Bela Megale
O Globo
A lista de 37 indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado deixou de fora um dos militares que chegou a despontar como um dos ministros mais poderosos do governo Bolsonaro, o general da reserva Luiz Eduardo Ramos.
Ramos entrou no governo como ministro-chefe da Casa Civil, mas, em 2021, foi desalojado em um movimento de Bolsonaro para fidelizar o Centrão. Ele passou para o comando da Secretaria-Geral da Presidência, deixando o posto da Casa Civil para Ciro Nogueira (PP-AL).
FALAVA DEMAIS – O general, porém, tinha fama de falar demais, o que lhe levou a ter muitos desafetos na Esplanada, entre eles o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que chegou a lhe dar a alcunha de “Maria Fofoca”.
Ex-integrantes do governo Bolsonaro relataram à coluna que foi justamente a fama de fofoqueiro que fez ele ficar de fora de debates sobre os planos de golpe.
Como revelou a investigação da Polícia Federal, o general Mário Fernandes, número dois de Ramos na Secretaria-Geral, foi um dos articulares do plano de golpe que incluía o assassinato do presidente Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
BLINDAR BOLSONARO – Na decisão que determinou a prisão de Fernandes, o ministro chegou a citar o nome de Ramos e a expor mensagens do militar encaminhadas ao então chefe.
A PF mostrou que, entre os dias 15 e 16 de novembro de 2022, Fernandes enviou um áudio pedindo para Ramos “blindar” Bolsonaro contra o desestímulo de apoio ao que chamou de “atos antidemocráticos”, em referência aos acampamentos em frente aos quartéis.
Ele também enviou conteúdos para estimular o discurso de que houve fraude na eleição. Ramos não faz parte do rol de indiciados.