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sexta-feira, junho 03, 2022

Brasil chega sem credibilidade à cúpula de Estocolmo




De protagonista na diplomacia ambiental a pária internacional, país aprofunda isolamento em reedição da histórica conferência de meio ambiente de 1972, na capital sueca.

Por Nádia Pontes

Cinco décadas após sediar a primeira reunião da história sobre meio ambiente e inserir o tema no mundo diplomático, Estocolmo volta a ser palco de discussões a partir desta quinta-feira (02/06), sob um clima mais sombrio.

Em 1972, a então Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, o primeiro grande evento da ONU, trazia à tona as primeiras evidências de que o estilo de vida, principalmente dos países ricos, causava estragos de dimensões planetárias. A poluição, vista como um lado negativo da industrialização acelerada, era considerada o maior problema na época. 

A reedição da conferência na capital da Suécia em 2022, batizada de Estocolmo+50, se situa num contexto mais desconfortável. Passados 50 anos, o diagnóstico atualizado da saúde do planeta vai muito além da poluição: mudanças climáticas e perda da biodiversidade e de espaços naturais entram na lista como ameaças graves ao bem-estar da humanidade.

Embora esteja sob a sombra da guerra na vizinha Ucrânia e todos os seus impactos, como a insegurança alimentar, num mundo que ainda tenta superar a pandemia de covid-19, a reunião tenta recuperar o espírito pioneiro de 1972 e busca um lugar na história do movimento ambiental.

Pelo menos dez chefes de Estado devem comparecer; Jair Bolsonaro não estará entre eles. O Brasil deverá ser representado pelo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, e a secretária de Amazônia e Serviços Ambientais, Marta Lisli Giannichi. 

A expectativa de que a delegação brasileira cause qualquer boa impressão é baixa. "O Brasil do governo Bolsonaro é completamente obtuso em relação à importância ambiental, o que gera isolamento e consome o capital diplomático importante que o país tinha no plano internacional", analisa Celso Lafer, ex-ministro das Relações Exteriores, em entrevista à DW.

Política do isolamento

O isolamento internacional parece ter sido opção do governo Bolsonaro quando o debate se volta para o meio ambiente. Em outras reuniões da ONU, como a Assembleia Geral de 2019, ele criticou o empenho de outros países em iniciativas que visam a preservação da Amazônia e a extensão de terras destinadas aos povos indígenas.

Naquele primeiro ano de seu mandato, Bolsonaro via sua imagem derreter junto à opinião pública à medida que a Amazônia sofria uma das mais severas temporadas de queimadas. A grande repercussão do desastre ambiental foi descrita como "ataques sensacionalistas" pelo presidente, que afirmou na plenária ter "um compromisso solene com a preservação do meio ambiente".

Mas não é o que mostram os dados observados por satélite e divulgados anualmente há três décadas pelo sistema de monitoramento operado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Nos três primeiros anos da gestão Bolsonaro, a alta do desmatamento da maior floresta tropical foi de 52,9% em comparação com os anos anteriores.

"O Brasil perdeu credibilidade, está numa posição defensiva. Não é uma questão ideológica, é uma questão de número. Não tem como negar o aumento do desmatamento, estimulado tacitamente pelo governo, e o desrespeito aos direitos indígenas", comenta Fábio Feldmann, ambientalista com longo histórico de atuação.

Nenhum porta-voz do governo federal respondeu aos pedidos de entrevista da DW Brasil.

Do protagonismo à pária

Meses antes da conferência em Estocolmo, publicações que apontavam o abismo para o qual caminhava a humanidade influenciavam a opinião pública e os rumos das conversas durante o evento. 

Entre os exemplos estão o livro This endangered planet, de 1971, escrito por Richard Falk, e o relatório Limits to growth, de 1972, coordenado pelo Clube de Roma, que projetava que o crescimento econômico e populacional contínuo esgotaria os recursos da Terra e levaria ao colapso global até 2070.

Era o começo da compreensão da crise ambiental – que evoluiu bastante até os dias atuais, analisa Feldmann, amparada pela produção de conhecimento científico na área. "Em 1972 havia uma certa dificuldade dos países de entender a questão ambiental, era um tema novo, por isso houve naquela época essa linha de que tudo se tratava de uma conspiração", argumenta.

Essa teoria, adiciona, não se sustenta em 2022, como tenta manter Bolsonaro. "É impossível negar a realidade hoje. O governo não controla mais toda a informação, a sociedade civil também monitora o desmatamento e os indicadores ambientais, e os cientistas comunicam bem à sociedade os dados que produz", pontua.

O cenário atual parece aquele visto há 50 anos, quando o Brasil vivia uma ditadura militar, era alvo de críticas por violações dos direitos humanos e tinha péssimos indicadores ambientais e sociais. Ao mesmo tempo, chamava atenção pelas riquezas naturais, como a biodiversidade e reserva de água potável.

