe que foi esse governo", avalia.

"Mas essa onda eleitoral indica que não só não se esgotou, mas pode, apesar da sua vocação antidemocrática, sobreviver democraticamente e ter força para influenciar a democracia, porque conta com uma quantidade grande de eleitores. Na verdade, tudo indica agora para uma resiliência e uma continuidade de longo prazo e, agora, nem sabemos se essa reação conservadora será derrotada neste ciclo, e isso surpreende."

BBC Brasil

Imprensa mundial seguiu a brasileira – e acreditou em vitória




De “grandissíssimo favorito” que corria o risco de enfrentar rios de sangue de um golpe avassalador, Lula foi transportado para a realidade. 

Por Vilma Gryzinski

A torcida apaixonada pela vitória do ex-presidente Lula talvez tenha influenciado muitas cabeças do jornalismo tradicional, que pintou um quadro onde um presidente Bolsonaro humilhado chamaria as Forças Armadas – assim, num clique – ou “seus partidários armados”.

O banho de sangue criado na imaginação jornalística não aconteceu, embora a “a campanha tenha sido literalmente coalhada de tiros e esfaqueamentos, perpetrados quase que exclusivamente por bolsonaristas fanáticos” – essa a interpretação algo delirante dada por Euan Marshall para o Telegraph, um jornal, note-se, conservador.

Entre os jornais mais à esquerda, nem se fala. A torcida substituiu os métodos jornalísticos tradicionais e correspondentes estrangeiros fizeram uma coisa muito usada por jornalistas brasileiros, que é ouvir especialistas que apenas confirmem o que eles já concluíram que vai acontecer. O resultado está aí.

Mesmo plantado nessa categoria, o El País, fez uma manchete sintética: “Bolsonaro contradiz todos as pesquisas eleitorais no Brasil”.

Atenção, não erraram as pesquisas, mas o candidato que teimou, imaginem só, em contradizê-las.

No Figaro, onde Lula era “o grandíssimo favorito”, Bolsonaro “criou o elemento surpresa” – embora as pesquisa brasileiras mencionadas o deixem com 38% dos votos no segundo turno, o que o colocaria na situação de ter menos votos na segundada rodada do que na primeira.

O jornal também foi um dos poucos a registrar que “o resultado foi uma decepção para o campo do ex-presidente Lula”, depois de “apostar tudo nos últimos dias por uma vitória no primeiro turno”.

“Foi uma vitória com gosto de derrota” para Lula, disse a Economist, com um resultado muito mais apertado do que as pesquisas previam, o que dá um certo impulso a Bolsonaro no segundo turno. A Economist também tinha feito campanha acelerada contra Bolsonaro, chamando-o de “ameaça para a democracia brasileira”.

“Brasileiros temem que ele possa incitar uma insurreição, talvez como a que a América sofreu quando uma horda de seguidores de Donald Trump invadiu o Capitólio em 6 de janeiro de 2021 – ou talvez pior”, prognosticou sombriamente a revista. Note-se que o sujeito indefinido – “brasileiros temem” – pode justificar qualquer coisa.

Uma votação tranquila, com participação importante, resultado mais apertado do que o antecipado pelas pesquisas, embora amplamente reconhecido entre as partes? Ah, falar em coisas normais não tem o mesmo charme.

O New York Times também maneirou na torcida, com uma manchete direta: “Bolsonaro supera pesquisas e força segundo turno contra Lula”.

“Pesquisadores parecem ter se enganado sobre a força de candidatos conservadores no país. Governadores e congressistas apoiados pelo senhor Bolsonaro superaram as pesquisas, ganhando muitas disputas no domingo”.

O único dos grandes jornais a não apresentar uma imagem não apenas negativa, mas até maligna, de Bolsonaro foi o Wall Sreeet Journal, num editorial publicado antes da eleição.

