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sábado, outubro 19, 2024

PT perde apoio nas bases, mas ganha nas elites e vira um partido indefinido

Publicado em 18 de outubro de 2024 por Tribuna da Internet

PT quer saltar de 4 para 20 prefeitos em São Paulo em 2024

PT envelheceu e perdeu seu espaço na campanha de rua

Maria Hermínia Tavares
Folha

Mesmo sem os resultados do segundo turno em 52 cidades, entre elas 15 capitais, muito já se discute sobre perdas e ganhos partidários. Poucos, no entanto, discordam de que o PT, até o momento, tem pouco a comemorar, mesmo que seus candidatos em São Paulo e em outras quatro capitais continuem no páreo. Isso, embora o partido de Lula tenha aumentado o número de cidades que governará – de 182 em 2020 para 248 municípios, por enquanto.

Esse ganho, além de modesto, não esconde dois fatos incômodos para a agremiação. O primeiro é que seu desempenho em eleições municipais nunca foi lá aquelas coisas. O centro e as direitas sempre predominaram na base do sistema político brasileiro, tanto nas votações para prefeito e vereadores, como naquelas que definem quem ocupará as cadeiras da Câmara dos Deputados.

AUGE EM 2012 – De resto, a relação entre os resultados das eleições municipais e para o Congresso, bem como o predomínio das forças conservadoras, impõem ofuscantes limites ao que podem fazer governos progressistas. De toda forma, a curva de crescimento petista nos municípios, que chegou ao auge em 2012, sofreu brutal inflexão na rodada seguinte, passados quatro anos.

A queda registrada em 2016 marcou o segundo fato incômodo para a agremiação do Presidente Lula: a sangria de votos nas cidades maiores – e não só nas capitais. Esse fenômeno está primorosamente documentado no livro “O Brasil Dobrou à Direita”, (2020) do cientista político Jairo Nicolau (FGV-RJ).

O partido minguou nos grandes centros urbanos perdendo espaço para as forças direitistas, cuja primazia foi confirmada na fala das urnas de 6 de outubro último. Ou seja, uma parte dos setores populares das cidades, que, no passado, deu lastro eleitoral ao PT, desgarrou-se.

ESQUERDA BRÂMANE – O economista francês Thomas Piketty cunhou a expressão “esquerda brâmane” para descrever o processo de transformação dos partidos progressistas franceses, outrora enraizados na classe operária, em agremiações de eleitores de alto nível educacional e robusto capital cultural.

Impossível não pensar em Piketty ao observar a distribuição espacial dos votos de Guilherme Boulos (PSOL) em São Paulo, sua concentração nos “bairros brâmanes” do centro e do oeste da cidade, e a perda expressiva de votos em antigas fortalezas eleitorais petistas.

O PT nasceu da confluência de lideranças sindicais do operariado e do setor público; dos movimentos sociais urbanos; das organizações de base da Igreja Católica; de militantes da esquerda convertidos à causa democrática; e de intelectuais progressistas das universidades públicas. E a legenda se lançou na contenda eleitoral com uma vigorosa agenda de direitos sociais e redistribuição de renda.

NOVA REALIDADE – O Brasil de hoje é bem outro, transformado pelas reformas econômicas, que domaram a inflação, e pelas reformas sociais que o PT aprofundou, quando não iniciou.

Mas também, pelas mudanças sem volta no mundo do trabalho; pela expansão das universidades privadas; pela transição religiosa que aprofundou o pluralismo de crenças; pelos problemas urbanos agravados pela crise climática e pela expansão do crime organizado.

Assim, para escapar ao gueto brâmane, o PT terá de ir além de repetir o discurso que lhe garantiu vitórias passadas.


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