"A partir de Estocolmo, consolidou-se a percepção internacional de que o Brasil não parecia capaz de preservar esse extraordinário patrimônio. Isto se fortaleceu ainda mais nos anos subsequentes, agravando-se na segunda metade dos anos 80 em razão da repercussão da intensificação das queimadas na Amazônia", escreve o diplomata André Aranha Corrêa do Lago, no livro Conferências de desenvolvimento sustentável.

Naquela ocasião, o posicionamento brasileiro foi visto como bastante atrasado, e chegou-se a falar que o país tentava boicotar a conferência. O Brasil tentava convencer outros países em desenvolvimento de que a reunião em Estocolmo era uma estratégia para impedir a industrialização das nações mais atrasadas – e mais pobres.

"O país não compreendeu a conferência, interpretou de maneira incorreta. Não conseguia entender que a crise ambiental havia chegado para ficar", opina Feldmann.

O legado de Estocolmo

Mas tudo mudou depois da Rio 92 (Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento), cujo processo de candidatura ocorreu quando o Brasil retornava ao regime democrático.

O empenho do país em sediar o evento se devia principalmente à deterioração de sua imagem no exterior, narra Corrêa do Lago em seu livro. Esse fato "vinha sendo acompanhado com preocupação pelo Itamaraty e, principalmente, por suas repartições na Europa e nos EUA, onde o Brasil se tornara o grande alvo de grupos ambientalistas e da imprensa", diz um trecho.

Ministro à época, Celso Lafer afirma que o sucesso da Rio 92 consagrou o tema ambiental de grande peso na agenda internacional. "Ela foi a menos governamental das grandes conferências diplomáticas. Não teve nada de improvisação; muitos documentos foram preparados", detalha.

Para Feldmann, um dado em particular ressalta a mobilização que o debate causou na capital fluminense: "Foram 102 chefes de Estado que compareceram ao Rio de Janeiro. Em Estocolmo, em 1972, foi apenas uma, a primeira-ministra da Índia, Indira Gandhi."

Em resposta à desconfiança da primeira reunião na Suécia, o corpo diplomático brasileiro é apontado como o mais atuante para que o desenvolvimento dos países mais pobres não fosse impedido diante das questões ambientais. Nascia o conceito de desenvolvimento sustentável, que se firmou nas conferências seguintes da ONU. 

"Diante da gravidade do problema, o copo parece muito vazio. Mas do ponto de vista do que se avançou desde então, está meio cheio", classifica Lafer, mencionando entre os legados a criação de órgãos como o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

Apesar de as ações para frear a degradação ambiental em todo o planeta ainda estejam longe da efetividade necessária, Feldmann vê a reedição de Estocolmo como uma celebração. "Ainda precisamos de muito avanço, mas toda essa mobilização em torno da pauta ambiental só reforça o legado da conferência histórica de 1972", opina.

Deutsche Welle

Fome à brasileira - Editorial




Insegurança alimentar no Brasil cresce mais que no resto do mundo, como mostra a FGV; pandemia e guerra só aceleraram um problema que já vinha se agravando

Com a pandemia, a desigualdade, a pobreza e a fome aumentaram no Brasil. Também aumentaram no mundo, e foram agravadas pela guerra de Vladimir Putin e ainda mais por suas ações criminosas, como o bloqueio naval do Mar Negro, o confisco de grãos e maquinários ucranianos e a retenção de estoques na Rússia. O secretário-geral da ONU alerta para um “furacão da fome”.

O paralelo pode servir de desculpa para a resignação e, pior, de pretexto para a inação do poder público brasileiro. Afinal, o Brasil não existe no vácuo e é impotente para alterar o curso das grandes engrenagens planetárias.

Mas dados cotejados do Gallup World Poll pelo pesquisador Marcelo Neri, da FGV Social, comprovam que o problema é bem maior no Brasil. Ele antecede a pandemia, e os efeitos dela no País foram mais profundos.

Entre 2019 e 2021, a parcela de brasileiros a quem, no curso de 12 meses, faltou dinheiro para alimentar a si ou a família subiu de 30% para 36%. Durante a pandemia, a insegurança alimentar no Brasil subiu 4,48 pontos porcentuais a mais do que no resto do mundo.

Mas a pandemia só acentuou um mal que se alastrava. Entre 2004 e 2013, a proporção de famílias em insegurança alimentar caiu 35,2%. Em 2014 o Brasil saiu oficialmente do Mapa da Fome. Mas no mesmo ano, com o fim do superciclo das commodities e, sobretudo, com os desmandos da gestão Dilma Rousseff, a economia embicou para a pior recessão da história recente. Entre 2013 e 2018, as famílias em insegurança aumentaram 62,3%.

Assim, se em 2014 o Brasil estava com níveis de insegurança inferiores a 75% dos 141 países pesquisados pelo Gallup, em 2021 atingiu um nível menor que 52% deles e passou, pela primeira vez na série histórica iniciada em 2006, a ter níveis piores que a média global.