“O estilo impetuoso e politicamente incorreto e confrontos com o Supremo Tribunal ativista o tornaram um defensor dos tradicionalistas e alvo da poderosa imprensa esquerdista do país”, disse o editorial, trazendo à tona “surpresas positivas”, como o crescimento de 2,4% no primeiro semestre, controle de gastos e melhora do clima de investimentos. Lula, ao contrário, pode aumentar o papel do Estado e insuflar o protecionismo.

Mas o que é isso diante da imagem de incinerador de florestas, o rótulo que pegou em Bolsonaro, por inépcia de uma política externa entregue, em sua primeira fase, a um comando dado ao fabulismo conspiracionista?

“A verdade é que o abjeto e desequilibrado Bolsonaro surpreendeu por como obteve resultados especialmente positivos em todo o país”, escreveu no Página 12, o jornal esquerdista argentino, o colaborador brasileira Eric Nepomuceno. “Excetuando-se o Nordeste pobre, Bolsonaro ganhou em todas as demais regiões. Com exceção de Minas Gerais, o ultradireitista desmentiu todas as pesquisas que indicavam uma vantagem de Lula entre razoável e grande”.

Comparada à primeira eleição, o erro das pesquisas parece até menos grave. Nem se fale na eleição de Donald Trump em 2016. Alguns dos prognósticos que deixaram os apresentadores de televisão engasgado quando a realidade das urnas foi exposta: o Consórcio Eleitoral de Princenton dava a Hillary Clinton 99% de probabilidade de vitória; o Huffington Post, 98%; O New York times, 95%. O FiveThirtyEight, o mais modesto de todos, dava “apenas” 71%.

Lula ganhar com menos do que o esperado e Bolsonaro perder com mais do que o previsto são fato que criam uma realidade que seria interessante para os jornalistas explorarem o que os eleitores de cada parte enxergam de positivo em cada um deles, sem clichês.

É uma esperança praticamente vã. Contra argumentos, não há fatos. E não se deve esperar que a maioria da imprensa tradicional ofereça algo sequer parecido com eleitores normais que optaram por votar em Bolsonaro. O choque do erro nas pesquisas passa em um dia e a torcida será retomada imediatamente, com perda, infelizmente, para os que tentam entender o que está acontecendo.

Revista Veja

O pior dos pesadelos - Editorial




Infelizmente, o 2.º turno terá o embate de dois dos piores candidatos disponíveis. Resta esperar que ao menos respeitem o eleitor, mas, a julgar pelo histórico de ambos, é esperar demais

Eis o que dá confiar em Luiz Inácio Lula da Silva para “salvar a democracia”. Mesmo tendo por adversário Jair Bolsonaro – o presidente que fez por merecer a mais alta rejeição no cargo –, o líder petista mostrou-se incapaz de reunir a maioria do eleitorado em torno de sua candidatura. Agora, o Brasil terá o suplício de mais quatro semanas de uma campanha eleitoral que não apenas foi até aqui a mais desprovida de propostas e ideias da história nacional recente, como entra numa fase ainda mais sofrível, ao resumir-se a dois candidatos que são, cada um a seu modo, a exata antítese do que o País precisa.

Lula e Bolsonaro se merecem, mas o País não os merece.

Não há a mínima condição de mais quatro anos de Jair Bolsonaro. Seu governo foi caótico, conflituoso, desumano e assustadoramente destrutivo. Bolsonaro descumpriu o primeiro e mais básico compromisso de um presidente da República: respeitar e defender a Constituição de 1988. Ameaçou o processo eleitoral, envolveu as Forças Armadas em questões político-partidárias, foi omisso e perverso na pandemia, desorganizou a administração pública, desrespeitou leis fiscais e eleitorais, implodiu o sistema de proteção social, mostrou-se conivente com escândalos de corrupção nas pastas da Educação e da Saúde, fez da gestão do Orçamento público moeda de troca política – subvertendo os critérios de transparência e de eficiência – e usou o aparato estatal para perseguir adversários políticos e beneficiar familiares e amigos, entre outros descalabros. Isso sem falar da sua absoluta falta de decoro no exercício da Presidência. 

