Tenho saudade dos livros de fábulas. Ou melhor, tenho saudade
dos pais que liam as fábulas com seus filhos e, depois, respondiam os
“por quês” a fim de transmitirem valores nobres. Uma das fábulas era do
Pedro e o Lobo, que contava a história de um moleque mentiroso. Todo dia
ele gritava na aldeia: Olha o lobo! As pessoas corriam socorrê-lo e ele
gargalhava. Até que um dia o lobo apareceu, o menino gritou e ninguém o
socorreu. Virou almoço da fera. Moral da história, que pode ser
definida por Mahtma Ghandi: “Assim como uma gota de veneno compromete um
balde inteiro, também a mentira, por menor que seja, estraga nossa
vida”.
“Mentira tem perna curta!”, ensinavam
nossos avôs. “Quem fala a verdade não precisa ter boa memória, porque a
história é sempre a mesma” – orienta o provérbio lusitano. Entretanto as
mentiras correm soltas. Porque muita gente não tem papas na língua e
fala sem pensar, conforme escreveu Machado de Assis: “A mentira é muitas
vezes tão involuntária como a respiração”. Mesmo tendo o mais famoso
dos escritores, William Shakespeare afirmado: “As pequenas mentiras
fazem o grande mentiroso” e o grande líder norte-americano Abraham
Lincoln ter reforçado: “Nenhum mentiroso tem uma memória suficientemente
boa para ser um mentiroso de êxito”.
Por isso,
tome cuidado com sua língua. Ela é faca com dois gumes. O feitiço vira
sempre contra o feiticeiro. Como nesta história verídica que vou contar
agora, mas, por respeito aos envolvidos, “conto o milagre, mas não conto
o santo”.
Um conhecido e bem sucedido
empreendedor sorocabano, engenheiro formado pela Fundação Álvares
Penteado, assistia palestra do diretor da escola que, ao vê-lo,
disparou: “Ele alugou um elefante no circo e entrou na faculdade montado
nele”. Todo mundo riu. E o sorocabano foi cumprimentado pelo gesto
audacioso. O diretor havia se enganado com o autor da façanha, mas não
foi desmentido pelo ex-aluno. Diante do sucesso da história, daí em
diante o engenheiro sorocabano sempre mentia que invadiu a Álvares
Penteado montado num elefante.
Certo dia, ele
foi a São Paulo ao encontro de um investidor para fechar grande negócio.
Estava acompanhado de outro famoso empreendedor imobiliário sorocabano.
Foram recebidos num escritório luxuoso. Ambiente amável, muitos
sorrisos, negócio quase fechado quando o engenheiro aleatoriamente
disse: “Sou formado aqui em São Paulo e fiquei famoso porque entrei na
escola montado num elefante!” O investidor, então, o interrompeu: “Um
momento!” Saiu da sala por alguns minutos e voltou com um enorme quadro,
onde estava reproduzida a foto da primeira página de um jornal
paulistano, com ele montado no elefante.
E
afirmou aos sorocabanos: “Fui eu quem fez isto!” Resultado: não houve
negócio. Houve apenas vexame. Na realidade, o investidor havia sido o
autor da façanha um ano antes do sorocabano entrar na Álvares Penteado.
Erasmo
Carlos, o “Tremendão”, já versou: “Pega na mentira/ Pega na mentira/
Corta o rabo dela/ Pisa em cima/ Bate nela/ Pega na mentira...
”
De fato, a mentira é algo terrível. Cláudio Grosso, quando prefeito de
Sorocaba, um dia falou para mim: “O mundo seria muito melhor se não
houvesse a mentira e os mentirosos. É tanta mentira sendo espalhada que a
gente fica com um pé atrás quando alguém vem nos comunicar sobre algo”.
Contudo,
não confunda mentira com brincadeiras ou frases de efeito como esta do
Edgard de Almeida Moura, que mudou seu escritório para o bairro
Campolim, próximo à entrada do Condomínio Isaura e bem em frente do
terreno onde Roberto Carlos lançará o conjunto residencial Emoções.
“Primeiro,
o Zé Menino instalou seu salão nas proximidades. Depois, veio o
escritório do Ricardo Bandeira. Mas, quando o Roberto Carlos soube que
eu estava mudando minha imobiliária aqui, logo tratou de investir na
vizinhança! São tantas emoções!...”
Nota da redação deste Blog - Lendo a presente fábula, lembrei-me logo das inverdades contadas pela candidata sem registro durante o período eleitoral, para seu eleitores.
A primeira foi dizendo a todo mundo que era candidata, não durou muito tempo e a Justiça Eleitoral de Jeremoabo, desmentiu ao indeferir seu registro.
A segunda foi logo após as eleições ao dizer que estava eleita, quando nem os votos aparecerem para serem contados.
Mas a pior de todas foi a terceira bravata, se deslocar até Brasília as custas do dinheiro do povo, para ao chegar lá num Seminário só para prefeitos eleitos, usar um canal de TV para informar que tinha sido eleita, quando na realidade nem registro possuía.
Tudo indica que avisaram ao reporter da TV que havia sido enganado, que aquela senhora não era prefeita, talvez estivesse atravessando algum surto ou psicose de prefeita eleita.
Diante do desmentido, retiraram a matéria do ar e dos arquivos.