Tudo somado, em 7 anos a fome no Brasil dobrou.

Mas além das medianas, o choque foi brutalmente desproporcional entre ricos e pobres. Entre 2014 e 2021, a insegurança alimentar entre os 20% mais pobres cresceu quase 40 pontos porcentuais (de 36% para 75%), ultrapassando a média global (48%) e chegando a um nível próximo a países com maior insegurança, como o Zimbábue (80%). Enquanto isso, entre os 20% mais ricos a insegurança caiu três pontos (de 10% para 7%), ficando um pouco abaixo do país com menos insegurança alimentar, a Suécia (5%).

Os dados revelam ainda uma “feminização da fome” na pandemia. Entre 2019 e 2021, enquanto a insegurança alimentar caía 1 ponto porcentual entre os homens (de 27% para 26%), ela aumentava 14 pontos entre as mulheres (de 33% para 47%), possivelmente porque as mulheres foram mais afetadas no mercado de trabalho, sendo mais demandadas em casa durante o isolamento social e o fechamento das escolas. A diferença entre gêneros no Brasil é hoje 6 vezes maior do que a média global.

A combinação dessas mazelas é catastrófica. A insegurança alimentar está mais concentrada em indivíduos de meia-idade, mulheres e pobres, que moram em domicílios com maior número de crianças. A fome é um sofrimento infernal para adultos e crianças. Mas a subnutrição infantil deixa sequelas físicas e mentais por toda a vida.

A desgraça é, antes de tudo, humanitária, mas também socioeconômica. Entre outros efeitos, os problemas de alimentação brasileiros estão associados à prevalência de doenças crônicas, baixo desempenho escolar e baixa produtividade no trabalho. A fome no presente depaupera o futuro.

A guerra deve agravar a inflação e a escassez de alimentos no mundo nos próximos meses. Mais uma vez, o problema tende a ser magnificado pelas precariedades econômicas peculiares do Brasil. A inflação de 12 meses chega a 12%, e para a classe mais baixa está 1,9% acima da mais alta. Os juros sobem e o desemprego persiste nos dois dígitos. A estagflação foi pior para os mais pobres e tende a piorar.

A tragédia é ainda mais chocante quando se considera que se passa no “Celeiro do Mundo”. Ou seja: não falta comida no Brasil. Faltam renda, emprego, programas emergenciais e solidariedade. Se há uma pauta primordial para as eleições, é a fome. 

O Estado de São Paulo

Governo Bolsonaro direciona 1 em 5 ambulâncias ao Piauí, reduto de Ciro Nogueira




O ministro Ciro Nogueira e o presidente Jair Bolsonaro 

Municípios de aliados de ministro da Casa Civil estão entre principais beneficiados, segundo dados de 2021

Postado em frente a uma ambulância, o prefeito de Miguel Leão (PI), Roberto Leão (PP), agradece efusivamente pela entrega do veículo.

“Estou aqui em Teresina recebendo essa belíssima ambulância, fruto de emenda do nosso ministro Ciro Nogueira juntamente com nossa senadora Eliane Nogueira. E nós de Miguel Leão só temos a agradecer essa parceria que tem dado certo, que tem ajudado muitos municípios”, diz o prefeito da cidadezinha com cerca de 1.500 habitantes.

Os agradecimentos tanto ao ministro-chefe da Casa Civil do governo Jair Bolsonaro (PL-SP), Ciro Nogueira, e à sua mãe, senadora Eliane Nogueira, ambos do Progressistas, têm se repetido.

Ciro Nogueira é um dos principais líderes do centrão, bloco de partidos que dá apoio ao presidente Bolsonaro no Congresso em troca de cargos e verbas.

O Piauí tem sido inundado por ambulâncias, várias delas distribuídas a aliados do clã Nogueira. Isso tem sido turbinado pelo orçamento das chamadas emendas de relator, que se tornaram um dos principais instrumentos de negociação com o Congresso durante o governo Bolsonaro.

O presidente usa o mecanismo para angariar apoio no Legislativo para pautas do interesse do Planalto. A decisão sobre a distribuição dessas emendas ficou concentrada na cúpula do Congresso Nacional, o que desencadeou críticas pela falta de transparência na alocação dos recursos.

De acordo com sistema do FNS (Fundo Nacional de Saúde), o Piauí teve propostas aprovadas para financiamentos de 123 ambulâncias no ano passado –18% de um total de 683 para o país. É como se quase 1 ambulância de cada 5 financiadas fossem para o estado.

Para se ter uma ideia, Alagoas, com população parecida à do Piauí, teve apenas 11, sempre de acordo com o site do FNS. O estado do ministro também teve mais repasses aprovados para a compra deste tipo de veículo do que as regiões Centro-Oeste, Norte e Sul isoladamente em 2021.

Apenas Eliane Nogueira indicou R$ 8,2 milhões para compra de ambulâncias por meio das emendas de relator, segundo prestação de contas dela —no total, as indicações somam R$ 399,2 milhões.