Ou seja, Bolsonaro violou quase todos os princípios republicanos e democráticos que este jornal defende desde sua fundação, razão pela qual não podemos considerar adequado para o País que este senhor seja reeleito. Tivesse a Procuradoria-Geral da República ou o Congresso cumprido o seu papel na proteção da lei e do regime democrático, como aliás defendemos em diversas ocasiões nesta página, o candidato do PL estaria hoje inelegível. E o eleitor estaria livre de ser submetido ao pesadelo da recondução do presidente.

Por sua vez, Lula da Silva achou que bastava ter no horizonte a possibilidade de reeleição de Jair Bolsonaro para que o eleitor crítico do presidente apoiasse incondicionalmente a candidatura petista. Não achou necessário apresentar programa de governo nem se comprometer com nenhuma proposta concreta para os próximos quatro anos. Pediu ao eleitor um cheque em branco, coisa que Lula e o PT, como bem se sabe, nunca fizeram por merecer.

O partido de Lula superou-se em desfaçatez. Após ser protagonista dos dois maiores escândalos de corrupção das últimas décadas, quis obter o apoio majoritário do eleitorado sem pedir desculpas à população e, principalmente, sem apresentar o que fará de diferente para que a corrupção não volte. Ontem as urnas mostraram que a tática marota não funcionou. Não basta destacar o caráter tenebroso da gestão de Jair Bolsonaro. O regime democrático exige mais de quem almeja ser o presidente da República.

Se quisesse realmente demonstrar preocupação com a democracia, Lula teria começado por afastar-se, sem meias palavras, dos companheiros ditadores de esquerda na América Latina; teria declarado, sem sombra de dúvidas, seu respeito pela liberdade de imprensa, abandonando qualquer ideia de controlar o que a mídia publica ou deixa de publicar; e teria rejeitado o aparelhamento ideológico da máquina estatal e a condução irresponsável de políticas econômicas, marcas do lulopetismo que acabaram por cindir a sociedade. Mas Lula não fez nada disso e não se deve ter esperança de que o fará algum dia, o que é razão mais que suficiente para que este jornal, igualmente, rejeite o voto neste senhor.

Diante de tal cenário, o que se espera é que os dois concorrentes do segundo turno ao menos respeitem a inteligência do eleitor e mantenham um mínimo de civilidade. A julgar pelo que conhecemos de ambos, infelizmente, é pedir demais.

O Estado de São Paulo

PSDB tem pior resultado da história e sai da eleição quase como nanico

 Segunda, 03 de Outubro de 2022 - 22:00

por Ranier Bragon e Cristiano Martins | Folhapress

PSDB tem pior resultado da história e sai da eleição quase como nanico
Foto: Divulgação

Um dos principais partidos políticos que surgiram nos anos seguintes ao fim da ditadura militar (1964-1985), o PSDB teve o pior resultado eleitoral de sua história neste domingo (2), em mais um capítulo da crise que levou a legenda a, pela primeira vez em sua existência, ficar de fora da disputa à Presidência da República.
 

O partido não elegeu nenhum governador em primeiro turno --disputa quatro estados no 2º turno, em todos largando atrás--, perdeu nas urnas o controle histórico que mantinha sobre São Paulo, também não emplacou nenhum senador e viu sua já pequena bancada de 22 deputados federais ser reduzida a 13.
 

A reportagem procurou, diretamente ou por meio das assessorias, o presidente do partido, Bruno Araújo, os líderes da bancada na Câmara, Adolfo Viana (BA), e no Senado, Izalci Lucas (DF), além de outros tucanos, mas ou não obteve resposta ou foi informada que os parlamentares não dariam entrevistas nesta segunda-feira (3).
 