O valor indicado por ela para ambulâncias daria para comprar 33 veículos do tipo estilo furgão ou 35 modelo pick-up.

Algumas das ambulâncias estão chegando a aliados neste ano, às vésperas da eleição. E a senadora costuma colher os louros políticos dos repasses, ao postar vídeos com agradecimento dos políticos ou anunciando novas cidades beneficiadas.

“Por ser uma área prioritária em meu mandato, fico muito feliz em dar boas novas. O Ministério da Saúde pagou mais de R$ 1,8 milhão em emendas para compra de oito ambulâncias. Elas irão reforçar o atendimento à população”, escreveu a senadora em suas redes sociais.

No post, ela anuncia que as cidades beneficiadas seriam Campo Largo do Piauí, Caxingó, Cocal de Telha, Colônia do Gurgueia, Dirceu Arcoverde, Inhuma, Milton Brandão e Morro Cabeça no Tempo —na época da publicação, apenas uma, a primeira delas, não era governada pelo PP.

Embora nem todas as ambulâncias financiadas no Piauí sejam relativas a emendas do clã Nogueira e aliados, o PP é claramente o partido com mais prefeituras beneficiadas –a reportagem encontrou ao menos 36 veículos aprovados para municípios da sigla apenas em 2021.

Roberto Leão, prefeito da cidade de Miguel Leão, além de ser do mesmo partido do ministro, aparenta grande proximidade política em suas redes sociais. À Folha ele disse que recebeu a ambulância após fazer um ofício pedindo socorro.

“No meu caso, eu fiz uma solicitação através de um ofício. Eu o apoiei para senador então eu posso pedir socorro para o senador, como eu faço com meus deputados federais também”, afirmou Leão.

“Piaui tem três senadores. Como o município que sou prefeito é pequeno, os outros dois senadores nem olham, não tem retorno político”.

Leão afirma que esse tipo de ambulância é uma grande demanda nas cidades do interior, uma vez que não há hospitais em boa parte delas e é necessário fazer transferências constantes.

Ele ainda criticou a saúde estadual, governado pelo PT, atualmente adversário de Nogueira, por não cumprir o co-financiamento da saúde, o que aumentaria a necessidade de os prefeitos buscarem mais recursos.

Em Miguel Leão, a nova ambulância se juntará a uma outra, conseguida em 2017, segundo o prefeito.

Os repasses para compra deste tipo de equipamento acontecem pelo chamado sistema fundo a fundo, no qual o FNS deposita os valores para as compras na conta dos fundos municipais de saúde. Devido à praticidade e rapidez, boa parte das emendas de relator vai parar no FNS.

Para que o valor seja pago, é preciso aprovação da cúpula do Ministério da Saúde, que publica uma portaria. Na prática, é aí que entraria o negociador político do governo, o próprio ministro Ciro Nogueira, que daria o OK para que os empenhos de fato ocorram, segundo políticos ouvidos pela Folha.

Desde que Nogueira assumiu o ministério, o número propostas de ambulância financiadas pelo FNS em seu estado também deu um salto— foram 27 em 2017, 11 em 2018, quatro em 2019, nenhuma em 2020, até chegar a 123 no ano passado, quando o político do PP assumiu o posto no Executivo.

Os modelos contabilizados no levantamento são as chamadas ambulâncias tipo A, as mais simples e mais requisitadas, com valores entre R$ 235 e R$ 249 mil.

Adversário político de Ciro Nogueira no Piauí, o ex-ministro da Saúde do governo Dilma Rousseff (PT) e senador Marcelo Castro (MDB) disse ao jornal O Globo que o ministro chegou a barrar o empenho de recursos indicados por ele.

“Em 40 anos de vida pública, nunca escolhi partido ou parlamentar para destinar recursos, quando ocupei cargos importantes.”

“Quando fui ministro da Saúde, por exemplo, enviei recursos para todos as prefeituras que estavam aptas a receber as verbas do Ministério”, afirmou à Folha, ressaltando que fica feliz com “qualquer destinação de recursos para o Piauí, seja de qual grupo político partir”, devido à carência do estado nesta área.

Um ponto destacado por quem conhece o sistema fundo a fundo turbinado por emendas é que pode abrir brecha para casos como o do deputado Josimar de Maranhãozinho (PL-MA), flagrado com dinheiro e suspeito de desviar recursos da Saúde viabilizados por meio de emendas parlamentares —ele nega.

Para o médico sanitarista e professor da FGV Walter Cintra Ferreira, a análise dos gastos em saúde deveria ser técnica e transparente.

“Quando você distribui um equipamento público, o critério da distribuição deveria ser público e prestando contas por que está mandando ambulância para o município A e não estou mandando para o município B. Essa história das emendas está levando a este tipo de distorção”, diz.

Ferreira afirma que o critério é casuístico e ineficaz.

“Temos um recurso para publicar na saúde que deveria ser realizado de maneira a provocar o melhor impacto possível nas condições da saúde da população e olhando para as condições de desigualdade de cada município. Quando isso é esquartejado pelos deputados e cada um distribui para o seu território eleitoral, é um desserviço”, afirma.

Questionado, o Ministério da Saúde afirmou que todo o recurso liberado “passa por uma rigorosa análise técnica realizada por servidores qualificados das secretarias finalísticas”.

No entanto, a pasta afirma que “não existe nenhuma influência de gestores da pasta nas indicações das chamadas emendas de relator do Orçamento, o que é de competência exclusiva do Congresso Nacional”.

A reportagem procurou o ministro Ciro Nogueira e sua mãe, Eliane, mas não recebeu resposta até a publicação desta reportagem.

POR ARTUR RODRIGUES 

FolhaPress / Daynews

Passado imaginário e futuro distante




A intuição política de Lula e de Bolsonaro domina as respectivas campanhas

Por William Waack (foto)

Talvez os marqueteiros consigam encontrar a “faísca” para as campanhas, mas Lula e Bolsonaro se dedicaram até aqui à improvisação. As falas dos dois líderes nas pesquisas seguem, por enquanto, aquilo que cada um acha que funciona, e são dirigidas sobretudo aos já convertidos. Obedecem claramente às respectivas intuições.

Curioso notar que dentro das duas campanhas há dúvidas sobre a eficácia das falas de ambos, tidos pelos respectivos seguidores como infalíveis. Os profissionais da política no Centrão queixam-se de que os ímpetos antidemocráticos por parte de Bolsonaro não estão trazendo benefícios eleitorais. Mesmo considerando o fato de que acusar o STF de impedi-lo de governar, e de favorecer o adversário, encontre forte ressonância muito além do bolsonarismo raiz.

Os profissionais de campanha do PT confessam que faria bem a Lula uma “tutela” – que ele recusa – quanto ao uso de temas de apelo restrito a círculos de esquerda universitários. Para não falar da utilização das ferramentas digitais, nas quais o bolsonarismo está ganhando do lulopetismo. Ser velho na política não é necessariamente um fator negativo, mas os conselheiros políticos de Lula (aliás, vários ao redor dos 70 anos de idade) dizem em particular que ele por vezes soa desgastado.

Ocorre que Lula e Bolsonaro chegaram a um ponto na trajetória de vida política e pessoal no qual ficou difícil que ouçam conselhos. Ou que possam ser “reinventados” por algum marqueteiro genial.

Por sabedoria política, intuição, preguiça mental ou circunstâncias que mudam em questão de horas (ressonância nas redes sociais), ambos têm se esquivado de qualquer debate abrangente ou de profundidade. Era um fato inevitável diante da principal característica na qual afundou a eleição de outubro: cada um dos dois principais personagens assumiu a mesma postura de ser “o bem” contra “o mal”.

Lula pode se dar ao luxo de parecer pouco focado e sem a preocupação de postular novas ideias em qualquer setor. Os ventos que o empurram são poderosos, embora não o controlem: é o sentimento geral de que a vida está piorando, carestia aumentando, sem que o governo tivesse encontrado até aqui um paliativo convincente mesmo arrebentando a boca do cofre ou dominando redes sociais – prova de que a popularidade digital não é igual a popularidade na vida real.

O grande quadro é que permite ao favorito nas eleições defender a volta a um passado que é pura imaginação. Seu adversário, correndo o risco de perder já no primeiro turno, oferece um futuro que deixou mais distante.

O Estado de São Paulo

Questão de prioridades




Por Merval Pereira (foto)

Quando o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, anunciou que “apertaria” o governo federal para que adotasse uma política de subsídio a fim de tentar reduzir o preço dos combustíveis ao consumidor final, estava dado o sinal de que as prioridades de deputados, e certamente senadores, às vésperas das eleições de outubro são relacionadas a atos populistas que nada têm a ver com políticas públicas ou programas de governo.

Segundo Lira, a medida é “importante, todo mundo está fazendo. Os governos dos países mais avançados estão dando subsídio para a alta dos combustíveis, que é um problema mundial e interfere na vida de qualquer brasileiro”. Ele apenas não lembrou que o governo brasileiro já teve um programa de incentivo ao etanol e, se tivesse seguido em frente, poderíamos hoje ter um combustível menos poluente a preços mais baixos, pois não dependeríamos do preço do barril de petróleo no mercado internacional.

Ao contrário, já poderíamos ter uma produção de etanol que ganharia o mercado internacional. Os carros flex, uma inovação que já estava bastante avançada no Brasil, agora ganham escala internacional na indústria automobilística. O presidente da Toyota apresentará ao presidente Bolsonaro as novidades de sua companhia, entre elas um carro flex, além de um elétrico. Essa nossa defasagem tecnológica num campo em que éramos pioneiros, com abundância de terra para plantar cana-de-açúcar, não é culpa de Bolsonaro, é verdade.