A crise tucana que descambou no péssimo resultado obtido neste domingo teve como um dos capítulos mais recentes a desistência do então governador João Doria (SP) de disputar a Presidência, em maio, após ficar isolado dentro do próprio partido.
 

O outro tucano que tentava se viabilizar à Presidência, o governador Eduardo Leite, decidiu disputar novo mandato, mas quase ficou de fora do segundo turno no Rio Grande do Sul, tendo obtido 26,81% dos votos válidos, apenas 0,4 ponto percentual à frente do petista Edegar Pretto.
 

Ele enfrentará Onyx Lorenzoni (PL), que teve 37,5%.
 

Em São Paulo, o sucessor de Doria, o governador Rodrigo Garcia, acabou fora do segundo turno, o que encerrará uma hegemonia de quase três décadas no estado.
 

Além de Rio Grande do Sul, o partido vai disputar o segundo turno em Mato Grosso do Sul, Pernambuco e Paraíba.
 

Na Câmara, os tucanos chegaram ao mais baixo nível da história, com a eleição de apenas 13 parlamentares, entre eles Aécio Neves (MG) --ex-presidente da Câmara, governador de Minas e senador, ele também teve agora votação declinante: 85.341 contra 106.702 há quatro anos.
 

Uma dos principais líderes da história do partido, o senador José Serra (SP) não conseguiu se eleger deputado federal.
 

A votação nacional em candidatos tucanos à Câmara despencou de 11 milhões em 2014 para 3,2 milhões agora.
 

Para efeito de comparação, nas eleições deste ano os partidos que não conseguiram eleger ao menos 11 deputados federais entrarão para a categoria dos nanicos, tendo cortadas as verbas públicas a o espaço na propaganda em rádio e TV.
 

Em 1998, ano da reeleição de Fernando Henrique Cardoso, o PSDB chegou a eleger 99 deputados federais. O partido comandou o país de 1995 a 2002.
 

PSDB e Cidadania fecharam em 2022 uma federação, que é a junção de duas ou mais siglas com a obrigação de atuação conjunta por quatro anos, mas o partido parceiro também teve queda --de 8 eleitos em 2018 para 5 agora.
 

No Senado, o PSDB não elegeu ninguém. Como a renovação foi de apenas um terço da Casa (os outros dois terços são só daqui a quatro anos), o partido ainda manterá representação a partir de 2023, mas cairá de 6 para 4 cadeiras.
 

Nos estados, o partido elegeu 54 deputados para as Assembleias Legislativas, um desempenho mediano.
 

Em reportagem publicada pela Folha de S.Paulo em maio, tucanos apontavam como razões para a derrocada, entre outros motivos, o desgaste de cinco derrotas presidenciais seguidas --José Serra, em 2002, Geraldo Alckmin, em 2006, Serra novamente, em 2010, Aécio Neves em 2014 e novamente Alckmin, em 2018--, além da ascensão do bolsonarismo, que absorveu boa parte de seu eleitorado.

Bahia Notícias

Com 5 deputadas federais, Bahia elege maior bancada feminina desde a redemocratização

 Terça, 04 de Outubro de 2022 - 00:00

por Anderson Ramos

Com 5 deputadas federais, Bahia elege maior bancada feminina desde a redemocratização
Montagem: Priscila Melo / Bahia Notícias

A Bahia elegeu a sua maior bancada feminina desde as eleições gerais de 1986. Em 2023, das 39 vagas destinadas para o estado na Câmara dos Deputados, cinco serão ocupadas por mulheres. As estreantes Roberta Roma (PL), Rogéria Andrade e Ivoneide Caetano (PT) se juntam as veteranas Alice Portugal (PCdoB) e Lídice da Mata (PSB).

 

O número representa um aumento de 66% em relação às eleições de 2018, quando foram eleitas três mulheres. Alice e Lídice foram reeleitas no pleito deste ano, enquanto Dayane Pimentel (União) não conseguiu se reeleger.  