Com a descoberta do pré-sal, o governo Lula embriagou-se com o petróleo, imaginou que seríamos uma Arábia Saudita e descuidou do combustível do futuro. Também temos boas condições para a energia eólica, à base do vento, mas buscar energias renováveis não é uma prioridade do governo, que agora, em ano eleitoral, subsidiará a gasolina das classes média e alta e o diesel dos donos de caminhão, um evidente movimento populista que não tem nada a ver com os interesses do país no futuro.

Mas, voltando ao “aperto” que Lira quer dar no governo, esse é apenas mais um sinal de que quem dá o norte das prioridades governamentais são os políticos do Centrão, neste momento mais interessados em se viabilizar nas eleições do que em apoiar programas que liguem o país ao futuro. Ao contrário, parecem mais interessados em que as coisas fiquem como estão.

Apenas seis das 45 propostas enviadas pelo governo ao Congresso no último ano foram adiante, embora ele tenha, em teoria, o controle da maioria. É uma mostra de como o Congresso domina a pauta do governo, de que o Executivo não tem mais força para levar adiante as suas prioridades. Do grupo aprovado, duas interessavam ao governo diretamente: o ICMS do diesel e o Auxílio Brasil, que virou permanente. Mas interessavam também aos parlamentares, por isso foram aprovadas.

As outras pautas importantes para o governo, como privatização dos Correios ou liberação de armas, ficaram na gaveta, não acontecerão porque não são prioritárias para deputados e senadores. No caso das armas e de outras pautas de costumes, ainda bem que a maioria não está preocupada com elas. A definição do que seja prioritário passou a ser da Câmara, e são os ministros que procuram os congressistas para obter apoio a suas medidas.

Não seria criticável se o Congresso não estivesse em modo populista permanente. Depois de julho, quando todos saem para fazer campanhas, e por causa da legislação que proíbe qualquer tipo de medida governamental que possa ser interpretada como eleitoral, pouca coisa acontecerá. Faltam dois meses para assuntos importantes ao governo serem aprovados, e não há mobilização para isso.

Agora mesmo já estão todos mais envolvidos com suas campanhas que com assuntos do governo. Se já estivesse em vigor a lei que proíbe medidas governamentais que possam interferir nas eleições, essas decisões populistas de aumento de gastos não estariam sendo aprovadas. Todo candidato a presidente da República quer preços baixos e inflação controlada, mesmo que por meios artificiais, como controle de preços e subsídios. Mas governos que pensam no longo prazo não caem na tentação imediatista apenas para ganhar eleição. Mesmo porque o que Bolsonaro está fazendo é um tiro no próprio pé, caso seja reeleito. Mais parece que está empenhado em complicar o governo do sucessor. Por isso foi criada a Lei de Responsabilidade Fiscal: para impedir que os incumbentes arrasassem os cofres públicos para eleger seus sucessores ou para atrapalhar a próxima administração oposicionista.

O Globo

As novas armas enviadas pelos aliados à Ucrânia




Quase todos os dias o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, pede armas mais poderosas a seus aliados. Agora alguns países anunciam que vão entregar mais sistemas armamentistas, inclusive EUA e Alemanha.

Por Jan D. Walter

É consenso entre os especialistas militares que a batalha por Donbass só pode ser vencida com armas pesadas. Para reduzir a superioridade numérica do exército russo, os aliados ocidentais têm fornecido milhares de armamentos e munições para a Ucrânia. Mas uma coisa é clara: o país não poderá continuar se defendendo se a entrega de armas parar.

Ao mesmo tempo, a Otan não quer arriscar uma guerra com a Rússia. Moscou tem repetidamente enfatizado que os envios de armas podem ser considerados também um ataque – especialmente se os equipamentos se prestarem a atacar o território russo. É por isso que os países que apoiam a Ucrânia avaliam com muito cuidado que armamentos fornecer a Kiev.

Estados Unidos

Isso ficou claro mais uma vez no fim de maio, quando o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou que atenderia ao pedido de Kiev, fornecendo sistemas lançadores de foguetes às Forças Armadas ucranianas. Em termos concretos, eles devem ser sistemas de foguetes de lançamento múltiplo do tipo MLRS (Multiple Launch Rocket System) ou a versão mais leve, Himars (High Mobility Artillery Rocket System).

Ambos são plataformas móveis que podem disparar uma variedade de mísseis. A principal diferença, porém, é que no Himars o lançador de mísseis é montado num caminhão blindado – em vez de num veículo com tração por lagartas. Embora os veículos com pneus tenham limitações de mobilidade em terrenos irregulares, eles consomem significativamente menos combustível e são mais leves, o que facilita seu transporte em aviões.   

'Lançadores de foguete do tipo Himars oferecem muita mobilidade'

Ambos os sistemas são capazes de disparar mísseis de médio alcance que atingem seus alvos a várias centenas de quilômetros. Porém o governo americano enviará apenas mísseis com alcance máximo de 80 quilômetros, para repelir ataques russos no território ucraniano. Um sistema de radar dos EUA para ajudar a localizar artilharia inimiga também deverá ajudar Kiev nos combates contra as forças russas. Washington diz que a Ucrânia se comprometeu a não usar as armas para atacar o território russo.

Desde o início da "operação militar especial" russa, os EUA têm sido de longe o maior fornecedor de armas para a Ucrânia. Em particular os sistemas de mísseis antitanque Javelin e antiaéreos Stinger podem ter sido fundamentais para estancar a invasão russa na fase inicial.

Para a batalha em campo aberto no Donbass, os EUA e outros países da Otan também forneceram helicópteros de combate e obuseiros de calibre 155 milímetros do padrão Otan. Agora também deverão ser entregues outras unidades desses armamentos.

Alemanha

A Ucrânia e países-membros da Otan acusam a Alemanha de hesitar na entrega de armas, enquanto o país afirma que cumpre os acordos internos da Otan. O fato é que até agora Berlim forneceu à Ucrânia milhares de armamentos menores, como fuzis e minas, e também lançadores de mísseis para destruir tanques, aviões e bunkers, além de milhões de munições. Porém nenhuma arma pesada.

Há algumas semanas, o governo prometeu entregar 50 tanques antiaéreos Gepard antes desativados e sete obuseiros autopropulsados PzH 2000. Estes podem – ao contrário dos obuseiros puxados por veículos – mudar de posição de modo autônomo após cada disparo.

O chanceler federal alemão, Olaf Scholz, anunciou recentemente a entrega do sistema de defesa aérea Iris-T de última geração e de um radar de rastreamento ultramoderno que pode detectar artilharia inimiga. Além disso, a Alemanha fornecerá quatro lançadores múltiplos de foguetes dos estoques da Bundeswehr (Forças Armadas alemãs).

'Alemanha quer enviar foguetes Iris-T para a Ucrânia'

A entrega de armamentos ocidentais à Ucrânia muitas vezes implica um problema: os soldados ucranianos não estão familiarizados com a maioria deles. Embora breves instruções bastem para equipamentos mais simples, o treinamento para sistemas complexos, como o tanque antiaéreo Gepard, pode levar várias semanas ou até meses, segundo especialistas.

Essa é uma das razões por que a Alemanha opta pela assim chamada entrega circular ou trocas de armamentos em três vias. Um exemplo: República Tcheca, Eslovênia e Grécia entregam para a Ucrânia tanques de origem soviética e veículos blindados; e Berlim repassa para estes países tanques Marder e Leopard 2 dos estoques de suas Forças Armadas.

Dinamarca

Os combates não ocorrem apenas na região do Donbass. A frota russa do Mar Negro também está sitiando a costa sudoeste da Ucrânia. Até agora, a Ucrânia tem protegido Odessa e outras cidades costeiras sobretudo com minas navais. Caso contrário, o litoral ficaria basicamente exposto a uma invasão a partir do mar, já que a própria Marinha ucraniana não possui uma frota significativa.

Prometidos pela Dinamarca, os mísseis antinavio Harpoon melhorariam significativamente as chances de defesa da costa ucraniana no Mar Negro e poderiam até mesmo quebrar o bloqueio naval russo que interrompe o comércio nos portos ucranianos.

Reino Unido

O governo britânico afirma ter entregado à Ucrânia uma gama de armamentos. Estes incluem vários lançadores de mísseis portáteis que, como o Javelin e o Stinger, podem ser usados ​​por soldados de infantaria contra alvos aéreos e terrestres após um breve briefing. Mas também foram enviados para o Exército ucraniano sistemas de mísseis mais pesados, ​​que podem ser lançados de veículos ou do solo.

De acordo com o ministro das Forças Armadas, James Heappey, centenas de mísseis Brimstone-1 – que podem destruir tanques, posições de artilharia, mas também barcos levemente blindados – devem ser igualmente entregues à Ucrânia.

Além disso, Londres planeja o envio de 120 veículos blindados de transporte de tropas do modelo Mastiff, com forte blindagem contra minas, bem como pequenos drones de transporte para fornecer alimentos e munições aos soldados no front de batalha.

'Holanda promete à Ucrânia obuseiros autopropulsados PzH 2000'

República Tcheca

A República Tcheca já forneceu à Ucrânia um número desconhecido de veículos blindados de transporte de soldados, tanques, vários lançadores de mísseis e obuseiros, além de helicópteros de combate soviéticos. E aparentemente o país quer entregar mais armas pesadas às Forças Armadas ucranianas. Para a ministra da Defesa Jana Cernochova, a continuidade na entrega de armamentos é importante.

Armamentos de outros países

De acordo com especialistas, outros países – como Canadá, Itália, Grécia, Noruega e Polônia – planejam fornecer à Ucrânia sistemas de artilharia, incluindo dezenas de milhares de munições. Assim como a Alemanha, a Holanda tencionam entregar vários obuseiros autopropulsados PzH 2000.