 

O histórico mostra que o número de mulheres escolhidas para representar o eleitorado baiano em Brasília têm passado por constantes oscilações. Em 1986, a Bahia elegeu Abigail Fonseca (PMDB) e Lídice da Mata, na época no PCdoB. Na eleição seguinte, em 1990, nenhuma mulher foi eleita. Já em 1994, apenas Simara Ellery (PMDB) passou no teste das urnas.

 

Em 1998 houve um retrocesso, quando o resultado foi o mesmo do início da década, com nenhuma mulher eleita. Já o ano de 2002 marcou a primeira vitória de Alice Portugal nas urnas e junto com ela também se elegeu Zelinda Novaes (PFL).

 

O recorde anterior de mulheres eleitas pela Bahia para a Câmara Federal aconteceu em 2006. Naquele ano, a bancada feminina no estado foi composta por quatro representantes: Alice Portugal, Lídice da Mata, Jusmari (PR) e Tonha Magalhães (PR).

 

Em 2010, a quantidade caiu drasticamente, com apenas uma eleita, que foi novamente a comunista. Em 2014, Alice e Moema Gramacho (PT) se elegeram.

 

BRASIL

A bancada feminina na Câmara dos Deputados cresceu e será composta por 91 mulheres, em 2023. O número corresponde a um aumento de 18% das vagas, já quem em 2018 foram eleitas 77. As mulheres vão representar 17,7% das cadeiras da Câmara dos Deputados. Hoje a representação é de 15%.

 

A bancada feminina terá, pela primeira vez na história da Casa, duas deputadas trans: Erika Hilton (PSOL-SP) e Duda Salabert (PDT-MG) (lembre aqui). As duas já passaram por cargos dos legislativos locais antes de chegar à Câmara dos Deputados, com votações recorde em seus estados.

 

Apesar de ser a maior parte do eleitorado brasileiro, com 52,65%, as mulheres ainda estão longe de ser maioria nas casas legislativas. Segundo a União Interparlamentar (UIP), o Brasil ocupa a 146º posição na participação de mulheres nos parlamentos entre 193 países analisados. Na América Latina, Cuba e México tem melhores desempenhos, com 53,4% e 50% dos assentos parlamentares ocupados por mulheres. Os dados são de agosto de 2022.

Bahia Notícias

Padre Kelmon disfarçou mal e usou roupas e acessórios errados, dizem especialistas

 Terça, 04 de Outubro de 2022 - 07:20

por Guilherme Luís | Folhapress

Padre Kelmon disfarçou mal e usou roupas e acessórios errados, dizem especialistas
Foto: Reprodução / TV Globo

Depois de ter sua credibilidade contestada por candidatos à Presidência no debate da Globo que ocorreu na última quinta-feira, Padre Kelmon virou piada nas redes sociais.
 

Além de ser chamado de "padre de festa junina" por Soraya Thronicke, da União Brasil, o candidato do PTB foi acusado pelo ex-presidente Lula, do PT, de estar fantasiado de sacerdote.
 

As vestimentas de Padre Kelmon não pareceram suspeitas só para Lula. Professor de liturgia no Instituto São Paulo de Estudos Superiores, o Itesp, e na Faculdade São Bento, o padre Antônio Bogaz diz que o candidato é uma imitação malfeita de padres verdadeiros. Segundo ele, o principal erro do candidato foi tentar se vestir com mais requinte do que o necessário.
 

"Faltou uma assessoria, pois, uma vez que ele quisesse representar algo que não lhe é devido, deveria ao menos imitar com certa atenção, considerando que seu objetivo é a enganação."
 

Em sua avaliação, as roupas que Kelmon usou no debate poderiam ter sido utilizadas somente em cerimônias religiosas. Padres da igreja ortodoxa -de onde Kelmon diz vir- costumam usar chapéus cilíndricos com um véu, e não a touca que ele veste.
 