Tanto os obuseiros M777 – que são comuns na Otan – quanto os obuseiros autopropulsados PzH 2000 disparam diversos tipos de munição, tais como de fragmentação, fumaça multiespectral ou projéteis explosivos "comuns" com o calibre adotado pela Otan. O PzH 2000 pode usar projéteis que atingem alvos a até 40 quilômetros de distância; enquanto o alcance máximo dos mísseis usados pelo M777 é de 25 quilômetros.

Deutsche Welle

Merkel rompe silêncio e condena invasão russa da Ucrânia




Em seu primeiro discurso público em seis meses, ex-chanceler federal repudia guerra de agressão contra Ucrânia e diz apoiar a atuação do atual governo alemão e do Ocidente em relação a Moscou.

A ex-chanceler federal alemã Angela Merkel rompeu nesta quarta-feira (01/06) seu  silêncio e classificou o ataque russo contra a Ucrânia como "uma violação flagrante" do direito internacional e uma "ruptura profunda" na história da Europa depois da Segunda Guerra Mundial.

Em seu primeiro discurso público em seis meses, Merkel, que tem se mostrado relutante em se manifestar publicamente, expressou sua solidariedade à Ucrânia, afirmando que o país "foi atacado e invadido pela Rússia" e que apoia seu "direito à autodefesa". 

Apoio ao atual governo

Merkel disse apoiar também os esforços empreendidos pelo atual governo alemão, liderado por Olaf Scholz, assim como o papel da União Europeia, dos Estados Unidos e aliados da Otan, do G7 e também da ONU, "para garantir que se pare esta bárbara guerra de agressão da Rússia".

As declarações de Merkel foram feitas diante de 200 convidados em um evento de despedida realizado em Berlim para o líder sindical Reiner Hoffmann, que recentemente deixou o cargo de presidente da influente Confederação Alemã de Sindicatos (DGB).

Merkel acrescentou que as consequências da guerra serão "de longo alcance", especialmente para o povo ucraniano, mas também para o continente.

Solidariedade é "raio de esperança"

Além disso, ela enfatizou os abusos de direitos humanos perpetrados contra civis em território ucraniano. "Bucha é a representação desse horror", disse.

Em cidades como Bucha e Irpin, atrocidades cometidas vieram à tona após a retirada das tropas russas. As fotos de cidadãos assassinados e relatos de estupros chocaram o mundo. O Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia, na Holanda, enviou investigadores à Ucrânia para investigar supostos crimes de guerra.

Por fim, Merkel afirmou que há "um pequeno raio de esperança" nessa "tristeza infinita", devido ao enorme apoio aos ucranianos que muitos países vizinhos, como Polônia e Moldávia, demonstraram. "Jamais devemos considerar paz e liberdade como garantidas", concluiu a ex-chanceler.

Na próxima semana, em 7 de junho, Merkel deverá fazer um novo discurso político, quando participará de uma mesa redonda em Berlim. Na ocasião, é esperado que a ex-chanceler se expresse mais detalhadamente sobre a Rússia e as relações da Alemanha com o presidente russo, Vladimir Putin, abordando possíveis erros de julgamento durante seus anos como chefe de governo.

Próprios erros

Até agora, Merkel não comentou seus próprios erros. Outros ex-políticos de alto escalão, como o atual presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier – por anos ministro do Exterior de Merkel –, admitiram publicamente sua responsabilidade sobre a política alemã em relação a Moscou. "Eu estava errado", disse Steinmeier publicamente.

Seu ex-ministro do Exterior, o social-democrata Sigmar Gabriel, também reconheceu falhas na política alemã de reconciliação com a Rússia praticada na gestão passada.

Merkel foi repetidamente criticada pelos Estados Unidos e outros países por apoiar o gasoduto Nord Stream 2, projetado para entregar gás russo diretamente para a Alemanha. O sucessor de Merkel, Olaf Scholz, engavetou o projeto após a invasão russa.

Ela também enfatizava a necessidade de continuar conversas com o presidente russo, Vladimir Putin, mesmo após a anexação da Crimeia e do conflito no leste da Ucrânia que levou a sanções ocidentais.

Embora Merkel tenha feito uma breve declaração logo após a invasão da Rússia em fevereiro, dizendo que não havia justificativa para a flagrante violação do direito internacional, seu silêncio desde então vinha provocando surpresa.

Enfrentando críticas de que a Alemanha está fazendo muito pouco para ajudar a Ucrânia, Scholz disse na quarta-feira que a Alemanha vai fornecer ao país o sistema de defesa aérea Iris-T.

Na noite de quarta-feira, a comissão parlamentar do orçamento abriu caminho para que os planejados 100 bilhões de euros de reforço para as Forças Armadas da Alemanha recebam o aval do Parlamento nesta sexta-feira.

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