Bogaz afirma que, em celebrações de igrejas ortodoxas, as vestes simbolizam Cristo ressuscitado e, no dia a dia, os padres até usam batina, mas a maioria prefere trajes comuns ou, como diz, "vestes sem modismos e que não pareçam fantasias".
 

É uma avaliação que encontra eco no que diz Rodrigo Coppe, historiador e professor do programa de pós-graduação em ciências da religião da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Em entrevista ao jornal O Globo, Coppe afirma que Kelmon abusa de símbolos reservados a hierarquias mais elevadas da igreja. Ele diz que o máximo que um padre veste são roupas pretas com um colarinho branco, não cruzes e toucas.
 

As suspeitas sobre a credibilidade de Padre Kelmon extrapolaram as redes sociais. A Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia no Brasil publicou no último dia 14 uma nota de esclarecimento dizendo que o candidato não tinha relação nenhuma com a entidade. Ele recebeu 81 mil votos nas eleições deste domingo.
 

Bogaz diz à Folha de S.Paulo que Kelmon pode ser facilmente desmascarado por quem analisa suas vestes, falas, gestos e comportamento. "Não é preciso conhecimento litúrgico profundo. Basta o bom senso para diferenciar o verdadeiro do falso e saber que a igreja ortodoxa não emprestaria seus membros para uma comédia de bufão."

Bahia Notícias

Paulo Afonso: Motorista por aplicativo é preso ao transportar 51 Kg de maconha

 Terça, 04 de Outubro de 2022 - 07:40

por Redação

Paulo Afonso: Motorista por aplicativo é preso ao transportar 51 Kg de maconha
Foto: Divulgação / PRF na Bahia

Um motorista por aplicativo foi preso ao ser flagrado transportando 51 quilos de maconha em um trecho da BR-110 de Paulo Afonso, na divisa dom Sergipe e Alagoas. O flagrante ocorreu na altura do km 3 da rodovia. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF) na Bahia, o acusado dirigia um Fiat/Uno quando fez uma manobra brusca ao avistar uma viatura da corporação.

 

Os agentes então começaram uma busca e conseguiram interceptar o veículo. Na abordagem, os policiais cobraram os documentos e logo depois passaram à vistoria do carro. Os PRFs descobriram que havia 51 kg de maconha em forma de tabletes, acondicionados em duas caixas de papelão.

 

Aos policiais, o motorista contou que era motorista de aplicativo e foi contratado para transportar a encomenda de Paulo Afonso (SP) até Aracaju (SE). Ao final, o homem e a droga foram levados para uma delegacia de Paulo Afonso. O motorista vai responder pelo crime de tráfico  de drogas, que prevê reclusão de até 15 anos.

Bahia Notícias

Nenhum desses bandidos merece meu apoio', diz Soraya sobre 2º turno

 Terça, 04 de Outubro de 2022 - 08:20

por Redação

'Nenhum desses bandidos merece meu apoio', diz Soraya sobre 2º turno
Foto: Carla Fiamini / Assessoria de Imprensa

A candidata derrotada  à Presidência da República, Soraya Thronicke (União), descartou declarar apoio a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno das eleições presidenciais.

 

“Nenhum desses bandidos merece o meu apoio”, escreveu a candidata do União Brasil, no início da noite desta segunda-feira (3/), e sua conta no Twitter. Soraya deu a declaração em resposta a um seguidor que criticou o “papo de isentão” da candidata. Soraya teve que teve 600.953 votos (0,51%), ficando na quinta colocação.

 

Eleita senadora pelo Mato Grosso do Sul em 2018 na onda bolsonaristas, Soraya rompeu com o presidente Jair Bolsonaro (PL) durante a pandemia, criticando seu negacionismo diante da Covid-19.

Bahia Notícias

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